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Carol Vieira- ON

Cláudia: Como foi a viagem?

Carol: Bem. - me sento na ponta da cama. - Cheguei rapidinho e já estou sentindo saudades de Porto Seguro!

Cláudia: Já avisou as suas amigas que está de volta?

Soltei um suspiro em reprovação e abaixei a cabeça. Pensei diversas vezes em mandar mensagem, avisando que logo estaria de volta a trabalho. Mas descartei essa idéia logo.

Carol: Elas estão muito ocupadas no trabalho. Então... - minto. - Não sei se vou conseguir vê-las!

Cláudia: Muito trabalho e muita bebedeira. Uma ótima combinação, não acha? - sorrio de lado.

Carol: Talvez. - bocejo. - Bom, vou desligar.

Cláudia: Te amo, minha filha. Até depois

Carol: Até! - encerro a ligação e fico encarando a tela do celular por um tempo.

A foto de fundo continuava a ser a nossa primeira foto. Na festa de Aniversário da tia Bárbara, há anos atrás.
Não tive coragem de trocar. Sempre que eu olhava ela, pensava no motivo que segui em frente e na minha felicidade.

Antes que eu pudessa fazer qualquer movimento, meu celular começou a tocar e o nome "Evellyn Piranha" tomou conta da tela.
Atendi sem menos.

Carol: Alô...

Evellyn: Oi Carol. Sei que prometi não te ligar enquanto estivesse vivendo sua vida, mas.... é muito urgente. - falou, com a voz embargada.

Carol: O quê aconteceu? Você estava chorando?

Evellyn: O Marcos... ele... ele foi participar da invasão no morro do LM e acabou levando um tiro e... os médicos disseram que ele pode morrer há qualquer instante. - chorou. - Eu queria tanto que você estivesse aqui!

Carol: Aonde ele está?

Evellyn: No postinho do Alemão.

Carol: Não vou te abandonar agora. Me espere, estou chegando! - encerrei a ligação, peguei minha bolsa e sai do quarto do hotel correndo.

[...]

Durante o caminho, meu único pensamento era: como as coisas mudaram desde do mês em que fui embora. Já passaram alguns meses que resolvi seguir minha vida e deixei tudo para trás.
Meus filhos quiseram ficar por aqui, no verdadeiro lugar deles e eu respeitei essa decisão. É muito difícil abandonar o lugar de origem.

Christopher mantia contato comigo todos os dias. Contando tudo que estava acontecendo no Rio e me atualizando na sua "nova" vida.
Sara me ligava de vez em quando, dizendo que estava com saudades e não via a hora de me encontrar.

De tanto que fiquei pensando, nem percebi as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e o motorista me chamando.

Carol: Oi... me desculpe. Já chegamos?

Motorista: Sim. - abriu a porta para mim.

Peguei a minha bolsa e desci.

O Alemão estava diferente da última vez que vi. Nunca vi tanta gritaria e dor em cada canto desse morro. Mulheres e mais mulheres chorando nos cantos e sendo amparadas por parentes ou amigos. Outras até chorando sozinhas mesmo.
Eram corpos totalmente furados no chão, todos ensaguentados e as paredes cobertas de sangue.

Carol: Meu Deus. O quê aconteceu aqui? - perguntei, ficando assustada.

xXx: Carol? - olhei para trás e levei um susto, ao ver Paloma numa cadeira de rodas.

Vem Comigo 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora