Capítulo 14

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Isabel

Chego em casa bastante pensativa.
Esperava por melhores circunstâncias quando finalmente reencontra-se Pedro algum dia, porque eu sempre soube que poderia passar anos, ou sei lá, uma década, eu o veria novamente, e prometi a mim mesma que daria a volta por cima. Mas olha como o reencontrei, com ele me salvando drogada, ou sei lá o quê, nas mãos de um desconhecido totalmente vulnerável... Droga!

Decidi não pensar mais nisso, aliás, não devo nada a Pedro, ele sim me deve. Me deve uma vida tranquila desde quando aquilo tudo aconteceu, porque a partir daquele momento em que minhas duas amigas me levantaram daquele chão totalmente sufocada por lágrimas, eu nunca mais fui confiante o bastante pra me envolver com alguém, sempre com um pé atrás sobre tudo e todos.

Tomo um banho consideravelmente demorado, queria tirar todo os pensamentos e pesos que haviam sobre mim, como se fosse possível...

Fico imaginando o que fazer quando resolvo ligar pra Ana, talvez ela esteja livre pra gente sair, ou sei lá, bater um papo...

Oi amiga... – Diz na maior empolgação assim que atende.

– Oi Ana... – Digo não tão animada assim.

– Oh amiga, Tá tudo bem? – Pergunta já percebendo tudo. – Que voizinha é essa?

Ah amiga, é que... Aconteceu umas coisas aí e tô meia pensativa...Só isso. – Digo não disfarçando tão bem quanto queria.

– Certo, e... Você quer conversar sobre isso? – Pergunta me fazendo ter vontade de contar tudo pra ela, mas há certas coisas que precisamos manter em segredo.

– É... A gente pode sair? – Pergunto me desviando de sua pergunta. – Você está ocupada ou algo do tipo?

– Não, não estou ocupada... Vamos pra algum lugar específico?

– Não... Não tenho nenhum em mente ainda, mas...

– Certo, então vou te levar em um lugar surpresa... – Me corta antes de eu citar algum.

– Tá bom... E Paula está por aí?

– Está sim, Paula agora é só love, Mateus está aqui também...

– Ah... Muito bom, eles são tão fofos...

São mesmo... Em então você me aguarda um pouquinho que já chego aí...

– Ta bom Ana, espero. Beijos...

– Beijos...

Fico esperando Ana chegar, já imaginando o lugar que ela falou, espero que me distraía e que por pelo menos algumas horas eu não pense tantas coisas assim.
Logo ela chega businando lá fora. Me encaminho para o carro e em segundo estamos estrada a fora.

Estava o caminho todo me perguntando onde tantas estradas e curvas iriam dar, até que Ana dobrou numa trilha e poucos minutos depois estávamos entrando numa espécie de resort tão lindo que fiquei com medo de Ana parar o carro e eu ter fantasiado tudo aquilo.

Espero enquanto Ana entrega uma carteirinha confirmando ser sócia do lugar para um dos seguranças que ficam na entrada do resort logo após o estacionamento.
Passamos pela entrada e no caminho até o toalete Ana me explica que descobriu esse lugar há alguns dias na verdade, quando um amigo da empresa em que ela trabalha a convidou para vim.
Ela me conta sobre ele com um brilho no olhar que me faz desconfiar que tem mais do que apenas amizade nisso aí, e logo revela seu nome, Augusto.
Ele deve ser uma ótima pessoa, pois em todo esse tempo que conheço Ana, ela nunca foi de falar sobre homens e nem de aceitar sair com eles assim, logo pra esse lugar, pois em outras circunstâncias eu acharia que estivesse sendo sequestrada.

Quando vou dizer à ela que por sua culpa não trouxe biquíni, ela aparece com algumas peças nas mãos, também me diz que se ela estivesse falado para trazer, iria acabar com a surpresa, o que foi uma verdade.
Uma vez deitadas nas espreguiçadeiras pegando um bronzeado, Ana me chama pra irmos à quintanda fazer um PF, pois era quase duas horas e nós ainda não tínhamos almoçado.

Aproveitamos a tarde toda, aquele lugar que sinceramente era de tirar o fôlego. Não havia tantas pessoas no lugar, acredito que se parasse pra contar sairia na base de umas trinta, talvez, sem imaginar se haveria pessoas nos bangalôs tirando uma soneca em meio à natureza.

Ana me desperta mais uma vez de minha espreguiçadeira, dessa vez para subirmos uma trilha, quando pude perceber uma coisa bem mais interessante ao chegar ao topo...
Haviam dois caminhos, um que levava para uma cachoeira, que Ana logo me explica ser um pouco longe, e outro que levava à:
Tirolesa!
Nossa, que lugar incrível...

Quando chega nossa vez de ir na tirolesa, Ana protesta bastante em ir por conta de seu medo, mas logo reforço a ideia de que ela mesma me mostrou e agora não podia dar pra trás, uma vez que eu nem saberia onde aquela trilha em que algumas pessoas iam e vinham ia dar, mas confesso que estava bem curiosa.

Consigo fazer com que Ana vá, claro, usando meu alto poder de persuasão.
Ela chega ao ponto final sorrindo maravilhada pela sensação desafiadora que é percorrer o caminho por cima de um belo vale.

***

Ana para o carro em frente minha casa e agradeço muito à ela pela maravilhosa tarde, já recebendo dela promessas de voltar lá novamente logo logo.

Tomo um banho e me jogo na minha cama quentinha, sentindo um pouco de cansaço por toda a euforia que foi a tarde.

***

Acordo com meu celular tocando e vejo que é o Luan, às 20:30.
Sério isso?
Decido não atender, já que ele teve a cara de pau de aparecer aqui depois de tudo que fez. E já basta um erro pra mim não confiar mais nas pessoas, aprendi isso da maneira mais difícil que pude, talvez se ele estivesse falado pra mim tudo que tinha realmente acontecido, eu não sentiria tanta repulsa de sua cara e até de sua voz, mas em casos contrários como esse, eu apenas ignoro mesmo.

Ele passa a ligar constantemente, até que preciso de atitudes mais drásticas como, bloquear o número dele...

Me levanto ainda meio sonolenta para pegar um copo de água na cozinha.
O tempo estava frio e com trovoadas indicando uma grande tempestade pela frente.

Quando estou prestes a deixar a cozinha para tentar dormir novamente, escuto a campainha tocar.
Ah sério?
Quem vai aparecer na casa dos outros com esse tempo prestes a desabar numa chuva?

– Pedro?

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Será que dá pra gente voltar no tempo?Onde histórias criam vida. Descubra agora