Já era noite, e o céu escuro tinha nuvens azuladas cobrindo a lua. Spencer estava deitada na cama, coberta por mais de dois cobertores e usando um pijama dos Simpsons. Teen Wolf rodava na tela da televisão, mas ela já havia visto aquele episódio tantas vezes que até sabia as falas.
O telefone estava ao seu lado, enterrado por entre os travesseiros macios e o colchão. Depois de toda aquela confusão com a foto de Will e Penny que estava circulando por aí, ela havia desistido de querer ligar para ele, mas então passou-se um tempo... O telefone continuava ali, e parecia implorar que ela digitasse o nome de Will em seus contatos e esperasse que ele atendesse com a voz juvenil e tímida. Ela tinha saudades daquela voz. Queria ligar, mas faltava coragem.
Então contou até três, com o ar circulando entre os dentes e a boca, lábios secos, palmas das mãos úmidas. Depois de alguns minutos - e diversas vezes retomando a contagem, criando coragem -, Spencer finalmente conseguiu tomar iniciativa. E o som rouco e robótico ecoou, rondou pelo seu corpo. Ela o ouviu se repetir milhões de vezes e então...
"O número para o qual você ligou não está disponível no momento. Deixe seu recado após o sinal"
Botão vermelho. Tela bloqueada. "Eu sabia que ele não ia atender".***
- Will?
Duas horas depois, ela subiu as escadas e bateu na porta do apartamento dele. Não se deu ao trabalho de trocar de roupa, e ainda estava enrolada nos cobertores, esperando no corredor gelado.
Ouviu os passos dele. Estavam estranhos e descompassados, pareciam mais um bêbado dançando sapateado indo em direção a ela. Spencer recuou um pouco e então a porta abriu. Não estava trancada.
Por entre uma fresta saiu uma mão, depois um braço. E então ele apareceu. Tinha uma panela em uma das mãos e os olhos saltados, além de riso frouxo. Assim que a viu a abraçou forte:- Ah, Spen... Eu te amo. Os peitos da Penny não. Ele não são você. Eu te amo. Você. - ele disse, sem olhar para ela.
- Will o que...
- Shhh - ele interrompeu, tapando a boca dela e a puxando para dentro do apartamento - Agora não.
- Que cheiro é esse? - ela se aproximou dele e sentiu um cheiro estranho vindo da sua pele ou da roupa que vestia. Ela já tinha sentido esse odor antes, mas não lembrava onde.
- Vem, vamos dançar! - ele batia os joelhos uns contra os outros em um ritmo de alguma música que talvez não existisse.
- Não, Will. Eu não quero dançar! - ela disse, com a voz firme e os olhos fixados nele de forma veemente - Precisamos conversar... Agora - se sentou no sofá e esperou que ele parasse ao seu lado.
- Ah, Spen, você é tão linda... - ele passou a mão pelas bochechas dela no que era para ser um gesto delicado, mas acabou como um levemente dolorido tapa. Ela corou.
- V-você bebeu? - ela franziu a testa, em um misto de decepção e nojo - Will, você bebeu?! - ele olhava para ela com um sorriso escapando pelos lábios. A garota estava realmente preocupada. Não esperava isso dele em nenhuma hipótese.
- Claro que não, Spen. Esqueceu que eu não bebo?! Hahaha - ele gargalhou, colocando as mãos sobre a barriga e levantando o rosto para cima com a bocarra aberta.
E então algo se encaixou na cabeça dela, como uma peça solta voltando para o lugar. Ela sabia de onde vinha aquilo:
- Ei, eu conheço... Espera! Eu conheço esse cheiro! - Spencer levantou, parou de pé diante dele - Will! VOCÊ FUMOU MACONHA?!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor em Toronto
RomanceQuando duas adolescentes brasileiras - April e Spencer - de personalidades totalmente diferentes resolvem cursar a universidade no Canadá, conhecem Richie (um garoto rebelde) e Will (o nerd mais bonito do Campus) se apaixonar no campus não é tão fác...