Finalmente

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Cheguei em casa morta de cansaço, nem consegui ir dar oi para meus filhos.

Deitei no sofá e respirei fundo, o dia havia sido bem longo.

Comecei a pensar em meus filhos. O que eles pensam que houve com o pai? Será que Derek havia se comunicado com eles? Como ainda não haviam me perguntado nada?

Perguntas como essas me deixavam cada vez mais confusa.

De repente ouço pequenos pés descendo a escada com pressa.

- Poxa mamãe, chega e nem vai ver a gente, nossa. - disse meu pequeno Bailey.

- A mamãe trabalha muito né tato, ela sempre chega cansada, a gente entende, não é Bailey? - ela olha para ele com um olhar bravo e ele assente com a cabeça desesperadamente - Mas mamãe, cadê o papai? - pergunta ela se ajeitando ao meu lado no sofá.

Meu coração disparou, comecei a tremer desesperadamente e não dizia sequer uma palavra.
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Calma Meredith

Ai meu Deus, socorro

O que eu falo?

Como agir?

Respira Mer

Mantém o controle

Está tudo bem, está tudo bem.
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- É mamãe, cadê meu pai, estou com saudade dele.. - disse meu caçula.

- Olha meus amores, o papai... - não soube o que falar, inventei qualquer coisinha - O papai anda bem ocupado. - disse quase tendo um colapso nervoso.

Eles se olharam por um momento, balançaram a cabeça negativamente, me fitaram com aquele olhar de "qual é? fala a verdade" e cruzaram os braços.

- Mamãe, não mente para a gente não, vai pode falar agora o que está acontecendo aqui, é sobre nossa família, temos sim o direito de saber! - disse Zola com um olhar decidido e maduro, confesso que me orgulhei dela neste momento.

Já que não tinha como escapar dessa, o único jeito era contar.

- Sentem-se aqui. - disse batendo no espaço que havia do meu lado no sofá - O papai, pelo jeito não é mais o marido da mamãe por causa de uma briga bem feia e desnecessária que nós tivemos outro dia.

Eles se olharam.

- Nunca mais vamos ver nosso pai então. - disse Bailey com tom de choro.

- Não meu anjo, ele continua sendo o pai de vocês e isso não mudará nunca, ok? - disse o abraçando e observando o silêncio de Zola.

Bailey assentiu e saiu da sala sem dizer uma única palavra.

Me aproximei de Zola, que estava sem reação e quietinha em seu cantinho.

- O que foi meu docinho?

- Ai mamãe, eu não sou filha de sangue de vocês. Só entrei na vida de vocês por causa da minha cirurgia que ele realizou quando eu era pequena e vim da África... - ela começou a chorar e eu a abracei - E se o papai deixou de me amar depois disso? E se ele não quiser mais me ver? E se quando a gente for se encontrar ele não ligar para mim? Eu não sou filha biológica.

- Zola, olhe para mim. - segurei seu queixo e a fiz olhar para mim - Você não é mesmo nossa filha de sangue, mas quantas vezes eu vou precisar te dizer que os laços de coração são maiores do que qualquer laço de sangue? Eu te amo Zola, e seu pai também, pode ter certeza. A briga dele é comigo, vocês não têm nada a ver com isso meu amor, nós dois ainda amamos vocês incondicionalmente e vai ser sempre assim. Bailey é sim o biológico, mas você é nossa primogênita querida, nós todos amamos muito você! - disse e a abracei.

Ela secou seu rosto, deu um dos sorrisos mais lindos que já vi na vida e encheu minha noite de alegria. Foi para o quarto se aprontar para dormir.

Eram 23:40h quando olhei no relógio. Resolvi me deitar um pouco no sofá para descansar.

Acordei já pela manhã com os berros de Cristina na minha orelha. Eu nem havia aberto os olhos, mas já estava irritada.

- VAMO MEREDITH, VAMO. - ela gritava incansavelmente.

- VAI À MERDAA CRISTINA. - berrei. - Pelo amor de Deus, o que houve para você estar assim?

- Vamos à merda juntas então. - disse me olhando com cara de deboche - Nada aconteceu, só lembrei que você vai entregar aquele moletom para Amelia hoje. - sorriu - Vai, vai, vai, levanta já daí sua preguiçosa.

Fiz careta e fui me levantando.

Fui ao meu quarto para usar o banheiro e me arrumar. Sentei-me na cama, olhei para a parede e vi o papel do nosso casamento, o nosso post-it.

Aquilo me abalou bastante, mas resolvi que precisava sair urgentemente da minha visão antes que eu surtasse. Pensei em jogar fora, não tive a bendita da coragem, então apenas o guardei em um lugar onde agora eu nem me lembro mais.

Prometi a mim mesma que aquilo não abalaria o meu dia, me arrumei e desci as escadas em pulinhos com o moletom em mãos.

- Vamos?! - disse com um sorriso.

Lá vamos nós para mais um dia.
.
.

Dançamos e cantamos o caminho inteiro.

Quando chegamos, tomei muito, mas muito café. Eu estava morta de cansaço, o café me ajudaria.

O dia foi bom, movimentado, mas nada de tão grave e nenhuma história tipo Anna e Martin, sempre sorria quando pensava neles, confesso que já estava até com saudades.

No fim do dia, havia feito seis cirurgias já e todas realizadas com muito sucesso, aquilo me deixava orgulhosa e bem cansada, mas era um cansaço bom.

- Oi Mer! - disse uma voz que eu não reconheci.

Olhei para trás e era Alex, um dos meus anjos nessa história toda e na minha vida também.

- Você já parou para prestar atenção no seu desempenho desde que Derek foi embora? - disse ele.

Franzi a testa e balancei a cabeça em sinal negativo.

- Meredith, desde que ele se foi todas as suas cirurgias foram um sucesso, no último mês você não perdeu sequer um paciente, e isso é ótimo! - disse ele abrindo o maior sorriso.

Eu sorri, estava feliz sim, mas Alex me lembrara que já fazia um mês do ocorrido e eu estava bem! Havia superado minhas expectativas sobre mim mesma e me sentia confortável com isso.

Quando fui para a sala dos médicos, arrumar minhas coisas no final do dia, vi Amelia saindo da sala.

Ela passou por mim mas nem notou.

Entrei correndo na sala, peguei o moletom e sai indo atrás dela.

- Amelia! Amelia! - chamei e avistei ela parando.

- Oi Mer, o dia ontem foi tão corrido, nem deu para você me falar o que queria, desculpe. Está tudo bem?

- Está tudo bem sim, ainda bem. Só queria devolver este moletom de Derek, como ele não está mais aparecendo achei que o modo mais fácil de devolvê-lo era dando à você. - disse no meio de um sorriso amarelado - Tem algum problema?

Ela sorriu.

- Claro que não Meredith, eu devolvo para ele sim, não se preocupe. Achei muito errado o que ele fez com você, falarei com ele. Mas quanto a devolução da blusa, fique despreocupada. Mande um beijo para as crianças, estou morrendo de saudade deles - disse ela.

Assenti animada com a cabeça, nos abraçamos, ela se despediu e saiu.

Confesso que me senti mais animada e aliviada tendo devolvido o moletom.

Era cedo, chamei Cristina e Alex para jantarem na minha casa, comigo e com as crianças.

Eles toparam e fomos para minha casa.

Meu dia havia sido bom e eu havia devolvido a peça.

Finalmente.


Quando Tudo Saiu Do Meu ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora