Feito de Orgulho

"re"Começar.

É fácil você falar para uma pessoa "Não ligue para o que as outras pessoas pensam!", difícil é quando você tem que se esforçar ao máximo para não se importar.

Patrick era uma pessoa muito orgulhosa, ele queria ser perfeito e esse era o seu maior defeito, quanto mais perfeito ele tentava ser para as demais pessoas, mais ele se perdia.

Desde de criança, ele procurava ser aquilo que as pessoas esperavam. Não era difícil fingir ser de Deus, era algo que você aprendia. Deveria ser educado, se vestir e falar adequadamente, gostar de ajudar as pessoas... Enfim, ninguém desconfiaria que o jovem nem sabia como era ter Deus de verdade dentro de si.

Muitas pessoas tinham que recomeçar, mas Patrick tinha que começar.

Começar sem se importar com as pessoas.

Mesmo com o seu orgulho gritando, Patrick aceitou a ajuda do Pastor Ricardo, ele era uma ótima pessoa, quando o jovem pensava em desistir por causa dos julgamentos das outras pessoas, ele sempre estava ali para motiva-lo, mostrando que aquilo não importava.

Logo Patrick se viu liberto totalmente dos vícios e tomou a decisão de se batizar novamente.

Três meses foram o bastante para que ele tomasse essa coragem.

Ele se lembrava do dia que havia se batizado pela primeira vez, ele tinha doze anos e em um evento dos adolescentes, vários haviam tomado a decisão de se batizar... Por que ele não deveria também?

Então ele pode perceber que ele nunca havia matado sua velha criatura, havia apenas a mascarado, não havia sido uma atitude que tinha partido dele, Patrick apenas tinha feito o que todo mundo fez.

Mas agora ele estava ali, e nada mais importava.

Logo após do seu batismo, ele começou a frequentar as reuniões regularmente, ele praticamente comia toda a palavra que saia da boca do Pastor, todo o conselho que ele recebia, Patrick fazia de tudo para colocar em prática.

Era difícil, pois às vezes sua vontade era fazer totalmente oposto do que era pedido, mas era aquilo que Deus pedia.

Sacrifício.

-Patrick? -Teresa o chamou quando o rapaz esfregava o chão da igreja. Todos os grupos estavam presente para a limpeza e era ótimo estar ali. Patrick fazia de tudo para ocupar sua mente, pois ele sabia que se estivesse com a mente vazia, o diabo trabalharia.

-Ei, Obreira! -Ele sorriu.

-Sabe que não precisa né, me chamar de Obreira... -Patrick deu de ombros, ele só queria fazer as coisas certas. -Como estão as coisas?

-Finalmente estão andando sabe. É como se eu começasse a viver de verdade agora!

-Fico feliz em saber disso!

-Eu também... Essa semana eu fiz uma entrevista de emprego, e vou começar a fazer um curso de auto mecânica, logo vou conseguir alugar uma casa e não vou mais incomodar o Pastor Ricardo aqui. -Ele soltou uma risada nasal.

Patrick sabia que iria sentir falta de morar na igreja junto com Ricardo, mas ele precisava ajeitar a sua vida.

-Isso é ótimo... Mas e os seus pais?

-Meus pais? -Patrick perguntou confuso.

-Eles sabem de tudo isso?

-Ahhhhh, não...

-E quando você pretende contar para eles? -Teresa perguntou arqueando uma das sobrancelhas castanhas.

-Em breve.

Mentira. Patrick se lembrava do dia que havia sido a sua consagração a Pastor, seus pais ficaram tão orgulhosos! Patrick o único filho deles, um grande homem de Deus!

Eles não podiam sequer sonhar o que Patrick havia passado! Que agora estava lutando pelo pão de cada dia, dois Obreiros que faziam de tudo pela Obra de Deus, não imaginavam que seu filho nunca havia sido de Deus de verdade.

-Em breve quando, Patrick?

-Eu não posso contar a eles, Tess!

-Não pode, você deve!

-Mas...

-Eles tem o direito de saber!

Patrick engoliu em seco quando viu que por mais que tentasse fugir, era inevitável. O rapaz terminou de limpar a igreja e caminhou até um telefone público mais próximo.