Uma criança.

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-O que você acha desse vestido? -Jennifer levantou um vestido vermelho na frente de Patrick que estava estudando.

Patrick levantou os olhos para o vestido:

-É bonito.

-Bonito? Só isso? Achei que gostasse de vermelho!

-E eu gosto, mas acho que o corte desse vestido não vai cair bem no meu corpo. -Ele voltou a olhar para o caderno.

-Sem graça! -Ela abafou uma risada e Patrick deu um sorriso de lado. -Vou com ele para a igreja.

-Minha filha, ainda são quatro horas da tarde e você já está se arrumando?

-É claro!

-E a Valéria?

-O que tem ela?

-Já separou a roupa dela?

-Pra quê?

-Pra ela ir a igreja! -Ele exclamou.

-Ela não vai.

-Como assim?

-Patrick, não posso chegar na igreja com uma criança!

-Por quê? -Patrick perguntou, mas já sabia a resposta.

-Patrick, meu querido. -Ela se sentou na frente do rapaz e segurou o rosto do rapaz. -As pessoas vão criticar apenas pelo fato que eu vou a igreja, imagine se eles souberem que eu tive uma filha!

-Mas Jenny, se você não percebeu, nós dois vamos a igreja, a Valéria vai ficar em casa sozinha? -Patrick perguntou ironicamente.

-Não vejo problema.

-JENNIFER! -Ele a olhou horrorizado. -Ela só tem dois anos!

-Quase três. -Ela deu de ombros.

-Ela é uma criança!

-É só coloca-la para dormir, uma hora apenas, nada de ruim vai acontecer.

-Já deixou ela sozinha alguma vez?

Patrick não precisava que Jennifer respondesse, a jovem se levantou e simplesmente virou as costas para o rapaz.

Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos. Pegou um casaco rosa de Valéria e sua carteira.

-Lela?

A garota correu até ele e Patrick a pegou no colo.

-Já volto. -Ele gritou para Jennifer e fechou a porta atrás de si.

***

Dona Angélica franziu as sobrancelhas quando Patrick apareceu em sua porta com uma garotinha.

O rapaz sabia que a mulher não gostava muito dele, e não era por menos. A mãe de Teresa deveria ter um desgosto enorme por toda a confusão que ele havia causado no passado com sua filha.

-É, oi Dona Angelina...

-Que surpresa você por aqui...

-Desculpa, eu não viria aqui se não fosse urgente...

-Entra, vamos conversar na minha sala.

***

A casa de Teresa continuava a mesma. Quadros da família decoravam a estante, algumas fotos bem antigas de Eduardo e Teresa brincando com um homem alto que se parecia com Teresa. Patrick sabia que aquele senhor era o pai de Teresa, quando os dois estavam juntos, a moça tinha contado um pouco da sua vida para o rapaz.

O pai de Teresa tinha problemas sérios com álcool, e no fim acabou perdendo a vida em um acidente de carro.

O mesmo aconteceu com Eduardo, o irmão mais velho da moça.

Patrick explicou a situação resumidamente para Dona Angelina que escutou tudo silenciosamente, quando ele terminou ela tomou um gole do suco e respirou fundo:

-Então ela é sua filha?

-Estou esperando o resultado do teste.

-Mãaaaaaeeeeee! -Amara veio correndo até a sala e parou momentaneamente quando olhou para Patrick. -É... oi... -Ela olhou assustada para a sua mãe.

-Patrick está aqui Amara, porque eu vou ficar cuidando da pequena Valéria por algumas horas. -Angelina respondeu a pergunta silenciosa de sua filha.

-Ok, eu volto depois. -A garota deu meia volta, sem antes dar uma boa olhada em Patrick e saiu andando.

-Então você vai ficar com a Valéria?

-Sim, Patrick. Mas você sabe, não pode esconder a criança para sempre.

-Não estou escondendo, só quero que Jennifer se acostume! -Ele se levantou. -Muito obrigado, Dona. Assim que eu receber, eu pago a senhora...

-Não precisa. Será um maior prazer!

-Achei que não gostasse de mim...

-Estou fazendo o que a minha filha ficaria feliz em saber. Se ela a mais machucada está de boas com você, então, está tudo bem.

Patrick sorriu se despedindo de Angelina e Valéria.

Feito de OrgulhoOnde histórias criam vida. Descubra agora