Cheguei rápido a Doces Sonhos. O horário de pico do trânsito da manhã cessara. Tentei sair do carro. O motorista viu a minha dificuldade de encontrar um jeito para me levantar e conseguir sair. Então, ele saiu, deu a volta e me ajudou a descer do táxi. Ele foi embora, depois de receber o dinheiro da corrida. Lá estava eu parada, olhando para a fachada da confeitaria. A distância entre calçada e a entrada era curta, não tinha nem dois metros, essa falta de largura é comum por aqui. Por ter pouco espaço na frente, tivemos que abrir um ambiente na lateral da confeitaria para que os clientes pudessem estacionar os carros. Lá avistei um prateado que me parecia familiar. Talvez, fosse de algum cliente assíduo da nossa loja, pensei.
Aos pulinhos, literalmente, fiz o pequeno percurso. Segui tão devagar que deu para notar que havia pouco tempo que as plantas foram regadas. As folhas ainda estavam com gotas de água pingando sobre a terra dos dois vasos grandes, de argila vermelha, da entrada. Eram plantas de folhas grandes e largas em formato de coração, as quais eu não sabia o nome. A fachada preservava o estilo colonial das casas antigas da nossa região. A porta ao centro e quatro janelas, sendo duas à direita e duas à esquerda, compridas e estreitas. Porta e janelas de madeira escura. A parede externa era marrom, da cor de chocolate ao leite. A logo da confeitaria, acima da porta, era desenhada numa delicada estrutura de metal. Misturamos moderno e tradicional.
Entrei na loja, o interior de uma cor entre o bege e o amarelo, para mim era cor de pudim. Dava para ver mais um vaso no canto próximo ao acesso a cozinha. Do lado dele, uma mesinha de madeira envelhecida, sobre a qual tinha um charmoso bule de porcelana, que servia como vasinho para o arranjo de Camélias, que ajudavam a perfumar o ambiente, com seu aroma sutil. Ainda sobre a mesa, o bolo de amostra já estava pela metade, a tampa transparente da boleira me ajudou a observar esse detalhe. Passei rapidamente a vista pelo balcão, deu para ver que o dia de vendas começara bem.
No balcão, muitos doces enfileirados de modo simétrico. Os maiores embaixo e os menores na parte de cima. Sobre ele, algumas bailarinas com bolos de sabores variados. Nas prateleiras ao fundo, caixinhas de mais algumas guloseimas. Uns vidros de compotas e geleias. Pacotes de biscoitos amanteigados.
Nem consegui cumprimentar a nossa atendente, Renata, que estava ocupada com alguns clientes. Caminhei para o cubículo, entre a área de atendimento e a cozinha, que Gabi chamava de escritório. Soma-se pulinhos, mais eu estabanada, mais o cubículo da Gabriela, mais uma cadeira próxima à porta... E... Desastre? Exatamente isso.
Tropecei numa mochila que estava no cantinho da porta, meu corpo foi para um lado e meus braços se perderam um do outro no ar, um foi para cima e o outro para baixo. Tentei me equilibrar, mas com uma perna só estava difícil de conseguir essa façanha.
Opa! Quase caí no colo da pessoa sentada na cadeira.
E caramba... Não era possível!
Era ele! Bem vestido e com aquele cheiro bom.
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A Menina do Casulo
RomanceSINOPSE: Elisa Meyer é uma mulher solitária que guarda no corpo e na alma marcas de um passado cheio de traumas e mágoas. Ela nasceu com uma deformidade no rosto em decorrência de uma falha congênita, isso fez com que ela sofresse muitas agre...