Apenas deixar fluir

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Em uma de nossas noites conturbadas  de plantão, eu, Cristina e Alex estávamos o de costumávamos ficar em nossas épocas de residência e de repente Diego me manda uma mensagem, um sorriso imediatamente aparece em meu rosto cansado, quando me dei conta eles estavam me olhando espantados.

- Nunca vi você sorrir tanto com uma mensagem que não fosse de seus filhos. - disse Cristina.

Não respondi nada, apenas abaixei minha cabeça e pensava no quão idiota eu estava sendo, em minha cabeça só passa a cena onde o homem pelo qual eu estou completamente apaixonada, me pergunta se tem alguma chance com minha melhor amiga ao mesmo tempo que eu me declaro.

Isso com certeza era algo que eles não saberiam, pelo menos Cristina não, a conheço bem e sei que ela já iria querer ir falar com ele e tudo mais.

Nossos pagers de repente tocaram, estávamos sendo chamados para assistir um acidente de moto que estava chegando.

Enquanto April e os outros tiravam as vítimas das ambulâncias, eu preparava as salas de trauma e dizia a mim mesma "Esquece o Diego Meredith, esquece".

As vítimas finalmente chegaram, era um casal de adolescentes de 17 e 16 anos, estavam brigando no caminho quando o jovem Mário perdeu o controle da moto e eles caíram.

Fiquei responsável por Jose, que chegará desacordada e com prováveis lesões na cabeça e no baço, pelo o que haviam me dito ela fora jogada longe na hora do acidente.

Estávamos levando-a para a tomografia quando ela abriu seus olhos.

- Olá Jose, eu sou a Dra. Grey e vou cuidar de você, tudo vai ficar bem.- disse.

A garota não conseguia dizer sequer uma palavra, apenas apertava muito forte minha mão e eu via o desespero e o medo em seus olhos, iria dar meu máximo para cuidar de Jose.

Enquanto eu e Ammelia esperávamos os resultados da tomografia, pedi para que uma enfermeira ligasse para a família dela e os informasse sobre o ocorrido e pedir para que fossem ao hospital, mas sem desespera-los.

A tomografia da cabeça indicava um sangramento cerebral, logo Ammelia solicitou uma sala de cirurgia para que eu e ela entrássemos para operar a garota, já que ela também estava com lesões no fígado.

- Pode ir e comece a sua parte, vou tentar saber do namorado dela. - disse à Ammelia.

April e Owen cuidavam de Mário na sala de trauma 3. Quando cheguei ele estava bem, não tinha um arranhão praticamente pelo corpo, suas roupas apenas que estavam todas rasgadas, ele apenas sabia perguntar sobre Jose.

- Ola Mário, eu sou a Dra. Grey e agora eu e Dra. Ammelia vamos entrar para operar ela que permanece estável, mas não sabemos ao certo o que pode acontecer. - disse segurando sua mão para tentar acalma-lo.

- O...obrigada Dra. Grey. - respondeu ele.

- Cuidem dele porque não sei ainda ao certo o que acontecerá com a menina. - cochichei para April e Owen antes de ir para a cirurgia.

No caminho encontrei com Diego e fiz de tudo para não ter que olha-lo, mas o infeliz fez questão de falar comigo.

- Boa noite Meredith! Como vai?

- B...boa noite Diego, vou bem, inclusive tenho uma cirurgia agora, tchau hein, bom te ver. - respondi gaguejando e sai correndo.

Finalmente eu estava no centro cirúrgico e pronta para salvar Jose, quando entrei Ammelia ainda trabalhava no cérebro dela.

- Novidades? - perguntei.

- O sangramento não para e eu não consigo achar a fonte, estou começando a achar que essa pancada pode prejudicar a memória dela, pois na hora da pancada o capacete voou longe e a cabeça dela teve contato direto com o chão. - disse ela preocupada.

Abri a barriga da menina e comecei a mexer ali, eram lesões nem tão complicadas assim no fígado e provavelmente não demoraria muito para acabar.

Depois de 2h30 de cirurgia eu finalmente terminei, mas Ammelia ainda seguia firme tentando descobrir a fonte do sangramento, eu não sairia dali enquanto ela não terminasse, foram mais 3h30 de cirurgia até que Ammelia finalmente conseguiu.

- Não sei se ela voltará ao normal, essa é minha melhor preocupação, mas apenas vamos ter uma resposta quando ela acordar. - disse Ammelia super cansada.

- Vá descansar, você está devastada, tomarei conta dela e qualquer coisa eu lhe chamo. - respondi à ela.

Enquanto eu voltava da lanchonete para o quarto de Jose, Mário me parou no meio do corredor e me pediu informações completamente desesperado.

- Ela está estável, mas pode ser que fique com problemas de memória ou na fala por conta da pancada na cabeça, mas não sabemos ao certo. - respondi à ele.

- É tudo culpa minha meu Deus, é tudo culpa minha. - disse o garoto chorando.

- Mário, me conte o que houve no acidente.

- Nós estávamos brigando Dra. Grey, quando de repente eu acabei me descontrolando e dizendo coisas que eu não deveria, e ai acabei perdendo o equilíbrio e caímos, fui segurado pela moto, mas ela como não estava segurando em mim nem nada, voou longe. - disse ele chorando.

Eu o abracei e chamei para que fosse comigo até o quarto da menina.

Quando chegamos lá, ela estava acordando, corri para examina-la.

- Oi Jose, sabe onde está?

- Estou no... no Hospital. - respondeu ela meio grogue ainda.

- Aparentemente sua memória está ótima, assim como você, vou deixa-los um pouco a sós. - disse e saí do quarto.

Os dois conversaram bastante e estavam bem novamente, o que era muito bom.

Atrapalhei um pouquinho os dois, pois precisava fazer um check up na menina. Mário saiu e eu fiquei lá com ela, que estava com um sorriso de orelha a orelha.

Estávamos rindo e conversando quando Diego apareceu na porta e apenas nos deu boa noite, sorriu e foi embora e eu com certeza fiquei desconcertada.

- Você gosta dele Grey, a senhora gosta dele! - disse Jose toda bobinha.

- E..eu não estou não sua bobinha.. - respondi e senti meu rosto corar.

- Você gosta sim, só não quer se permitir sentir por medo de saber se não vai ser recíproco. O ruim de vocês é não se permitirem, tu tem certeza do que sente, só não quer acreditar nisso. - ela disse como se estivesse lendo meus pensamentos.

Conversamos muito tempo e a papelada da alta dela finalmente ficou pronta, enquanto se arrumava para ir embora, seguia me aconselhando.

- Deixa tudo fluir Mer, se for pra ser seu vai ser, ele parece gostar de ti também, se permita mais, você é incrível. - ela disse e me deu o abraço mais gostoso do mundo.

Eles foram embora e eu apenas pensava na lição que eu havia aprendido com um casal adolescente.

"Se permita, deixa as coisas fluírem, o que for para ser seu, vem com o tempo."

Quando Tudo Saiu Do Meu ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora