Quando Tudo Saiu Do Meu Controle

A festa

Já era noite, quase hora da festa, Alex iria para lá direto do hospital, já eu, precisei ir para casa trocar de roupa e ficar um pouco com as crianças.

Enrolei o máximo que pude para evitar ir a festa, não por nada, apenas estava cansada, o dia foi agitado demais.

Quando peguei meu celular vi várias ligações perdidas e mensagens de Alex.

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Alex
Está tudo bem?
Se você não vir eu te busco ai.
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Nem respondi, apenas bufei e fui me trocar para ir.

Quando cheguei lá, minha primeira visão foi Derek, que estava sentado na ponta da mesa, com uma bermuda jeans e uma blusa de mangas longas que ele costumava usar bastante.

Ao entrar Cristina e Ammelia vieram ao meu encontro com sorrisos que iam de orelha à orelha.

- Nossa mas você demorou hein?! - disse Cristina ao me abraçar

Dei um sorriso sarcástico, mal sabe ela que nem ali eu queria estar.

-Ah Mer, que bom que veio! Pensei que não viria mais! Venha, vamos aproveitar com a gente! - disse Ammelia radiante.

Cumprimentei todos que estavam ali e desde os primeiros momentos já me senti muito amada e acolhida.

Chegou a hora em que eu literalmente não soube o que fazer, como cumprimentaria Shepherd?

Calma Mer, respira

Se controla

É só o Derek

Esse era o maior problema, era ele, Derek Shepherd, aquele cirurgião cabeça dura, teimoso, mas que eu sabia que por trás daquela cara emburrada que ele mantinha agora, havia aquele bom e amável coração que meu já fora.

Me aproximei e ele estava focado em seu celular, exclamei um "oi" animado que já veio acompanhado de um sorriso e estendi minha mão em sinal dr cumprimento.

Ele olhou para mim durante poucos segundos e não fez nada, literalmente nada, apenas virou seu rosto e simplesmente me ignorou. O que eu podia fazer, não é mesmo?!

A festa foi tranquila e muito divertida, porém, Shepherd havia ficado sozinho a festa inteira, quando alguém tentava contato ou se aproximava, ele simplesmente agia como se nada tivesse acontecido.

A parte em que mais me senti estranha foi quando começaram a tocar umas músicas do tipo melosas e eu senti seus olhos sobre mim enquanto eu já estava abraçada com Cristina, que como já não era novidade, estava bêbada.

Outra coisa que me constrangeu bastante foram os momentos em que eu o olhava e seus olhos estavam cheios de lágrimas, sinceramente não entendi o porque, pois ele me parecia sempre tão bem... Mas é aquilo não é, nem sempre o que mostramos é aquilo que sentimos.

Quando eu, Cristina e Alex chegamos em casa eu queria conversar, eu precisava dizer tudo aquilo que estava a me incomodar, nas não sabia como, pois antes da festa eu havia comentado feliz e radiante com meus amigos que a presença de meu ex marido não me causava mais nada.

Como chegaria agora falando que estava mal pelo jeito que ele havia ficado na festa da própria irmã, porque se parassemos bem para pensar eu havia recebido muito mais carinho e atenção do que ele, inclusive de seus amigos mais próximos.

O que fazer?

O que dizer?

Deixar transparecer ou fingir que nada está acontecendo?

Como eu diria que de uma hora para a outra eu passei a me importar?

Tantos pensamentos e medos me assombravam a cabeça, que eu havia saído de mim, e apenas senti lágrimas dançando pelo meu rosto.

- Mer! Mer! MEREDITH GREY! - gritou Alex desesperado.

Para eles já não devia mais ser novidade o fato de que na frente deles eu choro até por causa do vento.

- O que houve sua doidona? - perguntou Cristina fazendo-me um leve cafuné.

- A festa, Derek, tudo.. - disse olhando para eles com cara de abandonada.

- Vocês me conhecem, e não sei o que fiz para convencer vocês de que eu estava realmente bem e confortável com a situação, na verdade, não sei como convenci a mim mesma disso. Eu estou bem, mas eu sei lá o que aconteceu comigo hoje, foi tão estranho... - meu choro me interrompeu e eu cai nos braços de Yang.

- Eu sabia, eu te avisei Meredith, mas como sempre você nunca me ouve, agora fica ai chorando que nem idiota. - disse Cristina me empurrando com agressividade de seu colo.

- Cristina Yang, para! Pelo menos uma vez na vida respeita a sua pessoa! - berrou Alex nos surpreendendo, Cristina calou-se na hora.

Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo assustada, não esperava isso dele.

- Me conta, o que se passa nesse coração confuso? - Alex perguntou me envolvendo em um abraço.

Encarei os dois por alguns segundos, percebendo o quanto os amo e vendo que não sei o que seria de mim sem eles.

- Vocês viram como ele ficou lá na festa? Sozinho, parecia tão vazio e sei lá, tão distante de tudo e todos. Eu não sei direito como me sinto e nem o que senti na hora, não me lembro. É como se tivesse sido um sonho, não me lembro de nada, além da sensação horrível que senti ao vê-lo daquela maneira. Vocês sabem o quanto o amo, ou amei... ARGH estou confusa. Sinto como se a minha presença fosse o problema. - dei um suspiro e me taquei em meio as várias almofadas que estavam ao meu lado.

- Mer, você sabe que isto está errado, não sabe?! - disse Cristina e Alex concordou.

- Sei Cris, mas ao mesmo tempo não sei porque sinto que se eu não estivesse ali, ele teria se misturado mais com todos e sei lá, teria recebido  mais atenção. Lá eu estava feliz, sorridente até dançar eu dancei, sei disso. Mas aquilo era por Ammelia, tenho um carinho imenso por ela, todos sabem disso, e se ela estivesse feliz, eu estaria também. No final da feata comecei a me sentir mal por vê-lo daquele jeito péssimo, ninguém merece isso. E arghh, se eu não estivesse lá teria sido mais confortável... - disse abaixando a cabeça.

- Meredith Grey, sua médica cabeça dura e coração de manteiga, para com isso boba! Você é especial e amada por todos que te conhecem, todos que estavam lá te deram carinho como sempre fazem e como você merece, não se sinta culpada por ser querida e por ter sido você mesma lá. Você tentou cumprimentá-lo não foi? - perguntou-me Cristina.

Assenti com a cabeça e desviei o olhar.

- Então Mer! - exclamou Alex - Você foi educada, gentil e não fez nada de mal para ninguém, a festa não teria sido a mesma sem você lá para nos animar e contar essas suas piadas sem graça. -ele sorriu - Não se sinta assim, por favor!

De repente Alex e Cristina recebem chamados do hospital e saem se despedindo de mim com abraços e muito carinho.

Ao final, isso tudo foi bom para mim, foi um aprendizado!

Eu preciso parar de ser assim, sempre acabo dando importância para quem não me dá a mínima e no final acabo em lágrimas e crises. Não me sentirei culpada por ser quem sou, não me sentirei culpada por ter sido educada e muito menos me sentirei culpada por estar do lado de uma pessoa amada em um momento muito especial para ela, amo Ammelia, vê-la radiante e sorridente daquela forma era incrível e me dava muita energia.

É preciso amar quem nos ama, nunca aceitar mais do que merecemos, sabermos que fases ruins são momentâneas, assim como a chuva, sempre temos um arco-íris depois.

Seja feliz com você mesmo, nunca deixe de acreditar na força do amor e por favor, continue na mesma intensidade, você vai achar sua felicidade.