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2017.

Descemos do carro. Enquanto Théo fechava a porta, eu caminhei devagar até a entrada da casa. A cada passo dado, a cada canto que meus olhos pousavam, uma lembrança se formava na minha cabeça. Não tinha somente recordações tristes dali, existiam ainda que poucas, algumas coisas boas que carregava daquela casa dentro de mim. Na maioria delas eu estava só. Quando não estava sozinha, estava com dona Laura ao meu lado. Nós duas sentadas na porta, ela fazendo tranças no meu cabelo. Colhendo morangos. Devorando uma tigela de jabuticabas. Ela quebrando castanhas e me dando uma a uma, eu guardando-as na camisa que fazia de cesta. Ela cantando cantigas antigas para mim, que vovó Ana a ensinou. Meus lábios se curvaram num sorriso ao lembrar o que vivi de bom naquela casa. Mamãe nos recebeu com seu sorriso aberto e simpático. Ela me deu um abraço carinhoso e demorado. Dei umas batidinhas nas suas costas para que ela me soltasse.

— Sua benção, mãe!

— Deus te abençoe, minha filha!

Então, apresentei a ela o meu novo amigo.

— Mãe, esse é rapaz que eu te falei. Lembra?

— Ah, sim. O que tem feito você sorrir ultimamente — disse mamãe. — Como eu poderia não me lembrar de alguém que faz tão bem a minha filha.

— Dona Laura, não é? — Théo estendeu a mão para ela. — Eu não sabia que a Elisa andava falando de mim para a senhora. Muito prazer!

Eles se entreolharam e sorriram um para o outro. Os dois se deram bem como eu imaginava, até mais que isso, eu conseguia sentir uma cumplicidade entre eles. Algo que nunca vi antes entre duas pessoas que jamais tinham se encontrado. Eles dispararam seus olhares para mim.

— Eu só disse para ela que você é um cara legal — disse mexendo nas folhas da samambaia.

— Você só não falou que ele era um rapaz tão bonito, filha. — Ela elogiou. — É bonito e bem charmoso.

Ok. Mamãe me deixou constrangida. Théo ficou com as bochechas coradas depois de receber tantos elogios da simpática dona Laura.

— Que isso. A senhora que é muito gentil. — Ele acomodou uma das mãos sobre o ombro dela. — Sua filha me acha engomadinho... Coxinha. Ainda não sei se isso é bom ou não. Ainda bem que, pelo menos, a senhora gostou de mim. — Ele ficou me encarando enquanto falava, me desafiando para que eu respondesse algo. Mas resposta não foi dada por mim.

— Ela gosta muito de você...

Contraí os lábios e sacudi a cabeça, indicando para a minha mãe que não falasse de mais.

. Eu preciso ver umas coisas lá dentro, fiquem à vontade.

Mamãe adentrou a casa. Nós dois ficamos na varanda. Eu sentei em uma das cadeiras de balanço. Ele na outra ao meu lado e disse:

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora