— Sentem-se — eu indiquei o sofá para eles, Lucas e Clara se sentaram juntos, foi automático. Erick estava encostado na parede e abraçava Nathalia, que estava a sua frente. Theo se jogou na poltrona, me levando com ele — me desculpem pela demora.
— Tudo bem, eu entendo, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo — Clara disse amável, Lucas revirou os olhos.
— Podemos cortar o papo furado e ir direto ao assunto? — Lucas me perguntou ríspido. Theo apertou minha perna, ele não tinha gostado do modo que Lucas falou comigo, mas eu sorri, me diverti com aquilo.
— Cuidado como você fala — Theo rosnou.
— Não me ameace — Lucas devolveu.
Clara colocou a mão no peito dele, pedindo calma. Ele tirou os olhos de nós e olhou para ela, se acalmando um pouco.
Agora eu entendia Vlad, é realmente divertido observar os outros. Lucas ainda parecia bravo, mas se conteria simplesmente porquê Clara estava pedindo. Erick mantinha Nathalia presa em seus braços, acredito que com medo de perde-la de novo. Ela não parecia se importar nem um pouco com isso.
Não segurei a risada, Theo levantou a sobrancelha para mim e eu ainda mais.
— Eve — Clara me chamou — perdoe por isso — ela falou e Lucas bufou.
— Não se preocupe, machos alfas gostam desse campeonato de mijo — eu disse dando de ombros e ela sorriu — mas eu que enrolei demais. Bem, vamos ao assunto — eu ajeitei no colo do Theo, puxando minhas pernas para cima da poltrona — eu conheci seu pai no dia do jantar do Wong, no mesmo dia que conheci o Lucas — uma troca de olhares entre Lucas e Clara me fez parar de falar — o que foi?
— Nada… é que — Clara estava desconfortável com o que ia falar, ela até olhou para Erick e Nathalia primeiro, o anjo tinha a testa franzida e a loba também parecia confusa — você tem certeza disso?
— Que eu conheci o seu pai naquele jantar? — agora era eu quem estava confusa — Claro que sim!
Clara apertou os lábios em um linha fina, Lucas estava sério, com o maxilar trincado.
— O que foi? — Theo perguntou, nem um pouco educado.
— Nada — Clara disse balançando a cabeça, eu vi lágrimas no canto dos olhos dela.
— Clara, o que houve? — perguntei preocupada.
— Se você não mentisse, ajudaria — Lucas praticamente rosnou para mim, a puxando contra ele.
— E onde eu menti? — perguntei atônita — Eu realmente conheci Eliel no jantar do Wong, foi na mesma noite que te conheci! Você estava lá, não se lembra?
— Não minta para nós, principalmente para ela! — seria fofo todo esse cuidado do Lucas com a Clara, se não fosse pela óbvia ameaça que eu estava recebendo.
— Eu Não Menti! — respondi pausamente — Eu conversei com Eliel apenas duas vezes na minha vida inteira, sendo que uma delas nem foi uma conversa propriamente dita, foi mais ele invadindo meu sonho.
— Ele invadiu seu sonhos? — Erick perguntou espantado.
— Eliel, Wong, Vlad — fiz um sinal com a mão, como se não fosse nada — Eliel e Vlad fizeram isso uma vez só, apesar que acho que ainda terei muitas visitas do Vlad, mas Wong aparece sempre, muito mais do que o tolerável.
— Por que mente? — a voz do Lucas era afiada como adagas, eu não duvidada nada que ele pudesse fazer alguém tremer de medo só de o ouvir.
— Por que você ainda está a ameaçando? — Theo devolveu. É, a maioria das criaturas do mundo até podiam temer o vampiro a minha frente, mas nenhuma delas tem Theo as abraçando e disposto a matar para lhe manter seguras.
— Me ameaçar não dará resultados nenhum, apenas me diverte — eu sorri debochada — se eu não tive medo de Eliel, Wong ou Vlad e não hesitei em invadir uma reunião de Alfas e confronta-los, você acha mesmo que vou ter medo de você?
Ele me encarou, levantei a minha sobrancelha em desafio. Eu tinha gostado dele e realmente gostava da Clara, mas não ia baixar a cabeça para um vampirinho metido a besta.
Aliás, eu jurei que nunca ia baixar a cabeça para ninguém!
— Meu pai disse a Lucas que te conhecia a muito tempo — Clara disse, interrompendo a possível discussão que aconteceria — por isso que não estamos entendendo.
— Eu também não entendi — respondi — eu realmente o conheci aquele dia. Ele podia estar falando de Theo, já que o conhece desde o nascimento.
— Eu conversei poucas vezes com ele — Theo estava mais calmo, mas apertava minha cintura — cinco ou seis a minha vida inteira. E nenhuma foi uma conversa longa, apenas trocas de palavras.
— Não, Eliel foi claro, ele conhecia vocês dois a muito tempo, até citou hábitos que você dois possuem — Lucas ainda estava sério.
— Então ele estava mentindo, porque eu só o conheci naquela noite!
