Minha morte

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Eis-me aqui um testamento
Que lido durante um julgamento
Virá a meus todos calhar
Todas as minhas proezas, meus erros ambos não irão atrapalhar
Desejo que os restos de matéria morta de que me tornei sejam espalhados em vários cantos
Cantos esse, que tanto é meu santuário quanto o abrigo de meus prantos
Nunca destruam o livro, pois nele meu coração estará perdido
Nas suas páginas estará adormecido
Minh'alma que descansa da podridão
E meu corpo voltará de novo ao pó do chão
Me joguem ao mar, pois nele virarei peixe
Pois nele uma sereia irá cantar e quando começar, deixe
E aprecie as ondas do mar
Nesta canção meu coração irá cantar
E depois, como as tempestades
Me personificarei como Hades
E destruirei o que restou da minha dimensão
E, como Ísis despejarei gotas do meu sangue em cada coração
Na árvore em que eu nasci de novo
Lá estava eu, uma criança, um ser novo
Estarei lá, peço a todos que não a derrubem
A pitangueira, que por toda vida meus olhos os deslumbrem
E que em meu coração irraizou um lar
Que nela vocês vislumbrem minha sombra ao clarear
E quando a noite chegar, a coruja que pia
O som sereno da lua, a noite a cantar minha alegria.

Poesias De NinguémOnde histórias criam vida. Descubra agora