As luzes da boate se mexem conforme as batida da música, que parece que irá explodir os meus ouvidos a qualquer momento. Minha visão turva e embaçada não permite que eu decifre muito bem os rostos a minha volta. Pessoas suadas, dançando como se não houvesse amanhã, ocupam todo o pequeno espaço, e eu me pergunto como vim parar aqui.
Depois de muita luta, consigo passar pelo aglomerado de pessoas e caminho até o bar mais próximo. Ficar sóbria é uma das poucas coisas que eu quero nesse momento.
- O que vai querer? - O barman, do outro lado do balcão, pergunta.
- Vodka. - Respondo, apoiando todo meu peso no balcão.
Não sei exatamente como vim parar aqui, ou onde estou, mas eu sei que não aguentaria nem mais um segundo naquele funeral. Os olhares que as pessoas me davam fazia meu estômago embrulhar de diversas maneiras. Era a terceira vez que eu passava por aquela situação. Era a terceira vez que eu tinha que assistir alguém que eu amava indo embora.
Quando recebi a notícia que Liz não tinha aguentado, eu simplesmente entrei em choque. Lembro de ler em algum lugar que as pessoas sempre lidam com o luto de inúmeras formas, passando até por "estágios". Comigo não foi diferente. Na primeira vez que fui a um funeral, tive que dar adeus a minha mãe. Eu não entendia, naquela época, o que estava acontecendo, só sabia que ela estava muito doente. Então, a tristeza foi o estágio que mais me acompanhou durante os anos. Algumas pessoas também dizem que nós vamos nos acostumando com o tempo, até porque é assim que as coisas são. Mas, nesse momento, não consigo decifrar exatamente o que estou sentindo.
Todos os possíveis estágios do luto me atingem agora, mas o principal, o que mais domina o meu peito e a minha cabeça, é a vingança.
Vincent ganhou novamente. Ele conseguiu tirar de mim mais uma pessoa que eu amava, e foi por isso que fugi assim que Harry se declarou para mim. Quanto mais eu o afasto, mais longe ele fica de acabar como todos os outros.
Pego o copo com o líquido transparente e deixo que a bebida desça queimando na minha garganta. Os olhos verdes de Harry não parecem querer sair da minha mente, por isso, peço ao barman mais um copo de vodka.
Não tive muito tempo para digerir todos os acontecimentos. Parecia que eu tinha ficado presa em um pesadelo por uma semana, e, finalmente, tinha despertado.
- Se eu fosse você iria mais devagar com a bebida. - Uma voz masculina soa perto de mim assim que eu deixo mais um pouco de álcool entrar no meu organismo.
Levanto a cabeça para analisar o homem ao meu lado. Ele é careca, bem mais alto que eu, apesar de estar sentado, forte e musculoso, com algumas tatuagens bregas cobrindo quase todo o seu braço.
- E quem é você para me dizer o que ou não fazer? - Encaro o homem ao meu lado, sem nenhum medo dentro de mim.
A bebida ás vezes nos deixa mais valente do que realmente somos.
- Prazer, Lance. - Ele estende a mão na minha direção, mas eu apenas franzo o cenho e o ignoro.
- Certo, Lance. - Encaro-o, desconfiada. - Obrigada pela dica, mas acho que conheço os meus limites.
Ele ergue as mãos em rendição, e eu reviro os olhos.
- Só estava querendo ajudar. Muitos caras se aproveitam das mulheres aqui.
- Obrigada, mas eu sei como me defender. - Retruco, impaciente.
Ele sorri debochado, e eu bebo um último gole de vodka, retirando, logo em seguida, uma nota de cem libras do bolso, jogando-a no balcão.
Caminho em direção a saída do bar, um lugar mais afastado do que a entrada. Eu não quero voltar para casa, mas ficar naquele lugar não estava me fazendo bem. Talvez eu ainda possa consertar as coisas com Harry, dizer o que realmente sinto, e pedir desculpas por ignorar a sua declaração.
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Adrenaline | H.S
FanfictionApós um trágico acontecimento que muda totalmente sua vida, Samantha Carter, em busca de vingança, entra em uma agência secreta para melhorar suas habilidades. Eventualmente, conhece Harry Styles, um agente transferido que fará parte da sua vida. S...