Capítulo 9

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Isabel


Paul que estava bem sóbrio, me deixou em casa e foi com os outros embora.
Apenas me deito e durmo na mesma hora, tirando apenas os saltos, claro.

Acordo no sábado às 9:00 tomo um banho bem demorado e saio pra ir ao supermercado, vou a pé, até porque não há necessidade de ir de moto tendo um supermercado há dois quarteirões de casa.

Pego algumas misturas para preparar o meu almoço, depois de pagar saio e vou andando pelas calçadas sem pressa alguma, dando uma olhada pelas vitrines das lojas, passo em frente ao grande hotel Radissom.
Quando estou prestes a terminar de passar pela fachada do hotel escuto vindo de cima:

– Bom dia Isabel... – Olho para cima fazendo careta por conta do sol e percebo Pedro numa das varandas com as duas mãos sobre a base da grade baixa, sem camisa, me olhando com um sorriso.

– Ah, que susto Pedro... –  Digo abaixando a cabeça.

– Me desculpe, eu não quis te assustar... – Fala com um meio sorriso. – Você mora por aqui por perto?

– Sim, moro logo ali. E aliás, eu preciso ir. – Digo e saio andando sem esperar o que ele ainda tem a dizer.

– A gente se ver por aí... – Diz quase num grito eu o olho e apenas continuo andando.

Sei que ele ainda está me observando e com certeza vai descobrir onde eu moro. Droga! De onde ele está da diretamente para a frente da minha casa.
Pego as chaves mesmo assim, abro a porta e entro sem nem me dar o trabalho de olhar para trás, fechando a porta logo em seguida.

Não vou me fazer de doida e ter algum tipo de aproximamento com Pedro. Errar uma vez é tolerável, mas persistir no mesmo erro é burrice.

Depois de reflexões comigo mesma decido assistir uma série. Estou assistindo um segundo episódio quando o celular toca e vejo que é Luan.
Droga! Ele não desiste fácil.

– Oi Isa, onde você está?Diz assim que atendo sem nem antes dá um "Oi".

Estou em casa. – Falo percebendo que Luan está muito estranho e pergunto: – Ta tudo bem Luan? Aconteceu alguma coisa?

– Não. É só que eu ia passar aí pra te ver e resolvi ligar primeiro. É... Você falou com o Paul hoje?

– Não... ainda não falei com ele, mas porque?

– Beleza. Chego aí em meia hora...

Luan estava bem estranho, deve realmente ter acontecido alguma coisa e ele não quer me contar, vou ligar pro Paul.
Liguei e deu caixa postal nos seus dois números, com isso deixei recado, ficando ainda mais desconfiada. É quando ouço freadas de pneus e logo em seguida a campainha ser tocada. Deixo o celular em cima do balcão e vou abrir a porta. Quando abro percebo que Luan está ainda mais estranho e por cima, meio nervoso.

– Oi Isa. – Fala passando a mão no cabelo impaciente.

– Oi... Você veio bem rápido, tá mesmo tudo bem?

– Tá, tá sim... É, você pode me acompanhar até a sorveteria?

– Tá, tudo bem, deixa só eu pegar minhas chaves.


Fomos caminhando até a sorveteria, já que era logo na esquina.
Tentei tirar ao máximo de Luan alguma coisa que explicasse o por quê de ele está tão diferente e nervoso, mas não consegui nada. Por fim ele me acompanha até em casa e logo em seguida vai embora.

Quando eu chego a primeira coisa que faço é pegar o telefone para tentar ligar novamente para Paul, ainda queria desvendar todo esse mistério. E percebo que há várias chamadas perdidas dele.


– Oi Isa, tá tudo bem? – Diz com um tom de urgência na voz.

– Oi, tá tudo bem sim Paul, mas e com você? – Falo já ansiosa por explicações.

Está tudo bem também, vi suas mensagens e fiquei preocupado, você queria falar comigo urgente e...

– É que Luan veio aqui todo estranho e parecia preocupado em eu ter falado com você e pensei que tinha acontecido alguma coisa, me desculpa te assustar assim. – Digo aliviada por tudo está em ordem.

– Luan esteve aí? – Pergunta meio surpreso.

– Sim, ele acabou de sair, a gente foi na sorveteria e...

– Ah, e ele te contou?Pergunta cortando minha fala.

– Me contou, me contou o que? – Perguntei sem entender.

– Vixe, ele não lhe contou a verdade não é, ainda falei pra ele.

– O que ele tem pra me contar?

– Eu peguei ele hoje cedo saindo do quarto de Talita e ele me prometeu que ia te contar. – Fico calada e ele continua. – Pra não ficar chato ele lance de vocês sabe, caso você esteja pensando em ter algo mais sério com ele...

– Ta tudo bem Paul, não se preocupa, a gente não tinha nem começado nada, estávamos apenas saindo mesmo, mas...

– Olha daqui a pouco te ligo, ele acabou de chegar aqui...


Paul desliga, mas ainda fico com o telefone na orelha imóvel, meio que sem reação para tirá-lo. Até que saio do transe e me sento no sofá pensativa.
É realmente não se pode confiar em ninguém, mesmo que eu não estivesse afim dele ou algo do tipo, ele nem sequer pensou se eu poderia estar sentindo algo ou não.
Tá aí mais uma razão para escolher muito bem minhas companhias.
Droga! Não me sinto traída, até porque a gente não tinha nada, mas me sinto com uma atenção de que fui.
Acho que deve ser um certo tipo de desapontamento com a pessoa por ainda ter a cara de pau de vim aqui como se nada tivesse acontecido. Só agora fui entender o tamanho do medo que ele estava sentindo quando perguntou se eu havia falado com Paul.
O que? Ele achou que eu nunca iria saber? Que Paul não iria me com contar? Que burro!
Ele passa a noite toda me rodeando e no fim quando vê que não dei bola pra ele, ele resolve pegar a Talita.
Bom pra ele, que faça bom aproveito.

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Será que dá pra gente voltar no tempo?Onde histórias criam vida. Descubra agora