Capítulo 10

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Como eu disse, logo os dois lobos entraram, cada um trazia uma bandeja com dois pratos e dois copos

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Como eu disse, logo os dois lobos entraram, cada um trazia uma bandeja com dois pratos e dois copos.
— Já podemos entrar? — Hugo perguntou.
— Como se vocês não estivessem ouvindo a nossa conversa — revirei os olhos e eles riram.
— Culpados — Hugo deu de ombros, ele segurou a bandeja com uma mão e com a outra puxou uma pequena mesa, a encostando na maca. Theo fez quase o mesmo, mas puxou a poltrona do canto do quarto até nós. Hugo puxou o tampo da mesa e ele virou dois, sendo que uma parte ficou por cima da maca, perfeita para Bê — Agora sim.
Ele se sentou na maca, ao lado do Bernardo, Theo sentou na poltrona e me puxou para o seu colo. Jantamos assim, conversando e um provocando o outro. Hugo ajudou a Bernardo comer, eu só não sei dizer se era excesso de manha do meu amigo ou super proteção do lobo.
— Sobremesa? — Hadassa entrou segurando outra bandeja, quantas ela tinha? — Eu não sabia que doce você prefere, mas a Ana me disse que você gosta de sorvete de chocolate, por isso comprei três tipos diferentes — ela sorriu mostrando os três potes — esse é chocolate comum, esse triplo chocolate e esse de chocolate com creme de avelã.
— Obrigado — Bernardo sorriu.
— Não agradeça, estou muito feliz que você está aqui — ela sorria bastante — Ah, Corey disse que você vai ter que passar a noite aqui, mas amanhã bem cedo já vai poder ir para o seu quarto.
— Meu quarto? — Bê, que estava se enchendo de sorvete, perguntou, talvez um pouco triste.
— Mãe — Hugo bufou — ele vai para a minha casa, para o MEU quarto.
— Não vejo porquê, não é melhor ele ficar aqui até estar totalmente curado?
— Ele vai comigo! — Hugo disse sério.
— Que tal vocês perguntarem para o Bernardo o que ele quer? — eu sugeri, roubando sorvete dele.
— Eu. . . Eu não sei. . . Eu achei que ia voltar para casa. . .
— Você vai — Hugo falou pegando na mão dele — mas é para a Nossa casa — Bernardo sorriu tímido e Hadassa bufou.
— Não tem como competir com todo esse clima romântico! Ok, você vai para a casa deles, mas saiba que eu vou te visitar constantemente! — Hadassa bufou irritada.
— Eu vou adorar — Bernardo sorriu.
— Oh, ele é tão fofo!
— Mãe! Ele não é um bichinho de estimação, é o meu namorado! — Hugo reclamou e Bernardo engasgou — Você está bem?

