— Qual o problema desses dois? — perguntei.
Alexandra e Afonso estavam na varanda, separados de nós pela porta de vidro e discutindo.
— Não sei por onde começar a explicar — Marcela deu de ombros.
— Eles são irmãos mesmos? — indaguei observando a posturas deles, sempre se tocando, mesmo bravos um com outro. Alexandra era mais reticente, recuando, Afonso sempre ia a frente ou a puxava de volta — Parecem mais namorados do que irmãos.
— Olha, isso é ela que tem responder.
— Vampiros são estranhos mesmos — Theo disse depois de terminar seu sanduíche.
— Só você para comer em uma hora dessas — falei para ele.
— É um dom — ele sorriu e deu de ombros. Impressão minha ou as vezes, Theo tem as mesmas manias de Vlad?
Alexandra abriu a porta com força, voltando para perto de nós, fiquei surpresa pela porta não ter quebrado.
— O que faremos agora? — ela perguntou.
— Primeiro vocês vão contar tudo para Mikael — respondi — Vlad pretendo que ele fique aqui para investigar o que quer que esteja acontecendo, ele precisa saber de tudo.
— Certo e depois?
— Eu não sei como lidar com a segunda informação, preciso informar Vlad, mas não quero que ele resolva dar as cara — respondi.
— Está falando sobre as drogas? — Afonso perguntou, me deixando surpresa. Olhei para as outras garotas presentes, Alexandra revirou os olhos, mas Marcela me respondeu.
— Afonso é médico, foi ele que me atendeu quando tudo aconteceu. Antes de vocês, ele era o único que sabia de tudo.
— Olha, não vou nem tentar entender toda essa dinâmica estranha de vocês — falei apontando para Alexandra e Afonso — mas, vocês precisam resolver isso e logo, até eu estou conseguindo sentir toda essa tensão emanando dos dois. E tem vários tipos de tensão aqui.
— Ele deve estar com saudades da noiva dele — ela respondeu sarcástica.
— Alexandra. . . — ele não terminou a frase.
Meu celular apitou uma mensagemVlad
Como estás? Estou aguardando por notícias e ficando um pouco impaciente.— Eu mereço — minha vez de revirar os olhos — Vlad está me mandando mensagem.
— Vlad? — Afonso perguntou confuso — Lorde Tepes?
— Quem mais seria tão irritante? — resmunguei — Todos em silêncio absoluto! — deixei o celular na mesa, enquanto completava a ligação.
— Olá minha querida — Vlad atendeu — quais as novidades que tens para me contar?
— Não seja cínico — respondi e ele riu.
— Antes de começar a falar, me responda porque estou no viva voz do seu celular, por favor — ele não deixa passar uma?
— Estou ouvindo — Theo me salvou — Também agradeceria se parasse de aparecer nos sonhos da minha Marcada — Vlad riu de novo.
— Prefere que eu apareça nos seus?
— Prefiro que se mantenha longe.
— Podemos resolver isso logo? — perguntei.
— Saudades de casa? — Vlad perguntou brincando comigo — Não se preocupe, sua filha está bem. Sua adorável sogra e sua cunhada a levaram para um passeio no shopping, depois almoçaram um restaurante. Lua até gosta de sorvete, não? Eu possuo uma foto disso, se quiser, a envio a você.
— Vlad, como, raios, você sabe disso e porque você tem fotos da minha filha?
— Eu te disse que estão sobre a minha proteção — ele respondeu — agora me relate o que descobriu.
— Quando acho que você pode agir normalmente, você alcança outro nível — Alexandra, Marcela e Afonso nos olhavam surpresos, Mikael se mantinha sem expressão, já Theo parecia entediado — Você tem razão, algo aconteceu, aquilo não foi uma festa comum de Renegados.
Marcela arregalou os olhos e Alexandra me olhou como se fosse arrancar minha cabeça. Bem, talvez ela tivesse essa intenção.
— E o que mais? — Vlad perguntou.
— Eu não sei ao certo, tinha alguma coisa estranha lá, nada fazia muito sentido — eu estava enrolando? Com certeza!
— Fale logo o quer falar! — Vlad exigiu, praticamente rosnando.
— Vlad! — Theo falou em tom de aviso — Contenha-se ou essa ligação acaba agora!
— Se fizeram isso, estarei aí amanhã mesmo e resolverei tudo com minhas próprias mãos.
