Epílogo

851 98 38
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Dois anos depois...


Observo em silêncio, e sorrindo, os dois no balançar da cadeira. Um vai e vem em um ritmo desacelerado, na contramão da pressa tão habitual dos nossos dias. Cada segundo é docemente aproveitado. Théo de pijama embalando a Nina em seus braços e acariciando o seu rostinho. Uma cena que é o reflexo do amor de um pai por sua filha. Ela é uma bebezinha bochechuda e cabeluda. Ao contrário de mim que nasci quase careca, ela chegou ao mundo com seus cabelos pretinhos e bem espetados. A pulseirinha dourada com o seu nome, ainda está frouxa, escorregando pelo bracinho, enquanto sua mãozinha gordinha está apoiada no peito do pai. Ela descansa no aconchego do colo do Théo toda calminha. Ele a beija na testa e a coloca com cuidado no berço. Ela dorme todas as noites assim com ele. Théo é babão, protetor e participa de tudo. Sempre vamos juntos às consultas dela. Amanhã a nossa Nina passará pela sua segunda cirurgia. É! Ela ficou na porcentagem dos 5%. Nasceu com a abertura no lábio superior e a ponta do nariz mais larguinha. Tem alguns problemas respiratórios. Mas a fissura não se estendeu ao palato. Usamos um equipamento artesanal, feito com elástico que ajuda o seu narizinho a ficar um pouco mais arrebitado. O que me consola é que ao contrário de mim, ela tem acesso a todo o tratamento desde quando descobrimos pela ultrassonografia morfológica que ela, assim como eu, nasceria com a fissura labial.

Quando Théo me disse que tinha o sonho de ser pai, eu deixei claro para ele que eram grandes as chances de que o nosso bebê nascesse com a má formação na face e ele falou:

— Não me importa se o bebê nascer com a fenda, vai ser muito amado por nós dois, sem contar que a medicina evoluiu muito e o tratamento também. Não te preocupe, que daremos todo o suporte que precisar.

No fundo eu também queria muito ser mãe. Então, com o apoio dado por ele, mergulhei nesse universo desconhecido chamado maternidade. Cortei os métodos contraceptivos. E logo descobri que sou bem fértil, depois de algumas semanas vieram os enjoos e uma sonolência que nunca tive. Teste de farmácia comprado. Tensão para ver o resultado instantâneo. Positivo. Exame de sangue para confirmar. Positivo.

Momento de comunicar o futuro papai. Nada de grande alarde. Ele fazia a barba de manhã em frente ao espelho. Encostei meu corpo na porta e falei:

— Amor, estou grávida!

— Ah, tá já vo... O que foi que tu disse?

— Isso mesmo que ouviu; gravidíssima.

Ele que estava com metade do rosto coberto por creme de barbear, largou o barbeador em cima da pia e veio me abraçar e beijar. Fiquei com a cara e a barriga toda marcada com creme branco.

Bah, eu não acredito. É sério que tem um bebezinho aí?

Ele repetiu algumas vezes essa pergunta, com um sorrisão de orelha a orelha.

A Menina do CasuloOnde histórias criam vida. Descubra agora