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Sem Honors Option{3} para mim, não este ano. Estou em Literatura Mundial Contemporânea, Ciências Sociais 12 - O Holocausto, Física, Trigonometria (de novo), e almoço. Sem educação física, graças ao bilhete mágico da Dra. Parker. Há asteriscos ao lado de meu nome e notas de rodapé explicando a situação.

... Quando eu era uma garota de verdade, minha mãe me alimentava com seus sonhos de vidro, uma colherada por vez. Harvard. Yale. Princeton. Duke. Graduação. Escola de Medicina. Estágio. Residência. Deus. Ela escovava meus cabelos e os trançava com longas palavras, tecendo raízes e ramos de Latim e Grego em minha cabeça assim memorizar a anatomia seria fácil. ["Mamãe"] Dra. Marrigan ficou furiosa quando a orientadora me expulsou de Honors e me deixou cair para College Track. A orientadora sugeriu que eu estava planejando ir para a faculdade de meu pai, porque eles tinham que me deixar entrar. Taxa escolar grátis para crianças da faculdade, ela nos lembrou.

Fiquei aliviada.

Naquela noite, Dra. Marrigan disse que eu era muito inteligente para ser uma preguiçosa criança da faculdade. Ela queria que eu fizesse testes privados, para provar que eu era brilhante e que a escola não estava de encontro com minhas necessidades. Mas, então, eu estraguei tudo novamente e eles me trancaram de volta no hospital e quando eu saí, mudei todas as regras.

Eu costumava fantasiar sobre fazer o teste da Mensa{4} para provar que eu não era uma perdedora total. Talvez eu fechasse a prova numa sorte de gênio. Eu faria cem mil fotocópias do resultado do teste, os colaria nas paredes da casa da minha mãe, pegaria uma balde de tinta vermelha e um grosso pincel e escreveria HA!, um milhão de vezes.

Mas, havia uma boa chance de eu reprovar. Eu realmente não quero saber.

O alarme soa. Alunos caminham de sala em sala. Os professores nos prendem à nossas cadeiras e despejam mundos em nossos ouvidos. As sombras são puxadas e as luzes estão desligadas no laboratório de física para que possamos assistir a um filme sobre a velocidade da luz e a velocidade do som e algum outro lixo que não interessa. Fantasmas esperam nas sombras da sala, tremeluzindo devagar. Os outros podem vê-los também, eu sei. Todos têm medo de falar sobre o que nos encaram do escuro.

Ondas de partículas físicas fluem através da sala.

Ela me ligou 33 vezes.

Um fantasma me envolve, passa a mão em meus cabelos e me coloca para dormir.

O alarme soa. Meus colegas de classe pegam seus livros e correm para a porta. Eu babei na mesa.

Meu professor de física (qual o nome dele?) faz uma carranca para mim. Quando ele respira por sua boca aberta, eu sinto cheiro da espuma que ele usou à noite que cobre sua língua e dos ovos que ele favoravelmente comeu no café da manhã. —Está planejando ficar o dia todo por aqui? — ele pergunta.

Balanço a cabeça em negativa. Antes que ele tente ser espirituoso novamente, eu pego meus livros e me levanto. Rápido demais. O chão tenta me puxar para baixo, o rosto primeiro, mas meu professor com cheiro de espuma está observando, então, eu me mantenho forte o suficiente para flutuar, estrelas nadando em meus olhos. 20.21.22.23.24.25.26.27.28.29.30.31.32.33.

1.2.3.4.5.6.7.8.9.10.11.12.13.14.15.16.17.18.19.

— Garota morta passando, — os garotos dizem nos corredores.

— Diga-nos seu segredo, — as garotas sussurram, de um banheiro para outro.

Eu sou aquela garota.

Eu sou o espaço entre minhas pernas, a luz do dia brilhando através.

Eu sou a assistente de biblioteca que se esconde em fantasia.

A garota de vidroOnde histórias criam vida. Descubra agora