Capítulo 4

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Isabel

– Pedro? – Digo meia incrédula ao ver que poderiam existir tantos Pedros e que eu realmente estivesse esperando que fossem os outros milhões do mundo.

– Tá tudo bem com você? – ele pergunta.

– É, tá sim. – Digo olhando nos seus olhos, os olhos de quem um dia eu fui tão apaixonada.

– Am... Legal... – Fala como se tivesse esquecido de como se conversar. – É bom te ver de novo... – Diz me convidando pra um aperto de mão.

– Foi bom te ver também...– Digo levando minha mão até a dele estendida.
Sinto sua mão quente na minha que estava tão nervosa que as pontas dos dedos estavam frias.
Acho que ele nem notou, pois ele nunca notava o que os outros realmente sentiam.

Nossa, parece que depois de tanto tempo ele não mudou nada, continua o mesmo de sempre e com certeza com o coração inabalável...
Fico bem pensativa depois disso e rezo pra acabar logo o almoço e eu ir pra minha casa e nunca mais vê esse cara que um dia me deixou tão mal, sei que faz alguns anos, mas sinto vergonha por mim mesmo por ter sentido tudo aquilo por ele como se só houvesse ele no mundo pra amar. E o pior é que ele sabia de tudo isso.

Depois de ajudar as meninas no almoço e arrumarmos a mesa, nos sentamos para almoçar. Todos se sentam e por ironia do destino ele se senta na cadeira à minha frente. Universo só pode está de brincadeira.

– Meninos aceitam vinho? – Pergunta Paula se levantando e pegando o vinho junto com as taças.

– Ah Claro senhorita! – Diz Mateus. – Pedro? – Pergunta olhando pro mesmo.

– Ah sim, claro. – Responde meio pensativo.

Paula coloca as taças pra cada um de nós e coloca um pouco de vinho nelas.

– Pedro também é engenheiro? – Pergunta Paula se sentando novamente e olhando pra ele.

– Sim sim, mas tô ultimamente mais focado em design, estou, vamos dizer, redescobrindo minha vocação. – Diz com um sorrisinho que mostra que claramente ele já sabe que sou formada em design e quer me provocar.

– Olha só, todos em família... Isa é formada em design. – Fala me olhando, como se passasse a vez da fala para mim.

– Verdade? Então já sei com quem pegar algumas dicas... – Pedro fala e me encara com um sorriso de canto, o bendito sorriso que me encantava e me fazia ter sonhos fantasiados demais.

Sorrio meio forçada ao comentário dele, só de pensar em ter contato com ele sobre qualquer assunto me deixa meio desorientada.

– É, trabalho atualmente nesse ramo. – Fui curta e queria encerrar o assunto quando ele pergunta.

– Fez faculdade aqui mesmo?

– Não, em Florianópolis mesmo.

– Ah nossa, cidade grande... Não vi você durante esse tempo.

– É, bem grande...

– E vocês se conheceram onde? – Pergunta Ana.

Não queria ir a fundo e voltar ao passado, nunca nem imaginei que estaria de cara novamente com ele, só queria que tudo acabasse logo e pronto. Também não queria dizer que nos conhecemos numa boate.

– No colégio. – Falei bem rápido quando ele já ia abrir a boca pra falar.

Ele me olhou meio sem entender, mas confirmou com a cabeça a minha resposta.

Eu tinha apenas 16 anos quando minhas colegas de turma começaram a me provocar pra sair com elas, eu era aquela garota da sala meio nerd, que não saía, só da escola pra casa e virce-versa, minha mãe nunca teve trabalho comigo, sempre achou bom o jeito que eu era. Tinha poucos amigos e nunca dava preocupação a ninguém.

Naquela noite eu resolvi sair com elas,  dei a desculpa de ir dormir na casa de uma amiga. Minha mãe claro, deixou de primeira, essa era a parte boa de nunca dar trabalho.
Fomos a uma boate e foi lá que tudo começou, ele junto com seu grupo de amigos jogando papinho pras meninas e no fim foi tão rápido eu está beijando ele que nem sei como ele acabou me querendo com as outras tão bonitas e tudo.
Começamos um tipo de namoro que no fim descobri que era apenas uma aposta.

– Ah, eu adorei sua moto, vi ela lá fora, é muito bonita. – Saio dos devaneios quando ouço Pedro comentar pra tirar o foco do outro assunto.

– Obrigado. – Digo sem olhar para ele.

Enfim, outros assuntos que não me envolvessem começaram a surgir o que me deixou mais confortável, tirando os olhares que eu não conseguia decifrar vindos de Pedro. Risadas e tudo mais ecoavam na cozinha até terminarmos sentados no grande sofá da sala. E com isso algum tempo depois Mateus se levantou e falou:

– Gente foi muito bom reencontrar vocês, a gente vai nessa, ainda temos que passar na casa do chefe pra combinar coisas pra semana, mas a gente se fala pra combinar uma saída pode ser?

– A gente também adorou ver vocês. Pode deixar que vamos agendar aí um dia desses pra sairmos. – Diz Ana.

– Certo, adorei o almoço, também adorei conhecê-la Isabel. – Mateus diz enquanto abraça cada uma de nós.

– Então é isso, adorei conhecer vocês, foi muito bom. – Pedro fala dando um abraço nas meninas e se aproxima de mim.

– Tchau Isa, foi bom vê-la novamente. – Fala me dando um abraço também meio desajeitado, o que duvido muito ser verdadeiro.

Apenas dou um tchau e fico bem melhor quando ele sai pela porta, embora fico me perguntando que intimidade eu dei pro Pedro me chamar de "Isa".
As meninas começam um processo de limpeza na cozinha e logo me junto a elas pra ajudar. Nenhuma delas toca no nome do Pedro, o que me tranquiliza, mas conhecendo elas do jeito que conheço, não engoliram o fato de eu não me abrir e falar se Pedro realmente foi algo importante pra mim no passado.


Quando terminamos me despeço delas e sigo pra casa, olhando pro céu não preciso ser adivinha pra saber que irá cair uma chuvinha pela frente.

Por pouco chego a tempo de não tomar um banho de chuva no caminho.
Coloco as chaves em cima da mesinha próximo à porta e me dirijo à geladeira sabendo muito bem o que pegar.

Bebendo uma taça de vinho calmamente fico relembrando os fatos do dia, ainda não acreditando no fato de que realmente era Pedro.
O que será que ele pensou quando me viu? A iludida que caiu no seu papinho galanteador e que um dia se derreteu todinha por ele? Mas que ele magoou sem medo por que ela não somava em nada em sua vida?
Tantos pensamentos. Droga!


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