Prólogo

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A última coisa que me lembro, daquela noite da festa de formatura, foi que peguei um dos livros empoeirados da biblioteca que estava jogado no chão e, com um toco de lápis que encontrei em cima de uma das mesas de estudo, registrei um desabafo na ...

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A última coisa que me lembro, daquela noite da festa de formatura, foi que peguei um dos livros empoeirados da biblioteca que estava jogado no chão e, com um toco de lápis que encontrei em cima de uma das mesas de estudo, registrei um desabafo na sua contracapa. Não me recordo qual era o nome do livro, apenas ficou marcada na minha memória a imagem de uma capa dura de couro escura, do tamanho da minha mão. Não identifiquei a sua cor, por causa da pouca luz que adentrava o canto onde eu estava deitada, afastado das gigantescas janelas existentes ali.

Ainda que estivesse próxima a elas, a luz da lua e das estrelas não seriam suficientes para clarear aquele lugar. Eu tive que ficar na penumbra, pois, se acendesse apenas uma lâmpada ali dentro chamaria a atenção lá do lado de fora. E isto não podia acontecer de jeito nenhum. Com minha letra miúda e arredondada, em meio a lágrimas e gritos silenciosos, escrevi naquela página áspera algumas palavras que se apagariam com o tempo:

Não sei se alguém já sentiu uma cicatriz doer. As minhas doem. Doem muito. Tenho várias espalhadas pelo meu corpo e pelo meu coração. Quando as toco, sobre a minha pele, eu sinto dor. Quando o meu peito fica apertado, eu sinto dor. Uma dor que vem de dentro para fora. Uma dor que se renova a cada lembrança triste, de como cada uma delas nasceu em mim. E essa dor nunca se cessará por completo, porque as cicatrizes estão cravadas aqui, na minha alma, para sempre.

Elas são feridas, não curadas, presas na minha mente. Elas são o registro do que as pessoas são capazes de fazer com quem é diferente. Elas são o preço que tive que pagar por ser simplesmente como eu sou; tão incomum para os comuns.

Elisa Meyer, dezembro de 2004.




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