Guardei para mim

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Cheguei em casa e lembrei que Cristina e Alex estavam em plantão, Amelia que havia passado o dia com os sobrinhos estava saindo pois havia sido chamada no hospital.

Demos um forte abraço e ela saiu.

Subi para o quarto das crianças, fui recebida com abraços, sorrisos e muito carinho. Ah, como aquilo era gostoso ♡

- Mamãe, mamãe. Sabia que a gente viu o papai hoje?? - disse Bailey todo sorridente.

Não soube como reagir, apenas sorri e mostrei felicidade por eles estarem felizes.

- É mesmo meu amor? E como foi? - disse em meio a um sorriso torto.

- Ele nos deu muitos presentes e nos levou no parque! - disse Zola toda sorridente.

Eu apenas assenti e sorri como resposta.

Estava feliz por ver que Zola não estava mais preocupada com o fato de que o pai pudesse deixar de ama-la.

Coloquei eles na cama e fui descansar.

Resolvi que não contaria o acontecido para ninguém, guardaria para mim todos os meus pensamentos, sentimentos e acontecimentos.

Eu me proibo de ficar mal.

Fiz tudo que pude, na verdade eu fiz até mais do que estava ao meu alcance. Não posso forçar ele a nada, não posso prende-lo a mim.
Só sei que não irei ficar mal, EU ME PROIBO, não vou me corroer desse jeito sabendo que ele nem liga mais para mim e está bem sozinho.
 
Se ele pode eu também posso! Você consegue Meredith, você consegue!

De olhos fechados dizia isso para mim mesma em pensamentos.

Cristina chegou interrompendo os meus pensamentos.

- Oi Mer, eu está melhor? Eu não sei o que houve mas parece que tem a ver com Derek. - olhei para ela com olhar de "como você adivinhou". - Olha, eu só posso te dizer que eu te amo demais e vou sempre estar aqui, sou sua pessoa, pode contar sempre comigo. E você tem duas opções, chorar por ele ter ido embora, ou comemorar por ser a mulher maravilhosa que ele perdeu. - disse ela com um sorriso enorme no rosto. - É escolha sua. - sussurou ela e foi para seu quarto.

Ah como eu amo esses meus amigos, eles estão sempre comigo, tenho que olhar mais para isso.

E olha só, que bela conquista, hoje eles não me pressionaram para contar, eles apenas respeitaram e me fizeram sentir muito amada.

Não sabia se algum dia iria compartilhar aquilo com alguém, e realmente eu não queria saber.

A única coisa que queria saber era o que se passava na cabeça daquele neurocirurgião cabeça dura.

AH DEREK...

***

Estava com uma horrível dor de cabeça, acho que era o estresse, então peguei um remédio e fui me deitar sem nem ver que horas eram.

Era 4:00h quando fui bipada, olhei pela janela e notei que ainda era de madrugada. Uma emergência estava a caminho e precisavam de mim lá.

Fiz tudo correndo, deixei um recado para Alex ver quando acordasse e não ficasse preocupado comigo e parti para o hospital.

Me encarreguei do caso de Janet August, uma senhora de 86 anos, que apresentava uma jovialidade invejável que notava-se mesmo com todos aqueles ferimentos, ela era forte.

Seu marido que não estava no acidente chegou algum tempo depois, Paullo August chegou desesperado e já aos prantos.

- Ela ficará bem doutora? - perguntou ele me fitando com olhos preocupados.

- Eu sou a Dra. Grey e essa é Dra. Shepherd, cuidaremos dela. - disse apresentando Amelia - Precisamos ir, rápido.

Foram longas horas de cirurgia, ela estava viva, mas não estável, isso era o que mais nos preocupava.

***

Durante a tarde ela acordou, estava fraquinha e nem se comunicava direito, seu marido havia acabado de sair para almoçar.

- Olá Sra. August, eu sou a Dra. Grey, realizei sua cirurgia com mais uma médica. Como se sente?

- Estou bem, um pouco fraca, mas bem.

- Que bom.. Seu marido acabou  de sair para almoçar, quer que chame ele? - disse começando a checar seus sinais vitais.

Ela apenas fez que não com a cabeça e eu concordei.

Precisava preencher uma papelada, então fui para fora e fiquei no balcão que se localizava bem na frente do quarto de minha paciente.

Estava conversando com uma médica quando Janet começou a ter uma parada cardíaca e eu sai em disparada para socorre-la, acionei os enfermeiros para entrarem com os equipamentos e mandei chamarem Amelia para me ajudar ali.

Logo nessa hora Paullo voltou e entrou no quarto desesperado.

- TIREM ELE DAQUI AGORA, RÁPIDO. - gritei enquanto tentava reanima-la.

Tentamos de tudo, ficamos ali por trinta minutos, já era hora de pararmos, tinhamos perdido Janet August.

Ah não... :(

Quando fomos ao encontro de Sr. August ele já sabia o que havia acontecido e estava arrasado.

- Haviamos brigado antes do acidente, fiquei desesperado quando soube do acidente... Esse era meu maior medo, e agora ela se foi. Eu amo ela, e não pude dizer isso pela última vez, eu perdi minha Janet, o amor da minha vida, minha companheira de 51 anos. O que vou fazer agora? Quem vai cuidar de mim? Ela se preocupava mais comigo do que consigo mesma. Ela se foi, sem estarmos bem um com o outro, ah minha Janet...- disse ele caindo em nossos braços, nós o abraçamos o mais forte que conseguimos.

Acalmamos ele, e ele foi para casa acompanhado de sua filha.

Que história...

Eu estava arrasada com aquela história, andava extremamente sensível nos últimos tempos, nunca fui assim, sempre soube reagir sem demonstrar muito meus sentimentos.

Nunca vá dormir sem dar perdão, diga eu te amo, um eu te amo salva vidas, fale eu te amo pro padeiro, pro moço do mercado, pras pessoas que te abrem um sorriso aleatório na rua...

Perdoe e ame intensamente, o amanhã a Deus pertence.

Quando Tudo Saiu Do Meu ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora