Minha primeira missão fora por água abaixo, disso eu não tinha dúvidas. O homem ao qual eu procurava incansavelmente por dois anos, estava ali diante de mim, e eu não pude fazer nada. Depois do meu primeiro, e espero que último, fiasco, fui chamada na agência. Me preparei psicologicamente para o sermão que com toda certeza, eu levaria.
- Sente-se. - Meu chefe fala, apontando para a cadeira na frente da sua mesa, apenas obedeço.
- Bill, eu posso explicar..- Tento falar, mas ele interrompe-me.
- Não, Samantha. Você está aqui para ouvir apenas a mim. - Seu tom é autoritário como de costume. Apoio minhas costas na cadeira, essa será uma longa conversa.
- Foi sua primeira missão e você quase conseguiu arruiná-la. - Ele continua em pé.
Apesar de ser meu tio, Bill era o dono da corporação e, consequentemente, meu chefe.
- Eu sabia que você não estava pronta. - Ele põe a mão na testa e balança a cabeça negativamente.
- Bill.. - Falo, mas ele ergue o dedo e eu calo.
- Onde estava com a cabeça? Poderia ter arruinado toda a missão.
Dessa vez, ele me permite falar e o agradeço.
- Eu sei disso, e eu sinto muito. Não estava esperando por tudo aquilo.
- Se quer continuar nesse ramo, tem que estar preparada para tudo Samantha.
Levanto-me da cadeira e o olho incrédula. Ele não pode estar falando sério.
- Você queria mesmo que eu me controlasse ao ver o homem que matou o meu pai na minha frente? Ninguém tem esse nível de controle.
- Não só comprometeu seu disfarce, mas também o dos outros. Isso não é somente sobre você, Samantha. - Seu tom de voz aumenta.
- Ele estava desaparecido há dois anos Bill! Achávamos que ele estava morto e ontem ele aparece na minha frente. - Minha voz sai quase como um grito. – Sabe o quanto esperei por isso, sabe o quanto trabalhei duro para estar onde estou.
- Eu não pensei como seu chefe, pensei como seu tio. Não está forte o suficiente para encarar isso.
Meus ombros caem e já não estou mais a sua frente impondo minha presença. Ele não pode estar falando isso, não para mim. Comigo a situação sempre fora mais complicada do que com os outros agentes. Por ser meu tio, as vezes Bill deixa se levar pelas emoções. Posso ver o seu olhar preocupado, ele não queria que nada acontecesse comigo, mas suas palavras me machucaram. Ele sabe o quanto lutei para estar onde estou, sabe o quanto foi difícil superar tudo. Passaram-se apenas dois anos.
- Tio, sei que ficou preocupado, mas precisa entender meu lado. Isso é importante para mim.- Apelo para o seu lado emocional, é uma das fraquezas dele. – Precisa me dar uma segunda chance. - Imploro.
Bill me encara por alguns instantes, porém não consigo decifrar sua expressão. Depois da morte do meu pai, ele ficou responsável por mim e não se perdoaria se algo acontecesse comigo.
- Preciso pensar, Samantha. Não estou em uma posição fácil aqui. - Ele suspira e vira-se para a grande janela de vidro.
- Tudo bem. Voltarei ao meu treinamento. - Digo e caminho até a porta, mas ele me para.
- Não. Até eu tomar uma decisão, seus treinos estão suspensos. Quero que volte para casa. -Exige e eu olho desacreditada.
- Não pode fazer isso. - Praticamente grito.
- Não só posso, como acabei de fazer. Não pode sair de casa até eu decidir a sua situação. - Ele me olha seriamente. Agora sei ele está agindo com a razão.
Bato a porta do escritório o mais forte que consigo. Todos os outros olham para mim e tento manter a calma para não fazer uma cena maior na frente de todos. Mesmo depois de quase dois anos, ainda não aprendi a controlar todas as minhas emoções.
Saio da agência e vou até a garagem onde está estacionado meu carro. Entro no veículo furiosa. Solto todo o ar que estava guardando e bato as mãos no volante com toda força que consigo. Isso não é justo. Sei que quase estraguei tudo, mas mereço uma segunda chance. Todo o meu esforço esses meses não valeram de nada? Jogo a cabeça para trás, encosto-a no banco e fecho os olhos.
