Maktub

Capítulo vinte oito.

Lua.🌙

Fui jogada violentamente no chão e senti uma dor absurda, o filho da puta olhou pra mim mandando beijo e saindo da sala imunda, comecei a chorar encolhida, senti um ardência na minha mão, aonde ele havia atirado. Escutei mumuros e logo em seguida a porta foi aberta.

- Me dá essa mão aí. - Um homem entrou.

Lua: Não,obrigada! - Respondi me encolhendo mais.

-Ih filha, para de idéia, me dá essa porra.- Se sentou do meu lado.

Ele começou a limpar e fazer os procedimentos lá, eu estava morrendo de fome.

Lua: Porque tu tá fazendo isso? - Perguntei curiosa.

- Não tolero essas idéias de envolver família nisso não pô.- Assenti. - Sou Tubarão, qualquer coisa só chamar.

Lua: Será que você podia trazer comida? - Perguntei envergonhada por pedir demais.

Tubarão: Vou tentar, fica na boa aí.- Saiu pela porta e eu me deitei no chão.

Era bom saber que em meio a esse turbilhão de pessoas ruins algumas ainda escapavam. Continuei ali acho que por horas, Tubarão não havia voltado, escutei barulho de tiro e me assustei, será que era o filho da mãe do Nicolas? Me encolhi no canto e fiquei quietinha, os tiros ficavam mais intensos a cada segundo, a porta foi aberta bruscamente e vi Tubarão, que sangrava.

Lua: Você tá bem? - Assim que completei, escutei um estrondo.

Ele caiu de joelhos e depois caiu com o rosto no chão,corri em direção a ele sem me importar com quem atirou, ele revirava os olhos e se engasgava com seu sangue.

Lua: Calma, tu tem que ficar bem.- Bati de leve em seu rosto.

Pesadelo: Ele te sequestrou, que porra é essa? - Olhei pra ele com raiva.

A respiração do tubarão foi ficando lenta e ele já não se engasgava mais em seu sangue, ele foi ficando mole e simplesmente não se mexeu mais, ainda com os abertos. Os tiros já tinham cessado, Nicolas olhava pra mim e eu tentava acreditar que ele havia morrido, não conhecia ele direito mas era uma vida, ele me ajudou, minimamente, mas ajudou e no final morreu, por minha causa.

-Vamo velho.- Falou uma voz que eu conhecia muito bem.

Olhei pra cima vendo Kauã, segurando uma pistola com um colete, me levantei com lágrimas nos olhos,eu tentava entender que era o destino dele, com 16 anos porra,não com 8, tentava entender aonde eu tinha errado, meu erro maior foi voltar pro Rio, eu tenho certeza.

Sai na frente deles indo em direção a Bruno que estava ali parado com uma fuzil, de costas pra mim, quando eu ia tocar nele senti uma tontura e minha visão ficando turva e minhas pernas vacilarem, me fazendo cair.

Acordei no quarto do Nicolas com cabelos na minha cara, Analu dormia em meu peito aconchegada comigo, Kauã deitava um pouco mais afastado e Nicolas sentado na varanda, como sempre.

Ajeitei Ana e me levantei, ainda um pouco tonta fui seguindo pro banheiro, lavei o rosto e respirei fundo ao sentir Nicolas me observando.

Nicola:Tá bem? - Assenti.

Ia saindo dali mas ele segurou minha cintura me fazendo arfar.

Nicolas: Olha nos meus olhos e diz que tu tá bem! - Segurou meu rosto.

Lua: Eu tô bem.- Segurei o choro.

Ele me abraçou e eu deitei a cabeça em seu peito me permitindo chorar.

Nicolas: Desabafa comigo, sou teu amigo.- Me puxou pra varanda.

Ele sentou no chão e me puxou pra deitar em seu colo.

Lua: Eu me sinto péssima mãe, imagina se a Analu resolve entrar pra isso também? Só queria saber aonde foi que eu errei, foi o amor em excesso que eu sempre fiz questão de dar? Me fala, por favor!

Nicolas: Ana Luísa não vai entrar pra esse mundo.- Falou sério.- Tu não errou, ele escolheu assim.

Lua: Se ela quiser entrar ela irá sim! Nunca coloquei desigualdade entre eles e não será você que irá fazer isso, Nicolas! - Falei me levantando, ele se levantou junto comigo.

Nicolas: Volta pra mim? Namoral, eu tava esquentado, mil idéias na mente.- Sorri.

Lua: Por que você acha que tem poder sobre mim de ir e voltar a hora quem bem entender? Não é bem assim.- Me afastei. - Você não pode simplesmente pedir desculpa e eu vou fingir que está tudo bem! Eu tenho amor próprio, cansei de aceitar suas migalhas, me falaram que se o amor trás dor, não é amor.- Falei séria.- Se quiser me conquista você vai ter que ser bem melhor que isso. Eu não aceito mais migalhas de amor Nicolas Sampaio.

Ele abriu a boca diversa vezes.

Nicolas: Me desculpa...- Cortei ele.

Lua: Desculpa é a palavra mais mentirosa que existe sabia!? Fazemos coisas por querer e no final pedimks desculpa pra ficar tudo bem. Você vai ter que ser bem melhor que um desculpa ou eu te amo, você vai ter que provar isso como eu fiz diversa vezes por você. Acredite, não estou pedindo declarações ou flores, peço que em simples atos seus pra mim seja de coração, quero sentir amor em seus bom dias e fica bem, quero sentir que me amas de verdade, assim como eu te amo Nicolas.

Me levantei saindo, nesse meio tempo aprendi que o tal do amor próprio que as pessoas tanto falam, não é só questão de acordar e falar a si mesmo como você é linda e coisas do gênero, é também você se amar tanto a ser capaz de deixar uma das pessoas que você mais ama ficar livre, é aprender que você não precisa de ninguém pra sorrir, que amores rasos não merecem o seu tempo. Ter amor próprio é ser inteira, ser sua prioridade antes de qualquer um. Me sinto feliz de certa forma por te encontrado ele, eu amo muito o Nicolas sim, mas minha gente, eu me amo muito mais, eu dei milhares de chances a ele e ele estragou metade delas, eu reconstruir elas aos poucos mas dessa vez não,eu não vou dá a ele o poder de destruir-lás novamente, não vou dar a ele o poder de ir e voltar quando quiser, quando bem entender, esse poder é inteiramente meu, eu cresci, não sou mais aquela garotinha indefesa que tem medo dos seus problemas e foge deles, eu sou uma mulher agora, posso bater no peito e dizer com todas as letras "EU SOU UMA MULHER." Sei muito bem oque é bom e ruim, sei quando estou feliz ou não, sei que eu não preciso de ninguém além de mim mesma.

Ele certamente é o homem da minha vida, mas preciso que ele prove pra mim, até pra si mesmo, que eu sou a mulher da vida dele, sempre fechei com ele e espero o mesmo em troca.

Repetindo pela milésima vez.

EU NÃO RECEBO MAIS MIGALHAS DE AMOR, EU NÃO PRECISO DISSO!