Coração peludo

138 11 1
                                    

Vejo-me o que o tornei
Um animal irracional
Tudo porque não amei
Ou porque amar seja p'ra mim um mal

Eu via os casais
Se comportavam esquisito
Agora não amo mais
Não vou me contaminar disso, nem um resquício

Era um egoísta, cruel
Não ligava para o amor
P'ra mim, era a fraqueza fel
Achava que era indolor

Mal sabia eu que um dia
Eu, por ambição, a conheceria
E, por educação, a cortejaria
E, por sua sinceridade, lhe mostraria

O meu coração guardado a sete chaves
Numa caixa, num porão
Peludo, soube só o que era maldade
Mas depois que coloquei de volta o meu coração

Eu vi, eu senti e amei, e lhe toquei
Você era a mais linda do vale
Mas quando percebi, me desesperei
Tirei seu coração e na minha mão agora bate

O único que um dia eu amei
E que tragicamente o matei
Por conta do mal
Por conta de ter-me tornado animal

Todo aquele tempo, guardado
Meu coração estava sozinho
Não percebi que assim havia me matado
E agora estou de novo sozinho

Ele foi diminuindo, regressando
Voltou a agir pelo instinto ancestral
Virando assim peludo, animal
E agora que o vejo me matando

Me perdoe, perdoe este maldito coração
Eu achava o amor uma fraqueza
E hoje eu percebo que fraqueza
É quem não teve o privilégio de ser tocado o coração

Morro então.

*Esta poesia foi feita baseada em um livro de J.K. Rowling, do conto O Coração Peludo do Mago.*

Poesias De NinguémOnde histórias criam vida. Descubra agora