— ELIEL NÃO MENTE! — Lucas quase gritou, rosnando para mim. — ELIEL. . . — ele estava se levantando do sofá, realmente muito bravo, mas Clara o puxou de volta.
— Lucas! — eles se olharem, ela apertou a mão dele e, não sei como, ele se acalmou — Talvez meu pai tenha feito com Eve, o que fez comigo.
— Vigiado de longe? — Nathalia perguntou.
— Sim — Clara concordou — isso explica porque ele a conhecia, mas ela não.
— Teu pai te vigiava de longe? — perguntei espantada.
— Eu não o conhecia até semanas atrás — ela respondeu pesarosamente — apenas conversamos uma vez.
— Na noite seguinte ao jantar de Wong — Lucas completou enquanto abraçava Clara, a consolando.
— Pelo jeito que ele falou de você, eu achei que vocês se conheciam. Ele têm fotos suas no celular dele — falei.
— Eve, até esse momento, eu nem sabia que ele tinha celular. Não sei quase nada sobre meu pai. Certo, sei o que todo mundo sabe, a história do poderoso arcanjo que lutou contra Lúcifer, que reinou na Terra desde se então. Mas o meu pai, aquele por quem minha mãe era apaixonada, o que diz que me ama, eu não conheço — ela estava tão triste.
— Eu sinto muito — eu fui sincera — eu não sabia disso. Ele falou de você com tanta paixão. Até reclamou que vocês não passavam muito tempo juntos, mas que esperava que pudesse resolver isso logo. Ele também falou para que os visitasse depois. . . — parei de falar porque me lembrei das palavras dele, de repente elas faziam muito sentido — ele planejou isso!
— O desaparecimento? — Lucas revirou os olhos — Óbvio que ele planejou desaparecer, foi por isso. . .
— Não é disso que estou falando! — minha vez de interrompe-lo, depois me voltei para Clara — Seu pai me disse que gostaria de conhecer Lua, mas achava que não teria tempo antes de ir viajar, pelo menos foi isso que eu entendi e não, ele não me deu nenhuma pista sobre onde ia, apenas disse que tinha coisas para resolver — falei antes que Lucas ou Clara me perguntassem algo — O fato é que ele falou que sabia que você e eu seríamos amigas e ainda disse algo do tipo "quem sabe quando eu voltar, você e Clara já não se conheçam". Ele sabia que nos encontraríamos.
— O seu bando — Theo murmurou e olhei chocada para ele. Sinceramente, eu não tinha levado muito a sério essa parte da conversa, até aquele momento, foquei na parte do "traidor".
— O que? — Clara me perguntou confusa — Desculpa Eve, mas qualquer informação nova sobre o meu pai é fundamental, ninguém está entendendo o que está acontecendo, muito menos eu — ela falou desesperada.
— Ok, a algumas noites — quantas foram? Eu nem tinha mais ideia — seu pai apareceu no meu sonho. Bem, ele não apareceu diretamente, só a voz dele, eu estava em algum lugar cheio de névoa e não conseguia enxergar nada. Enfim, ele falou que tinha um traidor entre os lobos, que era para eu tomar cuidado, que existe um grupo espalhando o ódio e eram eles que estão inflando essa guerra. Mas você precisa prestar bem atenção nisso, porque ele disse que a causa de tudo isso, está perto de você.
— De mim? — ela perguntou assustada.
— Ele não deu detalhes, nomes, nada, foi evasivo o tempo todo. O que ele me fez prometer é que te ajudaria quando você precisasse, ele quis deixar claro que era para eu estar por você, quando você precisasse. Algo sobre o Lucas te proteger, mas vocês precisariam de mais ajuda. Ele também falou que eu não podia contar a ninguém que ele tinha falado comigo, apenas para o meu bando, porque eu as reconheceria, quando as encontrasse.
— Bando? — Lucas perguntou — Do que você está falando?
— Quem conhece Eliel de verdade é você, me diz você o que ele quis dizer — retruquei.
— Por que ele apareceu para você e não para ela? — foi a vez de Nathalia perguntar.
— Também não sei, ele disse que não poderiam saber que ele estava aqui, ele não quer ser rastreado.
Segundos de silêncio, até Lucas e Clara estarem abraçados, ele sussurrava coisas em seu ouvido, enquanto ela chorava. O jeito deles me lembrou como Theo estava comigo apenas horas atrás, me abraçando enquanto eu chorava. Mesmo agora, ele me mantinha perto dele, me abraçava pela cintura, pronto para me proteger de qualquer coisa. Assim como Erick mantinha Nathalia perto dele, Lucas fazia com Clara.
Descansei minha cabeça no peito do meu namorado e esperei que Clara e Lucas tivessem o tempo deles, ela precisava.
— Obrigada — ela disse para Lucas, que limpou suas lágrimas. Depois ela se voltou um pouco envergonhada, mas tudo bem, eu também não gostava de chorar na frente dos outros — Eve, você pode contar, detalhadamente, tudo o que aconteceu nas duas conversas que teve com meu pai?
— Claro — eu não podia negar isso a ela.— Eu nunca mais vou te largar! — eu enchia minha filha de beijos e ela gargalhava — Nunca mais você sai de perto da mamãe e do papai!
