Capítulo 2.

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Dois anos atrás.

- Não, Samantha. Chega de festas por um bom tempo. - Meu pai diz em um tom duro.

- Pai, eu juro. Dessa vez eu chegarei no horário. - Faço a cara mais fofa que consigo para tentar convencê-lo, sempre funciona.

- Você disse isso da última vez. - Ele revira os olhos, bravo. Parece que terei que fazer algo melhor do que minha carinha de cachorro abandonado.

- Eu volto ás dez, prometo. - Pego minha bolsa no balcão e aproximo-me dele para dar-lhe um beijo na bochecha, mas dessa vez, ele me para.

- Não. Você precisa aprender a ter limites Samantha, começando por agora. - Seu tom é mais duro e eu não consigo acreditar nas palavras que saem da sua boca.

- Está de castigo. - Ele acrescenta e meu rosto cai. Ele realmente está me dizendo isso?

Encaro-o com raiva e subo as escadas em direção ao meu quarto.

- Se a mamãe estivesse aqui ela não deixaria você tirar minha liberdade. - Grito. Mesmo que eu não possa ver sua expressão, sei que agora ele está mais chateado do que antes.

Entro no meu quarto e bato a porta com toda força, esperando que ele ouça. Finalmente sou convidada para algo com as pessoas do último ano e não consigo ir. Ser convidado para uma festa dos estudantes do terceiro ano eleva o nível de popularidade de qualquer pessoa, principalmente de pessoas do segundo ano, como eu. Jogo-me na cama e pego o travesseiro mais próximo que encontro, pressiono-o contra meu rosto e grito o mais alto que posso. Se não posso sair de casa, pelo menos tenho o direito de gritar.

Pego o celular da minha bolsa e abro o instagram. Se já não é tortura o suficiente não ir á um lugar que você quer muito, olhar pessoas se divertindo na sua ausência piora mais ainda a situação. Reviro os olhos e bufo. Preciso dar um jeito de sair dessa casa.

Disco o número da Alex no meu celular e espero que ela atenda. No terceiro toque, consigo ouvir sua voz.

- Sam? Onde você está? - Ela praticamente grita no meu ouvido por conta do som alto da festa.

- Em casa. - Bufo.

-  O que? Você não vem?

- Basicamente meu pai achou que esse era o melhor dia para me colocar de castigo. - Reviro os olhos.

- Não acredito que você não vem, essa é a melhor festa que já fui e olha que só está no começo.- Alex continua gritando do outro lado do telefone. ­

- Obrigada, você está ajudando bastante. - Digo irritada com minha amiga e a mesma parece se arrepender das palavras ditas.

- O que vai fazer?

- Bom, posso passar o resto da noite assistindo um filme e tomando sorvete, ou..- Meus olhos param na janela do meu quarto. - Acabei de ter uma ideia. - Falo animada e Alex parece prestar atenção. - Preciso que me encontre na esquina da minha rua o mais rápido possível, vou pular a janela.

- Você o que?! - Alex praticamente grita no meu ouvido e posso jurar que estou perto de perder a audição.

- Vou pular a janela, não é tão alta. Me encontre no fim da rua. - Falo enquanto pego a bolsa ao meu lado. - Vê se não demora. - Acrescento e termino a ligação.

Vou até meu espelho, pego o batom que coloquei horas atrás e adiciono mais uma camada. Ligo a TV e escolho um filme qualquer para ficar passando enquanto estou fora. Tranco a porta, mas mesmo assim faço o velho truque dos travesseiros e lençóis, nunca pensei que teria que fazer isso, mas é necessário.

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