21. "Você viria comigo?"

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   Os dois caminharam pelo pequeno corredor do bloco Baker, tiveram sorte de pegar um elevador vazio, mas permaneciam calados apenas se entreolhando rapidamente em alguns intervalos de tempo. Assim que chegaram no térreo, Sherlock estendeu seu braço esquerdo indicando passagem para Molly, que olhou rapidamente para o moreno lhe mostrando um pequeno sorriso e com a mesma velocidade abaixou a cabeça e seguiu para a portaria.

   – Está tentando não olhar para meu rosto? – Sherlock foi direto com a pergunta, provocando um certo espanto da parte de Molly.

   – Não. – A garota falou quase que rindo e já sentindo a temperatura de suas bochechas aumentarem. – É que...

   – Você está sem jeito. – Sherlock a interrompeu.

   – O que?

  –  Está nervosa, ansiosa, repleta de sentimentos e pensamentos. – O moreno se aproximou de Molly, que agora havia tomado coragem para olhar aqueles enormes olhos azuis. – Não fique assim. – Pega em suas mãos e a pressiona contra as suas. – Se não, não vamos conseguir aproveitar a noite como o programado.

   Molly riu e assim como ela, Sherlock mostrou um de seus melhores sorrisos, o que fez sua confiança voltar totalmente e se sentir segura de tudo que a rodeava. Aquele sorriso era capaz de amolecer qualquer pessoa, e era por aquele sorriso que Molly tanto lutara e almejava para tê-lo só para si. Por mais que sua vida sempre estivesse em risco estando ao lado de Sherlock, ao mesmo tempo sabia que ele estaria sempre ali para protegê-la e tinha a liberdade para fazer o que quiser, tudo ao lado daquele detetive era possível, pelo menos, era o que pensava.

   – Então senhor Holmes. – Molly o encara com tom de gozação. – Para onde exatamente está me levando? Ouvi John falar algo sobre teatro.

   – Por isso que não dá para contar nada para John. – Sherlock falou em um tom baixo e frustrado, mas Molly acabou escutando.

   – Não culpe John. Afinal de contas eu ainda não sei para onde vamos Sherlock. – Molly o encarava, agora tentando ficar séria, o que era quase impossível na presença do moreno. – E se nós formos ao teatro eu vou amar.

   – Então você gosta de teatro? – Sherlock se afastou, ganhando mais espaço para analisar melhor o rosto da garota.

    – Adoro. – Seu tom de voz era alegre e toda aquela vergonha que estava estampada em seu rosto no início desaparecera. – Quando era pequena, adorava frequentar peças, mas meu pai dizia que isso era uma coisa ridícula e só me traria perda de tempo. – Sua voz  ficou embargada.–  Ele era muito rígido, tinha suas próprias respostas na ponta da língua, não queria que ninguém se preocupasse com ele. – Uma lágrima percorreu sua face.  – Me mantive longe das artes e permaneci focada na medicina.  – Mais lágrimas ameaçaram cair, pequenos soluços podiam ser ouvidos, a saudade do pai lhe envolvia de tal forma que era impossível conter a emoção.

    Imediatamente Sherlock enlaçou a garota em um forte abraço, fazendo com que quase todo seu corpo ficasse coberto pelo enorme corpo do moreno, que jamais pensara se comover daquele jeito com a história de alguém, já vivera diversas aventuras, ouvira histórias, casos entre outras coisas mais, mas tudo que vinha de Molly era diferente, realmente se importava com a garota e vê-la chorando era como um tiro em seu coração.

   Permaneceram alguns minutos parados no meio na sala da recepção abraçados, Molly envolta nos enormes braços do detetive, como ela precisava daquele abraço, a muito tempo não era abraçada daquela forma. O calor de Sherlock inundava seu corpo e o perfume ficava cada vez mais nítido em sua memória. Sherlock sentia as lágrimas da garota escorrerem por seu pescoço e os fios de cabelo castanhos roçarem suas bochechas.

O Mistério está em SampaOnde histórias criam vida. Descubra agora