Acordei sentindo a cama afundar e um perfume masculino invadir minhas narinas, me virei pro lado e ignorei ele.
-Vamos gorda, acorda.- Fez cócegas em mim, chutei ele.
Lua: Vai se fuder - Me sentei na cama e ele tava deitado no chão com uma careta de dor.
Bruno: Bom dia pra tu também.
Peguei meu celular que marcava 06h da matina, olhei incrédula pra ele.
Lua: Olha a hora Bruno,que merda.- Ele sentou na cama.
Bruno: Eu deveria ter vindo mais cedo, eu sei.- Bufei.
Me levantei da cama indo em direção ao banheiro, tomei um bom banho demorado e coloquei uma calça jeans rasgada no joelho e um cropped. Peguei meus documentos e ajeitei tudo numa bolsa.
Sempre quis fazer faculdade de fotografia mas com duas crianças em casa era quase impossível.
Passei uma leve maquiagem e calcei um tênis da addidas, voltei pro quarto e Kauã e Analu já estavam lá, fui até eles beijando a a cabeça dos dois.
Kauã: Você vai ver o papai, mamãe? - Perguntou curioso.
Lua: Sim.
Nalu: A gente também? -Bruno me olhou.
Lua: Vocês querem? - Eles assentiram animados, suspirei.- Vão se arrumar então.
Eles saíram e eu olhei pro Bruno com cara feia.
Bruno: Ana precisa conhecer o pai.- Deu os ombros.
Lua: Tanto faz.
Bruno: Leva uma roupa, hoje tem baile.
Lua: Não vou.- Dei os ombros.
Bruno: Vai sim.- Ele falou.
Sabia que ele não ia desistir mas eu iria arrumar uma desculpa pra sair com meus filhos e não ir pra esse baile. Coloquei uma blusa preta e um short jeans claro e coloquei na minha bolsa.
Fui pro quarto dos meninos que já tomavam café e separei uma roupinha pra cada um também, depois de nos comemos os meninos saíram na frente com Bruno, ficando eu e minha mãe pra trás.
Marie: Segue teu coração menina, cuidado!
Lua: Vamos passar no shopping pra te buscar.- Desviei do assunto.
Dei um beijo na bochecha da mesma que fez uma careta de brava, sorri e saí indo em direção ao elevador. Apertei o botão -1 e esperei chegar, assim que chegou fui em direção do carro onde todos já me esperavam...
Kauã: Vamos andando mãe, tô com saudades daqui.- Falou assim que chegamos no pé do morro.
Lua: Vamos.
Todos descemos e Nalu pulou logo pra meu colo, Bruno chamou um dos vapores pra deixar o carro lá na casa dele, assim que eu vi de quem se tratava, sorri.
Caio: Lua? - Perguntou sorridente.
Fui até ele o abraçando com força,ele pegou Analu do meu colo e brincou um pouco com ela.
Naty e Bruno são padrinhos do Kauã e Camila e Caio da Ana.
Depois de falamos com ele começamos a caminhar.
Pouca coisa tinha mudado, o morro parecia não ter muita alegria mas mesmo assim ainda era possível ver crianças brincando, mulheres dançando...
Analu desceu do meu colo e foi andando com Kauã, entrelacei meu braços no de Bruno e assim fomos, por onde passávamos todos olhavam, alguns homens me comiam com os olhos, os vapores sorriam, umas putas me encaravam feio e assim vai.
Chegamos na casa de Nicolas e nada tinha mudado, mesmas cores escuras, vapores fazendo guarda, o jardim sem vida alguma, é, parece que pelo visto pouca coisa mudou.
Entramos na casa sem convite ou permissão, assim que entramos sinto o perfume dele no ar, olho pra mesa que tinha no centro e tinha fotos nossas e do Kauã, sorri. Nicolas tava sentando de costas pra gente tomando café e nem se deu o trabalho de olhar.
Kauã: Papai! - Gritou e seus olhos encheram de água.
Nicolas virou rapidamente e assim que visualizou Kauã abriu um sorriso de orelha a orelha, Kauã correu pra abraçar ele e Analu veio pra meus braços.
Analu era uma mistura minha e de Nicolas, os cabelos castanhos como o meu, os olhos verdes como os meus, a boca perfeita como a de Nicolas, ela era uma mistura de meu medo com a coragem dele.
Nicolas abraçou Kauã girando o mesmo no ar, Nicolas deixava algumas lágrimas escaparem, Kauã já chorava feito um bebê e eu, Bruno e Analu só olhávamos aquilo.
Me sentei no sofá com Analu que estava abraçada a mim encolhida, Depois de um tempo Nicolas soltou Kauã e veio em nossa direção em passos largos, ele não mudou nada, mesma cara de bosta, mesmo cabelo sendo uma mistura de loiro e castanho, mesmo olhos castanhos mas agora com brilho.
Nicolas: E aí.- Falou sem jeito.
Mil borboletas passearam pelo meu estômago, dei um sorrisinho.
Lua: Oi.- Ele sorriu de lado e olhou pra ela.
Nicolas: Quem é a piveta?
Kauã: Minha irmã, papai.- Sentou do nosso lado, Nicolas me encarou.
Analu: Eu tenho medo dele.- Sussurrou para Kauã.
Nicolas me olhou e depois olhou pra ela, parecia analisar cada centímetro dela, depois ele olhou pra mim.
Nicolas: Ela é a tua filha? - Sua voz saiu fraca.
Lua: Ela é a nossa filha! - Falei e ele me encarou.
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Maktub
RomanceEstava escrito, ou melhor, tinha que acontecer. Depois de um tempo ela decidiu voltar, decidiu enfrentar os problemas, mas agora ela cresceu, ela é uma Mulher, ela já é dona de si, com seus 2 filhos ela retornará ao Morro da Rocinha para enfrentar...