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2017.

Quer ir num lugar comigo hoje? Desta vez a surpresa é minha.

Théo me enviara essa mensagem, meia hora antes da confeitaria fechar. Não respondi. Não sabia o que responder. Gabi fecharia a loja. Como ainda estava entristecida com o que acontecera no dia anterior, achava melhor ir para casa e me afundar na cama.

Ao atravessar a porta, para o lado de fora, fiquei surpresa com o que estava diante dos meus olhos. Théo encostado na porta do seu carro, na calçada em frente a Doces Sonhos, assim que me viu ele disse:

— Já que não me respondeu, eu vim te buscar.

— Eu não estou muito legal hoje — falei receosa parada no meio da calçada. — Talvez eu não seja uma boa companhia.

— Bah! Eu sei que tu não está muito bem — ele disse caminhando na minha direção. — Por isso planejei essa noite para gente se divertir. Confia em mim. Vem!

Ele estendeu a mão para mim e sorriu. Aceitei o convite e peguei na sua mão.

— Aonde a gente vai?

— É surpresa.

Ele olhou para mim e piscou.

— É que eu estou um trapo humano — cheirei os meus pulsos. — E precisando urgentemente de um banho.

— Você está linda não te preocupe — ele disse. — Sem contar que aonde a gente vai iremos suar bastante.

— Suar?

— Ê mente poluída.

Théo balançou cabeça dando risada.

— Ué! Eu não disse nada.

— Estou te zoando.

Fiz uma careta.

Théo pegou um caminho que não era nem o da casa dele e nem da minha. Pegou a rodovia dos Imigrantes. O som ligado tocava a playlist de rock. Não o Heavy Metal. Mas aqueles clássicos dos anos 80, com uma pegada mais romântica. Passou meia hora. Passou uma hora. Para aonde ele estaria me levando? A estrada estava escura. Novo Ipê já ficara para trás. Muita vegetação dos dois lados da pista. Vez ou outra, cruzávamos com caminhões. Quase não avistava carros pequenos. Eu perguntava para onde estávamos indo, mas ele fez mistério. Eu não sentia medo, e sim curiosidade. Porque ele fazia uma cara de menino que estava aprontando arte. E lhe daria uma bela bronca, assim que descobrisse a sua traquinagem.

Após uma hora e meia chegamos à capital, Cuiabá. Nem me lembrava mais da última vez que estivera ali; na cidade verde. Que já não era mais tão verde assim. Era do concreto. O concreto de prédios e mais prédios. Luzes e mais luzes nas avenidas de asfalto para os carros. Ruas vazias de vida. Não havia mais o charme das pessoas sentadas nas calçadas conversando ao anoitecer. Numa rua de casarões antigos, observei homens e mulheres maltrapilhos, descabelados e sujos. Eles acendiam cachimbos em grupos e a sós em cantos e becos.

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora