Patrick acordou cedo naquele sábado. Se levantou silenciosamente, tomou um banho rápido e acordou Valéria.
Mesmo a garotinha não entendendo nada, com o gesto de silêncio de Patrick a menina concordou. Rapidamente ele colocou uma blusa de frio em Valéria, touca e luvas, e escreveu um bilhete para Jennifer quando a moça acordasse.
Patrick pegou Valéria no colo e começou a andar pelas ruas. Ele não ia deixar a garotinha sozinha com Jennifer, tinha medo que a mulher pudesse machucar ainda mais a pequena.
O rapaz entrou no prédio de Larissa e tocou a campainha diversas vezes. Demorou para que a jovem o atendesse e quando abriu o sono dificultou a compreensão do que estava acontecendo ali.
Sete horas da manhã. No sábado. Frio. Patrick com uma criança nos braços batendo em sua porta.
-Oi! -Ele sorriu.
Larissa esfregou os olhos:
-Oi? Patrick você sabe que horas são? -Patrick abriu a boca para responder mas nada saia. -Você endoidou? EU ESTAVA DORMINDO!
-Estou vendo pelo seu look de hoje. -Ele apontou para o pijama azul e as pantufas de coelho que Larissa usava.
-Isso não tem graça! -Ela parecia realmente brava. -O que você quer?
-Preciso da sua câmera.
-Que câmera?
-A que você usa no FJU!
-Pra que você precisa dela?
Patrick mordeu o lábio, ele não queria dizer que precisava de uma prova que Jennifer batia realmente em Valéria. Certamente, Larissa enlouqueceria. Mas ele precisava, porque assim que comprovasse que não era o pai de Valéria, ele mostraria aquilo para o conselho tutelar e Valéria teria alguém que de verdade cuidaria dela.
-Eu não posso te explicar agora, mas eu preciso que confie em mim.
-A câmera não é minha, é do Jota.
-Do Obreiro João Lucas? O namorado da Obreira Mônica?
-Isso.
-Ele é meu amigo também! Não faz mal nenhum!
Larissa franziu as sobrancelhas desconfiada.
-Vamos, Obreira! Por favor! -Ele implorou e Larissa se sentiu péssima por ser convencida tão facilmente por aqueles olhos azuis.
-Se você quebrar essa câmera, eu quebro a sua cara e ainda faço você pagar!
Ele sorriu:
-Sim senhora!
***
Patrick estava a caminho do hospital quando Valéria finalmente acordou e quis descer do colo do rapaz. Seus braços estavam dormentes e ele olhou para aquela criaturinha tão pequena que pesava tanto.
Os dois andavam em silêncio até que passaram por uma padaria e Valéria olhou para alguns paes que estavam a mostra.
Patrick bateu a mão contra a testa. Como ele era irresponsável! Saia de casa sem dar nem um leite para uma criança. Ele parou e se agachou até estar a altura da garotinha:
-Lela, você está com fome?
Que pergunta idiota, Patrick pensou.
Ele a pegou pela mão e entraram na padaria. O ar quentinho e o cheiro de pão fizeram o estômago de Patrick tremer sinalizando que ele também estava com fome.
-Você vai querer o quê? -Ele perguntou.
Valéria o olhou assustada como se nunca tivessem dado o poder da escolha do que ela queria comer.
-Anda, Lela. Pode escolher. -Ele a incentivou com um sorriso.
Valéria olhou para os enormes bolos que brilhavam na prateleira e apontou para um enorme bolo de chocolate.
-Eu vou querer o mesmo. -Patrick sorriu.
***
Os dois estavam comendo e tomando café, Patrick tentava perguntar algumas coisas, mas logo percebeu que Valéria estava concentrada de mais em comer seu bolo e apenas sorriu e continuou comendo o seu. Quando já estava terminando, olhou para o prato de Valéria e viu que ela só havia comido a metade, ele não estranhou, afinal crianças não comiam muito, mas a garotinha olhou para ele e sorriu:
-Papa... Posso coocar o bolo na bosa?
-Você quer guardar o bolo? -Patrick estranhou a pergunta que nem se lembrou de corrigir a menina de que ele não era o pai dela.
-Sim, pa mamã.
-Oh... -Ele olhou para aquilo é sentiu seu peito apertar, mesmo Jennifer maltratando a garotinha, Valéria queria guardar o bolo para a mulher. -Pode comer o bolo, Lela.
-Mas e a mamã?
-Eu compro outro para ela.
Valéria olhou desconfiada, mas assim que Patrick pediu outro pedaço de bolo para a viagem a garotinha comeu tranquilamente.
No caminho do hospital, Patrick começava a entender que quando Jesus dizia para sermos como crianças era aquilo. Elas não guardavam ressentimento, elas só estavam ali cheia de amor e carinho sem às vezes receber em troca.
O rapaz respirou fundo e entrou no hospital, finalmente ele saberia o resultado do teste de DNA.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feito de Orgulho
Spiritual"Eu sempre fui o melhor. O melhor filho, o melhor aluno, o melhor das crianças da igreja, o melhor adolescente, o melhor jovem, o melhor Obreiro e consequentemente eu seria o melhor Pastor!" Patrick sempre esteve rodeado de pessoas que o admiravam...