Saímos do quarto quando Bê não estava mais aguentando ficar com os olhos abertos. Fomos para a sala e o pessoal estava lá ainda, respondi algumas perguntas, mas eu também estava cansada, então Theo me tirou dali.
Caí na cama e dormi instantâneamente
Eve. . .
— Eliel? — eu olhei em volta o procurando, mas o nevoeiro era muito forte, eu não conseguia ver dois palmos a minha frente — Onde você está?
Cuidado com traidores! Há traidores entre os lobos!
— Quem?
Não posso ficar muito tempo, não podem saber que estive aqui. Há um grupo alimentando o ódio, ajudando a rebelião. Ninguém está seguro!
— Eliel! — eu gritava em desespero, tentando encontrá-lo — Me responda! Quem é o traidor e que porra você está falando?
Ajude a protegê-la! Eu lhe peço, ajude-a! Alguém perto dela é o verdadeiro responsável por tudo, o resto são apenas marionetes. Minha menina vai precisar de ajuda!
— Clara? O que está acontecendo?
Confie em seus instintos, você é mais poderosa e sábia do que pensa. Você é forte, mas um bando é indestrutível! Confie em você mesma e nelas!
— Nelas? Do que você está falando? Eliel? Me responda!
Ninguém pode saber que você falou comigo, preciso resolver coisas e é preciso que pensem que estou fora. Assim ninguém pode me rastrear.
— Você sabe que eu vou contar ao Theo.
Eu confio em você, sei que contará apenas para quem precisa saber. Confio no seu bando.
— Minha família? Você não quer que eu conte para ninguém, mas conte para a minha família?
Sua família é o bando do Theo, não o seu. Você as reconhecerá.
— Eliel, eu não entendo!
Diga que a amo, por favor!
— Me explica o que está acontecendo! — eu corria em meio ao nevoeiro, seguindo sua voz, mas eu não conseguia alcança-lo — Por favor, eu não entendo! O que eu tenho que fazer? Quem eu vou reconhecer?
Confie em você. . . Eu confio. . .
Eu corri o mais rápido que pude, mas não foi o suficiente.
Acordei ofegante, como se realmente estivesse correndo. Theo ainda dormia, o dia não tinha amanhecido.
O que Eliel queria de mim?
Meu bando?
Elas?
Traidor?
Me levantei da cama e fui para a janela, fiquei observando a madrugada, os primeiros raios de sol ainda estavam despontando, quando meu mundo ficou tão complicado? Eu tive que abrir a janela e deixar o ar frio bater no meu rosto.
— Eve — Theo me chamou com a voz sonolenta, ele veio até a mim — o que aconteceu? Você está tão agitada que meu lobo está preocupado e agora eu também.
— Depois de Vlad e Wong, você não vai acreditar quem veio me visitar nos meus sonhos — eu abracei Theo forte, sentindo seu cheiro, aquilo me acalmava, me fazia me sentir protegida.
— Quem?
— Eliel. . . — eu sussurrei.
— O QUE?
— Shiiiiuuuuu! Você quer acordar todo mundo?
— Me desculpe, mas me explica isso.
Nos sentamos na cama e eu repassei o sonho/verdade. Qual o problemas desses seres? Não podiam só me ligar? Mandar um e-mail? E qual a dificuldade em responder perguntas? Não era mais simples falar "Eve, fulano é um traidor"?
Agora ele quer que descubra quem é, sem que eu possa contar para ninguém. Porque ele não falou com o Wong? Com Vlad?
"Eliel tem a mania de te contar seus segredinhos sórdidos"
Era disso que Vlad estava falando? Como ele sabia que Eliel me contaria alguma coisa? Eu conheci os dois na mesma noite!
— Um traidor?
— Sim, mas ninguém pode saber que Eliel falou comigo — respondi.
— Como vamos descobrir quem é? — era bom ter Theo ao meu lado.
— Não faço a menor ideia. Ele quer que eu proteja Clara e encontre o meu bando que, segundo ele, não é composto pelos Acker's — passei a mão pelo meu rosto frustrada — O que ele quer de mim? Na maior parte do tempo, eu nem sei o que estou fazendo, como ele acha que eu vou fazer tudo isso?
— Eve — Theo me abraçou — o Arcanjo Eliel, o ser mais poderoso da Terra, confia em você. Ele mesmo reconhece sua força e seu potencial. Eu também acredito que, se existe alguém capaz de dar conta de tudo isso, esse ser é você.
— Acho que vocês têm expectativas muito altas em relação a mim — bufei e ele riu.
— Se dê mais crédito! — ele se afastou um pouco e segurou meu rosto com as suas mãos — Sei que esse bando que Eliel falou é composto por mulheres, mas eu sempre estarei com você e por você. Esse caminho que vamos seguir não é fácil e fica cada vez mais perigoso, mas o que nunca mudará é o "Nós". Eu enfrentei a morte por você, enfrentar o resto não será problema.
Ficamos abraçados por bastante tempo, Theo fazia carinho no meu cabelo, eu não sei dizer em que momento dormi, apenas que me senti segura.

Caçada - MarcadosOnde histórias criam vida. Descubra agora