Capítulo 1.

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Dou mais uma olhada no espelho. Meu cabelo ruivo e longo agora está totalmente preso em um coque. Coloco delicadamente o micro ponto espião dentro de um dos meus ouvidos, preciso me acostumar com o tamanho disso. Ajusto meu cabelo novamente, colocando uma parte por cima da orelha. Por mais que o aparelho que eu esteja usando seja quase imperceptível, não posso arriscar logo agora. Por último, coloco o pequeno microfone entre a blusa branca, tomando todo o cuidado para que ninguém o perceba. Passo as mãos no meu uniforme preto e branco, dando uma leve sacudida. Finalizo adicionando um batom de cor leve, quanto menos atenção chamar, melhor.

- Você pode fazer isso, Sam. – Digo a mim mesma, encarando-me no espelho.

Deixo o mini quarto e vou até a cozinha onde estão supostamente os meus ''colegas de trabalho''. Ao entrar, reconheço apenas um rosto e sigo até a bancada de alumínio onde as bandejas me esperam. O responsável pelo buffet nos dá as últimas instruções. Fico encarregada de servir as bebidas e um pouco da minha confiança de minutos atrás se vai. Sou um desastre com esse tipo de coisa, o risco dessas bebidas acabarem sendo derrubas no momento em que eu carregá-las será grande.

- Não esqueçam de sorrir. – O homem alto e magro encarregado dos comes e bebes nos fala e eu reviro os olhos.

As portas do salão são abertas para nós e encaro o local cheio de pessoas bem vestidas. As mulheres mais velhas estão usando vestidos mais longos e joias caras por toda parte do corpo. Percebo poucas garotas da minha idade presente, não as culpo, festa de negócios são um saco.

Passo por um grupo de mulheres e as sirvo do melhor champanhe, sempre com o mesmo sorriso estampado no rosto. Estou aqui não faz nem meia hora e as maçãs do meu rosto já estão doloridas.

- Carter. – Alicia fala do outro lado da linha.

- Estou na escuta. – Falo disfarçadamente, sem deixar de admirar as pessoas a minha frente.

- Algum suspeito?

- Tudo limpo até o momento. –Respondo-a confiante.

- Ok. Câmbio, desligo.

- Você pode parar com isso? Sabe que me irrita. – Tento segurar o riso, apesar de estar brava. Odeio essas formalidades que são impostas para nós, Alicia sabe disso, mas mesmo assim faz para provocar-me.

- Tudo bem, estressadinha. Volte ao trabalho. – Ela fala, desligando nossa breve ligação.

Volto toda minha atenção ao grande salão. As poucas garotas que estavam presentes encaravam-me e depois falavam algo umas para as outras

- Adolescentes. – Penso comigo mesma, revirando os olhos.

A bandeja em uma das minhas mãos realmente está pesando, e ficar em pé todo esse tempo sem poder encostar-me em alguma coisa não ajuda muito. Ando o mais devagar possível entre vários grupos de pessoas. Passo direto do grupo de garotas que até agora a pouco, olhavam-me com desdém, elas não podem beber álcool de qualquer maneira.

Caminho em direção a dois homens conversando entre si. Os dois estão vestindo ternos pretos caros e provavelmente, conversando sobre negócios. Viro a bandeja oferecendo-lhe a bebida, mas um deles recusa. Olho para o lado para servi o outro homem e paraliso no mesmo instante. Meus olhos não conseguem acreditar no que está bem diante de mim. Era ele. É ele.

Os dois homens parecem notar o choque em meu rosto. Não era isso que eu estava esperando. As taças em cima da bandeja começam a pesar, sinto que estou prestes a derrubar todo o champanhe no chão e causar uma cena maior. Não posso ficar aqui nem mais um segundo. Rapidamente, caminho até a saída do salão, deixando a bandeja em uma mesa qualquer. Alguns funcionários se assustam com minha atitude, outros apenas continuam a trabalhar como se nada tivesse acontecido.

Desço as escadas o mais rápido possível, quase tropeçando nos meus próprios pés. Meu coração está acelerado e minha respiração desregulada, preciso me acalmar. Avisto o pequeno banheiro dos funcionários e entro, trancando a porta. Vou até a pia e me apoio no mármore com a cabeça abaixada, olhando para o ralo. Levanto a cabeça e encaro-me no espelho. Meu rosto está pálido, como se eu tivesse acabado de ver um fantasma. E eu vi. Um fantasma do meu passado, mas vi. Inspiro profundamente, eu não deveria estar tão afetada, eu sabia que esse dia chegaria. Abro a torneira e jogo água no meu rosto tentando voltar ao normal.

Sinto um barulho e lembro-me que ainda estou com o ponto eletrônico no ouvido. Tento me recompor para agir normal. Eu sei que é Alicia querendo falar sobre o ocorrido de minutos atrás.

- Sam, o que houve? – Mesmo estando longe, posso sentir a preocupação na sua voz. Não contávamos com isso.

- É ele, Alicia. Ele está vivo. – Engulo seco.

Ela sabe exatamente de quem eu estou falando.





Oioi mores! O primeiro capítulo foi um pouco curto, mas juro que os próximos serão mais longos. Espero que gostem da fic!! Não esqueçam de votar e comentar

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