Como um toque de jazz...

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Fechado para o mundo

De costas para o destino

Pintando as paredes de verde

Enquanto uma música soa ao longe

Um toque de jazz, como aqueles lábios


Num dia nublado, cinza como as cinzas de um brazeiro

E os olhos acesos brilhando contrastando com toda a escuridão em volta

E mesmo escondendo-se em camadas de preto se destaca na multidão


Como num ritmo de jazz, ela anda

Não se sabe como se sente nesse mar de gente

Afundada num abismo de eufemismos e interrogações

Tentando encontrar sua porta interior e individual

Traçando uma linha branca em um chão poeirento


Enquanto canta um jazz

Anda a procura do incerto

E mesmo assim tem certeza ao fechar aos olhos

Um dia, uma noite, ao dormir, será o último

Ela me olha e sinto o corpo liquefazer

Enquanto ela dança jazz


Nesse torpor infindável, num estalar de dedos

A sorte não parece assim tão boa

Nem as luzes da cidade tão convidativas

Como naquele sorriso de canto

Numa silhueta alheia as sombras que a cercam

Como num sopro as notas voam aos meus ouvidos


Um canto, um pedido, um convite

Me fecham os olhos e abrem a mente

Um mundo novo me permite entrar

Onde se tocam sem parar jazz


O mundo gira a meus pés enquanto luzes perfuram o céu

As horas parecem parar ao vê-la

E tudo o mais não importa

Além dos descolados passos de jazz

Deslizados por pernas cansadas e ainda assim torneadas

Leve como uma brisa e marcante como um bom vinho tinto

Estão gravados na minha mente aquela música e seus movimentos


Assim como um corpo se deixa levar ao fundo do oceano

Me entrego ao desejo de apertar a mão que me estende

Deixo-me levar por seus encantos pervesos

Liberto-me para sentir seu mundo psicodelico

Encerrados numa caixa de som


Não consigo dormir mais

Não consigo encontrar de novo a porta

Sem senti-la por perto, sem ouvir sua voz

Nem seu hálito de noites alegres

Sem escutar os toques daquele jazz

Poesias De NinguémOnde histórias criam vida. Descubra agora