— Eu gosto disso — Theo sorriu e eu ri, eu não duvidava que ele estivesse falando sério.
Estávamos jogados no tapete da sala, James, Luana, Thalita e Edu estavam aqui. Clara, Lucas, Nathalia e Erick também. Fora o pessoal de casa.
— Que susto que você nos deu, mas você é uma menina muito forte e corajosa, não é? — Theo brincava com Lua que concordava com tudo. Desde que ela chegou, não tinha soltado de mim ou dele.
— Obrigada de novo — falei para Nathalia — por ter cuidado dela enquanto vocês estavam presas.
— Não precisa agradecer — ela sorriu — eu nunca faria nada com ninguém, ainda mais um bebê. Não é porque fui mordida por um Carniceiro Vagante, que vou agir como um.
— Então você nunca comeu, sabe, carne humana? — Hugo perguntou.
— Que nojo! — Bernardo exclamou.
— Eca, não! — Nathalia fez careta — Não mesmo e nunca vou.
— Não faz parte dos instintos dos Carniceiros? — Henrique perguntou — Como você se segura?
— Realmente, você esteve numa situação de muito estresse e mesmo assim protegeu a minha neta — James falou — deve ter muita força.
— É que. . .— ela respirou fundo para falar, Clara sussurrou algo e ela concordou — sou uma Transferidora.
A maioria das pessoas na sala fez cara de espanto, devia ser algo muito importante e chocante, mas eu não fazia a menor ideia do que significava.
— O que é uma Transferidora? — perguntei, já que parecia que ninguém ia me explicar.
— Basicamente eu posso absorver suas habilidades e passar para outra pessoa, sou um tipo de fio condutor — Nathalia explicou.
— Tipo a Vampira do X-Men? — Bernardo fez a pergunta que eu queria fazer.
— Quase — Nathalia riu —A diferença é que eu posso armazenar pouca coisa em mim, mas se for para passar para outra pessoa, é ilimitado.
— Entendi, mas porque todo mundo fez essa cara de espanto?
— Transferidores são raros — James falou — É quase um milagre você chegar a essa idade e livre.
— Eu sempre tive Erick comigo — ela sorriu para o anjo, que beijou sua cabeça. E eu fiquei sem entender.
— Depois te explico — Theo sussurrou para mim. Como sempre, ele entendia o que eu queria sem que precisasse falar.Eu estava na cozinha, pegando um suco para Lua. O resto da família estava espalhada pela sala, comendo pizzas direto da caixa. Comer pizza nessa casa era quase sagrado.
— Preciso falar com você — quase pulei de susto, Lucas me olhava sério, ele alguma vez sorria?
— Sobre?
— Eu realmente achei que você estava mentindo quando falou sobre Eliel.
— Está tudo bem, não precisa se desculpar. Nós. . .
— Eu não peço perdão por nada, não ia começar justo com você — ele falou.
— Lucas! — Clara apareceu de trás dele — Me perdoe pelos modos dele.
— Seu namorado tem sérios problemas de gênio, mas o meu também — dei de ombros.
Afinal, convenhamos, Theo não é a pessoa mais educada que existe.
— Eu vim explicar porque tive a certeza que você mentia — ele continuou o assunto — você disse que tanto Eliel, como Alfa Wong e Lorde Tepes invadem seus sonhos, certo — eu concordei — Isso deveria ser impossível. Eliel tem o poder de entrar na mente de qualquer um, mas precisaria te tocar para poder fazer isso. Alfa Wong é um Alfa Lupino, apesar de poder se conectar com todos os seus Lobos, não acredito que Marcados estão dentro desse limite, pelo menos não que eu saiba. E Lorde Tepes possui conexão com todos os vampiros, não com nenhum lobo e muito menos com um Marcado.
— Como assim?
— De todos nessa casa, o único que ele poderia se comunicar em sonhos, por exemplo, sou eu, pois sou o único vampiro — ele me olhava sério.
— O que isso quer dizer? Que acha estou mentindo?
— Não, pelo contrário, tenho certeza que está dizendo a verdade, mesmo que eu ainda não saiba como isso é possível. Ah não ser. . .
— O que? — perguntei exasperada.
— Eve, só existe um tipo de criaturas que, independente da espécie, podem se comunicar desse jeito, como você faz — Lucas parecia me avaliar, como se estivesse me estudando.
— Qual tipo?
— Os Alfas.Parabéns para a flor212, FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!!!!!
Muito obrigada por me acompanhar há tanto tempo (mesmo que seja difícil te surpreender, porque você sempre descobre o que vou fazer! Kkkkkkkkk)
😘😘😘😘Não vou justificar a minha demora, mas prometo tentar não repetir!
Próximo capítulo saí em 2/3 dias
😁
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Caçada - Marcados
FantasiaE a guerra começou. . . Qual o meu papel nela? Eu também queria saber, mas sei que estou bem no meio dela. Com o sumiço de Eliel, nada mais é garantido, nada mais é como antes. O conselho não se resolve, cada espécie cria novas regras para tentar co...