— E eu estarei aguardando ansiosos pela sua chegada — Theo soou como uma ameaça perigosa.
— Eu senti falta disso — praticamente podia ver o sorriso de canto do vampiro falando isso — Pois bem, Eve, continue por favor.
— Eu digo que vocês dois são estranhos — resmunguei — Sei que não é possível, mas quem quer que tenha feito aquilo, parecia estar drogado. Aquilo foi muito selvagem e bagunçado para se dizer o que realmente aconteceu, me lembra muito locais onde humanos drogados vivem, mesmo sabendo que isso é impossível, ainda. . .
— É possível — ele me interrompeu — extremamente difícil e muito maligno, mas é possível. Apenas uma vez na história, algo assim foi tentado, mas destruímos qualquer evidência, o próprio Eliel mandou para o inferno o louco que tentou algo.
— Mas agora que estamos sem Eliel. . . — eu falei baixo, mas todos puderam ouvir.
— Preciso ter certeza — Vlad falou depois de um longo tempo de silêncio — avise a Mikael que ele ficará por aí, será o responsável por averiguar o que realmente está acontecendo.
— Não sou uma coruja! — eu falei e vi Marcela segurando a risada, pelo menos alguém entendeu a referência!
— Como se ele não estivesse ouvindo — Vlad falou — E quem são os outros que estão com vocês?
Nós entreolhamos, maldito vampiro!
— Meus amigos, dois Allencos e uma renegada — respondi.
— Apresentem-se — Vlad ordenou e pareceu que Afonso e Mikael tinham sido empurrados, pois quase se curvaram a frente, mesmo sem necessidade. Alexandra também fez careta, mas não se moveu, só Marcela ficou como eu, sem entender.
— Afonso Allenco, médico, sétima geração, filho de Edward Allenco.
— Alexandra Allenco, sétima geração, filha de Edward Allenco.
— E a outra? — Vlad perguntou.
— Ela é a renegada que falei — respondi.
— Me chamo Marcela — a garota falou — eu não sei muita coisa sobre ser vampira, fui atacada uma noite e fugi, desde que encontrei Alexandra, ela vem me ajudando a me adaptar — garota inteligente! Não mentiu em nada, só não contou toda verdade.
— Um grupo interessante — Vlad disse — servirá a meu propósito, Mikael estarei aguardando notícias. Até o Dia de Todos os Santos, Eve e Theo.
Então o maldito desligou na minha cara!
— Meu Deus, achei que fosse morrer! — Marcela exclamou.
— Você já está morta, ou quase — falei.
— O que ele quis dizer com "servir aos meus propósitos"? — Alexandra perguntou.
— Eu não tenho a menor ideia, ele é louco. Além do mais os vampiros aqui são vocês, vocês que descem dele, eu não tenho nada a ver com isso — respondi
— Podemos ir? — Theo perguntou, já se levantando.
— O quê? Mas e como ficamos? E tudo isso?
— Calma — falei para Marcela — vocês precisam conversar com ele — indiquei Mikael — Mikael têm o meu telefone, qualquer coisa que precisarem, me liguem. Se precisar, pode ir passar um tempo na minha casa. Eu acredito que em alguns momentos será muita coisa para você aguentar, se precisar de ajuda ou ser contida, me avise.
— Obrigada — ela me abraçou.
— Não precisa agradecer, apenas não importa o que seja, se precisarem de ajuda, basta me ajudar. Me avise o que resolverem fazer. E você — me aproximei de Alexandra — você é muito corajosa, sua amiga só está viva graças a você. Mas você precisa ter coragem de enfrentar o que mais te machuca.
— É fácil para você, você é uma marcada, tem uma ligação visível com a sua alma gêmea.
— Só porque eu tenho uma marca que mostra, nitidamente, quem é minha alma gêmea, não quer dizer que torna as coisas mais fáceis. Relacionamentos são complicados em qualquer esfera, dependem do esforço e empenho dos dois. Amor é complicado, mas vale a pena.
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Caçada - Marcados
FantasíaE a guerra começou. . . Qual o meu papel nela? Eu também queria saber, mas sei que estou bem no meio dela. Com o sumiço de Eliel, nada mais é garantido, nada mais é como antes. O conselho não se resolve, cada espécie cria novas regras para tentar co...