Capítulo 7.

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Abro os olhos e não vejo nada além de escuridão. Olho para os lados a procura do meu celular para checar as horas, mas não o encontro. Ouço um barulho forte vindo da sala, porém não consigo identificar o que seja. Levanto-me da cama e esfrego os olhos na tentativa de enxergar algo, mas é em vão. Caminho em passos calmos e cuidadosos até a porta e abro-a sem fazer barulho. Escuto sons de vidros serem quebrados e meu coração acelera. Fecho os olhos e suspiro, tentando recuperar o pouco da coragem que ainda me resta.

As luzes no final do corredor estão fracas e piscam á todo momento. É como se eu estivesse em um desses filmes de terror e um monstro assustador fosse aparecer a qualquer instante. Engulo seco, caminhando até o final do corredor com meu coração acelerado e quase saindo pela boca. Encontro a escada e desço. A sala está mais iluminada, tudo parece estar perfeitamente normal. Olho para os lados, na esperança de encontrar alguém, mas não ouço ou vejo mais nada.

- Pai? - Me arrisco a gritar.

- Sam? O que está fazendo acordada essa hora? - Vejo alguém se levantar do sofá e solto um suspiro aliviado ao ver que é apenas meu pai.

- Pensei ter ouvido algo.

- Você está bem? - Ele me olha um tanto preocupado.

- Sim. Não foi nada de mais. - Sorrio, me aproximando dele para um abraço. - Boa noite.

Solto-me dos seus braços e encaro seu rosto. Sua expressão havia mudado, é como se houvesse um fantasma na sua frente. Me viro confusa, olhando na mesma direção que ele, porém não vejo nada.

Encaro meu pai novamente, meus olhos confusos descem até sua roupa agora manchada por um ponto avermelhado, que se espalha pelo seu peito. Olho para as minhas mãos totalmente cobertas de sangue que não sei de onde surgiu. Minha visão começa a ficar turva, meu coração bate tão forte que acho que está prestes a explodir. Vejo meu pai cair no chão gelado, quase que em câmera lenta e tento segurá-lo, mas meus pés parecem estar presos ao chão. Entro em desespero, preciso chamar ajuda.

- Pai? - É a única palavra que consegue sair da minha boca nesse momento.

Uma mão áspera envolve meu pescoço de repente, o apertando com força. Coloco minhas duas mãos em volta da minha garganta, tentando sair do sufoco e absorver o pouco de ar que ainda me resta. Lágrimas rolam pelo meu rosto, acho que meu destino será o mesmo que o do homem deitado á minha frente.

O rosto se aproxima do meu ouvido e sussurra:

- Você é a próxima.


Levanto da cama assustada, com a respiração ofegante. Acendo a luz do pequeno abajur ao meu lado e olho para os lados, tudo está normal. Os lençóis da cama e minha testa estão molhados devido ao suor.

Vou até o banheiro e paro na frente do espelho, meu rosto está pálido, meus lábios sem cor. Abro a torneira, jogando a água gelada na minha pele. Foi só mais um pesadelo.

Suspiro, fechando os olhos por alguns segundos.

A casa é diferente, as paredes e os móveis também, porém minha mente ainda insiste em reviver aquele dia em diferentes maneiras. Frequentei psicólogos por um tempo, desisti depois tantos métodos falharem, nada conseguia retirar a culpa do meu peito, nada conseguia tirar da minha cabeça a imagem do meu pai deitado no chão ensanguentado. Levei alguns meses para perceber que a única solução para me livrar desse tormento seria acabar com o homem que havia destruído a minha vida. E nada nem ninguém me faria parar.

Visto uma roupa qualquer e desço as escadas devagar, tentando não fazer barulho, não preciso de mais questionamentos a essa hora da noite. Saio de casa, indo até a garagem á procura do meu carro. Entro no veículo, ligo o som no volume mais alto possível, coloco a chave na ignição e dou partida. Não sei para onde vou, mas não irei ficar nessa casa nem mais um minuto.


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