- Desculpa, pai. - Digo para mim mesma.
Aqui sozinha nesse caro, ninguém poderia me ouvir ou julgar-me. Tudo mudou depois que meu pai morrera. Não sou mais aquela Samantha de dois anos atrás. Uma parte de mim morreu junto com ele naquele dia. Permito a mim mesma fazer algo que eu não fazia há muito tempo, e choro. Lágrimas de decepção rolam no meu rosto e um peso parece que foi tirado dos meus ombros.
Depois de algum tempo lamentando minha situação, mexo no retrovisor e olho para a meus olhos vermelhos. Não posso ser fraca, não agora. Limpo meus olhos rapidamente. Era exatamente disso que Bill estava falando. Preciso deixar as emoções de lado, se eu continuar levando tudo para o lado emotivo nunca serei uma agente respeitada.
Coloco a chave na ignição e dou partida. Faço o que me foi mandado e vou para casa.
Quase duas semanas se passaram e minha mente está a me deixar louca de ansiedade. Preciso de respostas, mas sei que se eu pressionar Bill as coisas não ficarão melhores. Apesar de estar chateada com sua desconfiança, tento agir normal. Nos jantares, diálogos secos e respostas curtas eram dadas por nós dois. Mesmo que eu entenda seu lado, nossa conversa me machucou. Ele agiu exatamente como meu pai agia e isso torturava minha mente.
Após horas na academia treinando e tentando distrair minha mente, subo para o meu quarto e tomo um rápido banho. Não aguento mais essa situação. Coloco uma roupa qualquer e decido ir até a agência obter respostas. Uma das qualidades que herdei da minha mãe é ser bastante insistente quando quero alguma coisa e fazer de tudo até conseguir.
- Não ouvi você bater. - Bil fala surpreso ao me ver no seu escritório.
- É porque não bati. - Meu tom é sério e ele já sabe o porque da minha visita inesperada.
- Samantha, por favor..- Tenta falar mas o interrompo.
- Não. Dessa vez, você é quem irá me escutar. - Ele cede, deixando os papéis que estavam nas suas mãos na mesa. – Sei que quase arruinei a missão e que quase estraguei o disfarce, mas trabalhei duro para estar aqui, não pode tirar a única coisa que me mantém sã. Tive que aguentar muito só pelo fato de ser sua sobrinha, os comentários, tudo. Mereço continuar aqui como qualquer outra pessoa. - Falo de uma vez e ele me escuta atentamente.
- Não irei tirar você da agência, Samantha. - Finalmente fala e meu peito alivia. – Assim como qualquer outra pessoa, você cometeu um erro. Sei de todo o seu esforço.
- Mas? - Pergunto, sei que ele ainda não acabou.
- Mas não está pronta ainda para missões desse porte. Precisa de mais treinos e principalmente, aprender a trabalhar em equipe. - Acrescenta.
Por mais difícil que isso seja, tenho que admitir que talvez no fundo ele esteja certo. Talvez eu não estava pronta para uma missão daquele porte.
- Foi por isso que tomei a iniciativa de arranjar-lhe um novo treinador. Ele deve chegar a qualquer momento. - Ele fala e franzo a testa confusa.
Ouvimos a porta bater e alguém entra. Meus olhos param no rapaz alto, de cabelo escuro e meio encaracolado, com algumas tatuagens á mostra espalhadas em seu braço, que agora nos faz companhia na pequena sala. Ele caminha sem dizer uma palavra sequer e para o meu lado, mas não direciona o seu olhar para mim, apenas foca no meu chefe. Olho para Bill com uma expressão confusa.
- Samantha, esse é o Harry. Um dos meus melhores agentes, e agora, seu novo treinador.
Desculpem a demora para postar, minhas aulas voltaram e ainda estou tentando me organizar. Espero que tenham gostado do capítulo!! Comentem e votem par eu saber o que estão achando. ❤
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Adrenaline | H.S
FanfictionApós um trágico acontecimento que muda totalmente sua vida, Samantha Carter, em busca de vingança, entra em uma agência secreta para melhorar suas habilidades. Eventualmente, conhece Harry Styles, um agente transferido que fará parte da sua vida. S...