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Naiara Marques- ON

"Observando o forte azul do céu e as nuvens branquissímas, recordo-me do dia triste que hoje é. Completado, certamente, dez anos e quatro meses que ele se foi. Dez anos com um buraco negro e fundo no meu coração, que a cada dia se recusa em abrir. Minha alma está ocupada por um sentimento de CULPA e outro chamado tristeza. As viagens que eu tivera feito; os trabalhos concluídos; meus filhos já crescidos; enquanto ele está lá. Sem querer saber sobre mim e nem olhar na minha cara. Mas como se encarar uma pessoa que, praticamente, jogou-te lá dentro de bandeja...?

xXx: Mãe. - Olho para a porta e Emma estava encostada na mesma mexendo as mãos. - A senhora está aí desde das quatro da manhã. - Suspiro. - Por que não vai descansar?

Naiara: Não preciso descansar. - Fecho o pequeno caderninho e tampo minha caneta preferida de cor preta. - Já está na hora de ir?

Emma: Sim. São quinze pras sete! - Assinto com a cabeça e me levanto.

Naiara: Vou ir no banheiro e já estamos indo...

Emma: Mãe. - Olho para a mesma. - A senhora sabe que... ele não iria gostar de te ver assim, né?

Com tanto pouco tempo de sobrevivência, ela conhecia o pai tão bem. Guardava memórias incríveis dele e, por mais que estivesse na vida errada, o amava do fundo do seu grandioso coração.

Encarei a parede pensando na sua pergunta e meus olhos se fixaram no quadro que tinha ali. Nós dois, final de ano na casa da Alexia, sorrindo e abraçados da forma mais carinhosa e bonita já vista por mim durante esses anos. Soltei um suspiro pesado - por causa da imensa vontade de chorar -, e coçei meu braço esquerdo com a ponta das unhas maltratadas e sem vida.

Naiara: Conhecendo bem o seu pai. - Tornei-me a encarar a mesma. - Ele ia querer ver o sorriso de todos. O dia inteiro!

Emma: Então, sorria. - Parou na minha frente e pegou nos meus braços. - Seja aquela mulher sorridente que foi naquele orfanato atrás de uma criança pra poder realizar o seu sonho. Aquela mulher que, depois de tudo que aconteceu, ensinou eu e meu irmão a sermos pessoas felizes e nunca deixarmos a tristeza tomar conta da nossa alma. - Suspirei. - Aquela mulher que ia para o salão de duas em duas semanas tratar do cabelo, unhas, pele. Que vivia no SPA com a tia Carol e a tia Evy recebendo massagens nos pés e nas costas. - Ela fez uma pausa. - Seja a mulher que eu admiro até hoje e sonho ser igualzinha a ti! Tenta por mim, pelo Jake e por ele. - Olhou para o quadro. - Simplesmente por ele!

Cada palavra dita por ela foi como um tiro na minha alma para que eu acordasse do meu sonho. Minha pequena Emma, agora uma menina de 16 anos; com sonhos incríveis; um corpo incrível para sua idade; e ótima conselheira.

Naiara: Ok. - A única coisa que eu consegui dizer.

Emma: Esse ok significa "Sim, minha filha, eu vou voltar a ser eu.". - Fez uma voz fina e caímos na risada.

Naiara: Sim. - Acabei sorrindo no final.

Emma: A senhora é forte. - Beijou a minha testa. - Sei que vai conseguir!

Jake: Querem parar de ficarem se beijando por aí? - Olhei por cima do ombro de Emma e arqueei minha sobrancelha para o mesmo. - Temos que ir.

Emma: Você nem gosta de ir pra escola. - Se virou e cruzou os braços. - Está apresado por que?

Jake: Entrou uma novata na escola hoje e quero ver se é gostosa. - Reviro os olhos.

Naiara: Já disse pra você não falar assim das garotas. - Ele bufou. - Sua mãe não deve estar gostando de ver isso!

Vem Comigo 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora