Por mais que Patrick tentasse fingir que não estava vendo, ele via. Ele via cada um dos olhares que as pessoas lançavam para ele furtivamente.
Os Obreiros que sempre haviam andado junto com ele se cutucavam e o olhavam com pena.
Algumas Obreiras que um dia havia gostado de Patrick o olhavam com desgosto.
Jovens o olhavam assustados e forçavam um sorriso para o rapaz.
Os Iburds, que eram futuros Pastores nem sequer olhavam para Patrick.
Alguns chegam até ele e falavam "que bom que você está voltando!" Mas Patrick não queria ser um afastado, ele só queria ser igual a outras pessoas.
Mas seu pecado parecia ser maior. Ou as pessoas o faziam parecer maior.
Ele estava tentando suportar, ele estava tentando fingir que não se importava com tudo aquilo, até que no final da reunião Teresa veio falar com ele.
-Oi. -Ela sorriu e olhou para a ponta de seus saltos.
-Oi.
-Fico feliz que finalmente tenha vindo. -Teresa o encarou e seus olhos mostravam total sinceridade.
-Eu também fico feliz que eu tenha vindo.
Ela sorriu:
-Não é fácil se reerguer.
-Eu nunca me levantei, Tess. -Patrick passou os dedos pelos cabelos. -Fico feliz que um de nós tenha permanecido.
-E a Jennifer?
Patrick abriu a boca para responder, mas Jorge, um dos Obreiros que andava com Patrick antigamente parou ao lado dos dois.
-Teresa, é melhor que você tenha cuidado! -Ele disse olhando com cautela para Patrick como se o rapaz estivesse com alguma doença contagiosa. -Se eu fosse você, nem ficava perto desse rapaz, vai saber quem ele vai levar dessa vez. Como está escrito, más amizades corrompe os bons costumes! Se eu fosse você...
-Tudo bem, eu já entendi. Você quer que eu vá embora. -Patrick não deixou Jorge terminar de falar simplesmente o cortou e começou a andar apressadamente para fora da igreja.
Sua visão estava borrada. Ele ia chorar. Alguém vinha atrás dele gritando seu nome, mas ele não olhou. Quanto mais longe estivesse dali, seria melhor.
Como um lugar que pregava tanto amor, paz e compreensão podia o deixar tão ruim daquela forma?
-Ei, Patrick! -O Pastor Ricardo o segurou pelo cotovelo. Patrick tentou puxar seu braço para si, mas o rapaz era forte. Então sem pensar muito bem no que estava fazendo, Patrick cerrou o punho e acertou o queixo de Ricardo, fazendo ele o soltar logo em seguida.
-Me deixa em paz!
-Pastor! -Alguns Obreiros vieram correndo e se agacharam para poder analisar o rosto do rapaz. Sangue escorria dos lábios do Pastor e o rapaz se sentiu mal. -O que pensa que está fazendo?
-Eu não...
-Esta tudo bem... -Ricardo se pôs de pé e deu dois passos meio cambaleantes até estar em frente a Patrick. -Você tem duas opções. Ou me acerta o outro lado do rosto, ou aceita a minha ajuda. -Ele estendeu a mão. -O que você quer?
Lágrimas escorreram pelo rosto de Patrick e o rapaz segurou a mão de Ricardo.
***
Oi, friendzinhos! Como vocês estão?
Eu sei, eu sumi. E antes que vocês me joguem na fornalha, quero explicar algumas coisas para vocês.
Sabe quando vocês ficam até impressionados com tanta coisa boa acontecendo ao seu redor? Tudo dá certo, nenhuma luta, nenhum desastre, nenhuma vontade de desistir. Você tá lá correndo de boas, quando do nada você mete a cara na parede, e tudo aquilo que estava dando certo para você desmancha em apenas cinco minutos. Todas as suas certezas, planos e sonhos para o futuro sobre aquilo são quebrados e a dor é insuportável.
As pessoas até tentam te ajudar, mas você está sozinho, porque todas as certezas eram somente suas, então toda a decepção só cai em cima de você.
E você não sabe nem como explicar aquilo para Deus, em meio as lágrimas você só pede uma coisa "Meu Deus, faça essa dor parar!"
Esse foi o meu mês de março. O mês que eu fui lá em cima com todo o gás, mas que vim parar no chão com a mesma velocidade.
Pelo menos, Ele estava comigo. Um Deus que está cuidando de mim, fazendo com que essa dor seja mais tolerável.
Eu tentei escrever para vocês, eu juro. Mas a dor não só calava a minha alma, como os meus dedos, eu sabia que se eu tentasse escrever qualquer coisa, seria algo vazio e sem estrutura.
Então dei um curto tempo para mim. Para o meu coração.
O mês de Abril foi isso, olhar para mim, cuidar de mim.
Não digo que estou curada, pelo contrário, ainda está doendo, mas eu preciso seguir em frente, preciso resgatar a Verônica, cada parte dela.
E escrever é quase ela inteira.
Entao mais uma vez peço desculpas, desculpas também pelo recado está maior que o capítulo, mas eu precisava desabafar.
Peço que orem por mim.
Nenhuma dor é eterna, assim como nenhuma noite por mais escura que seja, impede do dia clarear, ou a chuva por mais forte do Sol nascer.
Estou esperando o Arco-íris.
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Feito de Orgulho
Spiritual"Eu sempre fui o melhor. O melhor filho, o melhor aluno, o melhor das crianças da igreja, o melhor adolescente, o melhor jovem, o melhor Obreiro e consequentemente eu seria o melhor Pastor!" Patrick sempre esteve rodeado de pessoas que o admiravam...