Jennifer.

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Se Patrick dissesse que estava surpreso pela vinda de Jennifer ali, ele estaria mentindo. Depois que ela havia saído de Obreira junto com Patrick o relacionamento dos dois era meio conturbado. Um dia eles estavam juntos, no outro eles ficavam uma semana sem se ver, é assim como Patrick havia saído da Obra sem nada, Jennifer havia perdido tudo, casa, emprego, amigos e dignidade.

Patrick se sentia culpado, em algum lugar, lá no fundo de seu peito, sabia que Jennifer nunca havia sido uma flor que se cheire, e foi preciso apenas que ele cutucasse para que ela mostrasse a sua verdadeira face, mas e se ele não tivesse entrado em sua vida, será que ela não estaria em uma situação melhor?

Ele olhou para a garota s de lembrou dos dias que os dois tinham algo que podia ser chamado de vida. Jennifer sempre estava bem vestida, maquiada e seus cabelos devidamente cuidados. Agora, era uma outra pessoa. Os cabelos ressecados, olheiras profundas embaixo dos olhos, as roupas rasgadas e uma expressão pertubadora.

Os dois nunca haviam conhecido Deus de verdade, mas era mais do que nítido que qualquer coisa era melhor do que aquilo que os dois estavam vivendo.

Patrick deu um passo para o lado para que Jennifer entrasse. A garota deu um beijo rápido no rapaz e se dirigiu ao banheiro.

Vinte minutos depois, ela estava de volta, vestia algumas roupas de Patrick que lhe serviam limpas e sorriu:

-O que um banho não faz com as pessoas né? -Ela suspirou. -Não fazia ideia de qual foi a última vez que havia tomado um tão tranquilamente como tomei aqui. -Jennifer olhou para os lados. -Tem alguma coisa para comer?

Patrick ergueu o queixo apontando para algumas sacolas em cima da mesa improvisada.

-Como você me achou? -Ele perguntou enquanto ela comia.

-Bernado disse que você tinha começado a virar gente, falou que você tinha começado a trabalhar no bar do Zeca, e que não estava mais morando na rua. Então te segui. -Ela deu de ombros.

Patrick balançou a cabeça:

-Eu tinha que dar um jeito na minha vida, estou cansado Je, de viver nas ruas.

-Eu também. -Ela suspirou e se levantou ficando e frente ao rapaz. -Eu também estou cansada.

-Eu vou conseguir sair desse buraco, Je. Você vai ver!

Ela sorriu e o beijou:

-Eu sei, você sempre consegue tudo o que quer. -Ela sussurrou e foi a vez de Patrick a beijar, como ele precisava de alguém que dissesse aquelas palavras. -Toma, achei que você ia querer um pouco disso. -Ela disse colocando alguns pinos de cocaína na mão de Patrick.

Ele pensou em negar, mas sentiu todo o seu corpo começar a formigar pelo desejo.

-Eu já usei. -Ela fungou. -Fique a vontade. -E começou a tirar sua camiseta e olhando sugestivamente para Patrick.

O rapaz sorriu. E era por isso que ele gostava de Jennifer. Ela dava para ele o que ele precisasse, e não pedia nada em troca. Quando ele queria ela estava lá, quando não queria ela sumia e esse era o tipo de relacionamento que ele precisava, não alguém que ficasse controlando a sua vida.

Ele acariciava o cabelo de Jennifer quando os primeiros raios de sol iluminavam o pequeno colchão em que os dois estavam.

-Bom dia. -Ela sussurrou com a voz rouca o beijando delicadamente.

-Bom dia. -Ele sorriu retribuindo o beijo.

O despertador de Patrick começou a tocar e o rapaz respirou fundo se despreguiçando e se levantando.

-Aonde você vai? -Jennifer perguntou parecendo assustada.

-Eu preciso me arrumar para ir trabalhar, Jennifer. -Ele começou a pegar suas roupas que estavam jogadas pelo chão e começou a caminhar até o banheiro.

-Patrick, espera! -Patrick se virou para encarar a moça.

-O que foi? -Ela perguntou impaciente.

-Nada. -Ela engoliu em seco.

Patrick deu de ombros e foi tomar banho sem se importar com a expressão de tristeza que se formava no rosto de Jennifer.

Rapidamente ele tomou banho e começou a tomar café da manhã quando a expressão de Jennifer o incomodou:

-Está tudo bem?

-Sim.

-Parece que não gostou da nossa noite juntos.

-Eu gostei.

-Certo, olha eu vou ir trabalhar. Quando você vai embora?

-Como assim?

-Ué, Jennifer! Quando você vai ué embora, como você sempre faz?

-Eu não vou embora, Patrick.

Patrick sorriu ironicamente e começou a beber seu café.

-Por quê?

Jennifer respirou fundo como se tentasse criar coragem:

-Eu estou grávida, Patrick. -O café desceu rasgando a garganta de Patrick. -Eu estou grávida. E o pai é você!

Feito de OrgulhoOnde histórias criam vida. Descubra agora