10:00 a.m. - apartamento 201
Richie acordou esfregando os olhos, tateou o chão a procura dos óculos e os colocou no rosto. Sentiu o peso da armação escorregar obre o nariz.
April estava deitada sobre seu braço esquerdo - que permanecia imóvel e dormente - e envolvia seu tronco magro e não muito masculino com as mãos espalmadas. Ele cuidava para não acorda-la.
Sol entrava pela janela e cobria o chão com seu tom amarelado fervente. No ar, cheiro de mofo e suor seco. Pedaços de coisas, roupas pelo chão, o sabor que guardava na boca... Tudo lembrava a noite anterior.
April se moveu. O peso do corpo dela caiu mais sobre o dele. Cabelos escuros e músculos ainda doídos despertavam devagar.
Ela abriu os olhos e ele estava lá, olhando para cima e pensando em qualquer coisa.- Bom dia - ela tocou de leve nos cabelos cacheados dele, com os dedos desenhando imaginariamente linhas onduladas.
- Bom dia - ele respondeu, desviando o olhar para ela e a beijando.
Ele alcançou sua calça, que estava a um metro de distância e a vestiu por baixo dos lençóis. Tirou de dentro do bolso um cigarro meio dobrado e do outro o isqueiro que havia comprado. O acendeu e tragou. Soltou fumaça branca por entre a falha que tinha nos dentes de cima desde pequeno. Infestou o ar com cheiro sufocante, e deixou aquela sensação invadir seu corpo; seus pulmões.
Ela ainda brincava com os cabelos dele e o observava. Era lindo simplesmente do jeito que era.- Ei - ele disse, ainda com o cigarro entre os dentes - Que horas são? - pegou o telefone e analisou a tela de bloqueio.
April levantava.
Dez horas e meia da manhã e Will ainda não havia voltado para casa. "Eu sabia" ele pensou, e riu baixinho.
Ela estava de pé, vestindo a saia pelas pernas. Ele deitado, a fitava.- O que foi?! - ela riu e jogou um travesseiro em cima dele. Tinha o dorso nú e apenas os seios cobertos.
- Nada - gritou ele em resposta, esfregando o cotovelo que havia acabado de ser atingido, fingindo dor.
Se levantou sorrindo e foi até ela, que ameaçou jogar outro travesseiro. Richie recuou com os braços erguidos como se pedisse trégua.
- Ok - ela disse, terminando de vestir a blusa um tempo depois - Eu vou descer - o beijou rapidamente, segurando sua mão.
- Porqueee? - ele perguntou, com uma expressão dolorosa.
- Spencer já deve estar preocupada - ela ameaçava soltar a mão dele, e colocava a bolsa sobre o ombro.
- Eu não quero sugerir nada - ele disse, amassando o cotoco do cigarro entre os dedos - mas acho que ela não deve estar sentindo a sua falta. Nem Will a minha.
- Eu conheço a Spencer - ela olhou pra ele com um olhar desafiador - Não deve ter rolado nada.
- Se dependesse do Will também não teria. Mas ele ainda não chegou em casa, e são... - olhou de novo o horário no telefone - Dez e trinta e oito.
- Ok. Então... Vamos fazer uma aposta - ela propôs, segurando as duas mãos dele e dando um passo a frente - se não tiver rolado nada, eu ganho...
- Mas se chegarmos lá e os dois estiverem nús no sofá da sala... - ele a interrompeu.
- Daí... - ela aumentou a voz, retomando o que estava dizendo - você ganha, Richard. - colocou as mãos sobre os ombros dele e ergueu uma das sobrancelhas.
- E o que eu ganho? - ele chegou mais perto, sorrindo de canto e já se aproximando da boca dela.
- Bom... Isso vamos ver mais tarde - ela deu as costas e abriu a porta de entrada.
Ele foi atrás, colocando a camisa no caminho e tendo as cinzas do cigarro ainda grudadas entre os dedos.
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Amor em Toronto
RomanceQuando duas adolescentes brasileiras - April e Spencer - de personalidades totalmente diferentes resolvem cursar a universidade no Canadá, conhecem Richie (um garoto rebelde) e Will (o nerd mais bonito do Campus) se apaixonar no campus não é tão fác...