Capítulo 28

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Pedro


Estávamos bem acima do local descrito por um dos desgraçados que a manteve presa.
Inacreditável que Isa tenha pulado dali, comecei a achar que tudo que aquele ordinário havia falado era mentira.
Os bombeiros encarregados de fazer a vistoria em toda a extensão da correnteza a partir daquele ponto, já estavam a horas lá embaixo, a procura do quê, do corpo dela?

Já estava escurecendo, e eu só ficava mais agoniado, já havia questionado pra o comandante da operação mandar homens para as margens, pois como o próprio comandante havia falado, ele acreditava que ela poderia ter sobrevivido a queda.
Havia centenas de pedras lá embaixo, ela poderia ter batido em uma, mais também havia uma distância boa entre elas. A chance de ela ter sobrevivido era muitas.
E eu só queria acreditar que ela tinha sobrevivido de qualquer forma, ela estava viva e eu sabia disso...

Após mais alguns minutos o comandante dá novas ordens, amanhã cedinho todos reunidos no mesmo local.
Por mim, não haveria tempo de espera, Isa não podia esperar...

Eles haviam formado uma base próximo ao riacho, todos nós nos acolhemos em tendas.
Recebi um saco de dormir do comandante e em pouco tempo estava deitado nele.
Não conseguia nem pregar o olho, tudo que via era Isa a minha frente.
A chácara era bem longe daqui, ela havia corrido tanto, ela não iria colocar tudo a perder morrendo, ela não poderia abandonar todos dessa forma, abandonar a mim...

– Pedro... Estou aqui...

– Isa...

Estava na mata, o eco de sua voz me fazia correr a milhares de voltas, ela estava me chamando tão perto, eu só preciso encontrá-la, mas é tão difícil...

– Pedro, me ajuda, estou aqui...

***

Levanto em um pulo, o pesadelo que estava a noites tendo, me desperta.
Vejo que são 4:30 da madrugada.
Sigo para a beira do riacho, um enorme frio me ataca, Derrepente ouço atrás de mim:

– Também não dormiu? – Viro e vejo um dos bombeiros.

– Eu até tentei, mas não deu certo... – Digo voltando a olhar o riacho.

– Ah, sou Felipe, o chefe dos bombeiros. – Diz.

– Pedro. – Digo apenas.

– Em uma hora todos estarão a procura dela novamente Pedro, vamos encontrá-la... – Diz chegando mais perto.

– Vocês nunca vão encontrá-la onde estão procurando... – Faço uma pausa e vejo a expressão de dúvida dele. – Isa é esperta, a garota mais fantástica que já conheci, ela não ficaria próxima ao riacho, ela iria tentar uma opção pela mata...

– Mais, estamos pensando pela hipótese mais clara Pedro...

– Que hipótese, a de que ela está morta? – O olho. – Isso é impossível, Isa não está morta e eu sinto isso... – Desvio o olhar dele e volto a olhar o riacho.
Mais ou menos uns cinco minutos depois ele fala:

– Me desculpe, vou iniciar as buscas pela mata, você está certo...

Dizendo isso, ele se afasta e se direciona a sua tenda, minutos depois ele volta, já trajando seu uniforme completo às 5:15.

– Aqui Pedro, você será o meu segundo encarregado da missão. – Diz me entregando botas, coletes e uma mochila. – Preciso de mais um líder nessa imensidão... – Diz apontando para a mata.

– Obrigado. – Digo pegando os itens que ele me entrega.

Sigo até a tenda, enrolo novamente o saco de dormir e o coloco na mochila.
Coloco os itens que ele me entregou e sigo para fora, onde a maioria dos homens já está de pé.
Com mais alguns minutos, após ser servido café com algumas rosquinhas e outras coisas para todos, o comandante começa:

Será que dá pra gente voltar no tempo?Onde histórias criam vida. Descubra agora