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- Vamos! - Richie disse, se esgueirando pelos corredores de um jeito desajeitado.

- Calma, merda! Correr de saltos altos não é tão fácil... - April revirou os olhos, tentando alcançar o garoto de passos apressados a sua frente.

Ele abriu uma fresta da porta e espiou.

- Vem - segurou a mão dela e a puxou devagar - ele está no quarto.

Foram até a cozinha movidos a um caminhar digno de felinos e despejaram o pote de orégano no lixo orgânico.

- Ah, Aip, eu não sei de onde você tira essas idéias - falou baixinho e bagunçou o cabelo dela.

- Tem mais de onde veio esta - ela riu.

Com todo o orégano fora, colocaram a erva que haviam transformado em quase farelos dentro do pote. Os dois sufocam gritinhos de ânimo e risadas loucas com as mãos sobre a boca.

Um telefone tocou dentro do quarto de Will. Richie deu um salto:

- Merda, o virjem está saindo da toca! Repito: o virjem está saindo da toca! Câmbio - pegou ela pelo braço e correu porta a fora.

Seus corações estavam extremamente acelerados. Pararam no corredor, diante da entrada, trancaram a porta e ouviram Will caminhar pela sala, ir até a cozinha. Cantava alguma música pop idiota que falava sobre amor; April fez uma careta para o mal gosto musical dele.
O som metalizado das panelas se chocando umas contra as outras dentro dos armários recém instalados na cozinha confirmava: ele iria cozinhar. Uma gota de suor terminava de secar depois de ter escorrido por quase todas as costas esquálidas de Richie quando:

- Calma! - April disse, como se tivesse se lembrado de algo que esquecera.

- Eu estou calmo - ele zombou, e ela respondeu com um pisão no pé dele - Ai, Aip, puta merda! Isso doeu!

- Como vamos ter certeza de que ele vai usar o orégano? - ela mordeu o lábio e ignorou o que ele disse.

O garoto de óculos e cabelos escuros cacheados não titubeou na resposta:

- Ele usa orégano em tudo. E não duvide de mim, - ele complementou, percebendo a desconfiança se reproduzir na expressão incômoda da garota parada ao seu lado - conheço aquela criança de um jeito que ninguém mais conhece nesse mundo.

- Eu tenho até medo... - ela arregalou os olhos, fingindo estar apavorada - Nem precisa me contar, obrigada, conheço pornô gay - desviou o olhar que estava mantendo nele até então para o elevador que estava parado no final do corredor. "Será que Spen está em casa?", pensava.

- Opa, você assiste pornô? Vou contar para a sua mãe dessas suas aventuras eróticas.

- Pode deixar. Aproveito e conto pra sua que você usa maconha e perdeu a virgindade no chão do seu apartamento no Campus. - ele fingiu não se importar - Comigo - ela continuou, e ele olhou para ela, mas ainda tinha no rosto um certo descaso, esperou um tempo e deixou escapar por meio dos seus dentes: - E que transamos na sala do diretor.

- Qual é... Isso não é verdade! - ele miou, e ela ergueu uma sobrancelha - Nós nem chegamos nos finalmentes...

Amor em TorontoOnde histórias criam vida. Descubra agora