Poesias De Ninguém

Desabafos

Eu me sinto tão sozinha... ou melhor, sinto medo de ser sozinha, de ficar sozinha, de me sentir sozinha. Tenho medo de mim e dos meus acessos de fúria, de tanto pensar e deter de conviver comigo mesma. Sinto-me como se estivesse sendo enforcada, não por mãos, por sentimentos, por angustias, por vazios. Não sei o que vou fazer. Não sei o que fazer. Nem o que vou ser. Queria poder descansar, queria poder ser fraca e me livrar de todo sofrimento, mas não consigo. Não consigo me abrir mesmo estando por dentro aos cacos, não consigo ser feliz plenamente se outros a minha volta sofrem. Minha vida é devastada e passei a me conformar com isso...pelo menos parcialmente. Minha familia é fragmentada, onde moro sinto-me deslocada e quando penso que faço o certo na verdade é o oposto...eu nem sei mais o que é estar certo, o que é ter uma vitória. Eu queria dormir, mas as lágrimas não me deixam. Amo demais e demonstro de menos...Isso me corroe por dentro. Queria poder dizer aos meus pais o quanto amo eles, o quanto sinto falta deles, queria abraçar minha mãe e ouvir seus conselhos, queria escutar a voz da minha irmã me dando broncas ou até do olhar duro do meu pai. Nunca tive tudo o que queria e mesmo se tivesse com certeza não cuidaria direito. Queria dizer pr'o homem que eu namoro o quanto amo, não em forma de palavras, mas demonstrando diariamente. Não consigo controlar meu gênio e acabo machucando as pessoas, afastando-as justo quando eu tenho medo de me ferir. Tenho medo de ser abandonada novamente como fizeram minha mãe, irmã e até meu pai, como fizeram os inúmeros caras com que me relacionei, como fizeram os que um dia julguei amigos. Eu vivo sozinha por ter medo de ficar sozinha. Queria poder ser mais presente, ser mais amável para com as pessoas, mas tudo que consigo imprimir nelas é desconfiança, inconstância, silêncio e ódio. O meu ódio é consequência do que sou, do fiz, do que falo e de como ajo. Tenho ódio de mim toda vez que me olho no espelho. Me sinto insegura mesmo quando as pessoas tentam me confortar de que tudo vai ficar bem e que elas me amam. Acho que tenho algum tipo de problema. Me perco nos braços dele, noa beijos dele, no toque, mas as vezes até nisso o medo, o receio me assalta a alma e eu fico perturbada. De tanto não ter nada fico com medo de perder o que tenho e esse medo me faz com que perca meus bens mais preciosos.