Será que dá pra gente voltar no tempo?

Capítulo 13

Pedro

Permaneço no mesmo lugar por um longo tempo, pensativo como costumo estar desde quando reencontrei Isabel novamente. Droga!
Será que devo seguir à risca e tentar algo com ela?
Mas depois do que ela me disse hoje tá na cara que ela não tem esse mesmo pensamento por mim.
Ela me disse com todas as letras que sentiu medo de mim... Porra Isabel!
Sinto tanto por ter sido tão otário com você no passado... Eu sinto muito...

As vezes dá uma enorme vontade de voltar no tempo e quem sabe, apagar tudo aquilo que a fiz de ruim, ou simplesmente não a conhecer, para não a ter feito passar por tanta vergonha.
Me lembro claramente do dia em que estava em frente ao ginásio com meus "amigos" esperando Isabel chegar.
Tinha mandado uma mensagem para ela me encontrar lá depois de sair da escola.
Eles estavam ansiosos por sua chegada, já eu me sentia um egoísta por ter que fazer aquilo para provar quem realmente mandava, quem era o rei dos corações partidos.
Estava torcendo pra ela não aparecer, ou mandar um SMS dizendo que não iria poder ir, mas infelizmente ela apareceu.
Veio se encaminhando a mim com passos firmes e com um sorriso bobo no rosto, o sorriso que não a deixará desde que "começamos a namorar".
Se aproximou e me deu um beijo, logo a reeprendi com um ato de empurra-la.
Nesse mesmo instante, todos a nossa volta começaram a pronunciar coisas relacionadas a falso namoro ou fazer questão de evidenciar a bendita aposta.
Ela me olhava já com lágrimas nos olhos tentando entender e ainda mais, querendo me ouvir dizer que tudo aquilo era mentira. Mas eu simplesmente como um covarde comecei a repetir o que os outros estavam dizendo, mesmo que no fundo eu estivesse pior do que ela, eu estava perdidamente apaixonado por Isabel, mas não fui capaz o suficiente de dizer a verdade a todos e continuei com o plano.
Droga!
Não imaginária que iria me arrepender amargamente de tudo aquilo.
Todos a olhavam, ela tinha caído de joelhos no chão com as duas mãos no rosto, tentando tampar toda aquela humilhação e vergonha que estava sentindo.
Senti tanta vontade de pegá-la dali e levá-la para longe, mas não fiz...
Preferi viver com a culpa todos esses anos.
Acredito que ela nunca teria coragem de se levantar por conta própria dali, somente quando duas de suas amigas apareceram, elas a levaram dali como num passe de mágica.
Todos olhavam para mim sorrindo e me dando as graças, me chamando de "o cara" e eu me sentia o astro de toda a cidade.
Mal sabia eu que teria um grande preço a pagar por aquilo.

***

Acabo indo pra cama e dormindo, depois de ter passado praticamente a noite toda em claro, o sono veio de imediato.

Acordo por volta das 13:00, sendo despertado por um sonho, horrível por sinal.
O pesadelo se designava por mim andando por uma floresta escura e escutando a voz de Isabel desesperadamente pedir ajuda, gritando por socorro. Céus.

Vejo que Mateus ainda não chegou, pois saiu cedo pra resolver algumas coisas do trabalho e como Isabel estava aqui ele foi sozinho.
Tomo um banho e decido descer pro almoço, quando estou prestes a chegar na porta sou surpreendido com alguém batendo levemente nela.

– Bom dia senhor, se incomodaria se eu fizesse a limpeza do seu apartamento? – Pergunta uma camareira do hotel assim que abro a porta.

– Ah claro que não, estou descendo pro almoço mesmo... – Digo liberando a passagem pra ela.

– Certo senhor.

– Obrigada senhorita. – Digo a vendo entrar com um carrinho de limpeza.

Me dirijo ao elevador no mesmo tempo em que a porta do mesmo é aberta e Mateus se encontra dentro.

– Ah, você está de saída? – Pergunta.

– Descendo pro almoço, você já almoçou?

– Ainda não, e ia justamente subir pra te chamar... – Fala sorrindo.

Aviso sobre a camareira e logo nós estamos adentrando o restaurante que por sinal está lotado.
Mateus logo inicia sua lista de perguntas sobre como tinha procedido com Isabel, o que sem demora logo abri o jogo sobre tudo, inclusive sobre o passado...
Não aguentava mais guardar tanta coisa só pra mim, estava a ponto de explodir, mas Mateus sempre como um irmão prometeu me dar uma força com tudo aquilo.

Depois de conversar também sobre os projetos da construção, nós estávamos almoçando quando um garçom se encaminha até nossa mesa e me entrega um guardanapo com um nome, um número de telefone e pelo que parece também um número de quarto escrito nele.
Fico analisando e o garçom só explica que uma moça mandou entregar a mim.
Agradeço à ele que logo se retira.
Mateus e eu trocamos olhares confusos e por hora deixo o guardanapo escrito sob a mesa.

De volta ao quarto do hotel, lembro do bilhete que havia colocado dentro do meu bolso assim que sai do restaurante.
Pego o papel o rasgando-o em pedacinhos, o jogo no lixo. Se quero realmente reconquistar Isabel não devo me entregar facilmente à aventuras passageiras.

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