Com o tempo, já se passou.
Não muitas novidades sob o sol,
os amores são pouco porosos, a água
é um tanto morna, o sabor, insípido.
Com o tempo não se pesa. Se está livre
para religar-se com outros mundos
mesmo sendo a poesia cabeça nas nuvens.
Com o tempo a beleza, o que é puro e verdadeiro
enfim se salva.
Com o tempo, aqui ou em Bombaim
é quase o mesmo, a alacridade se
arrefece. O delírio e a febre da juventude
que tanto se consumiam se gastam.
E fica você. Fica você mais pleno, mais calmo,
menos dependente de coisa externa.
E se assume bravamente e aceita, enfim,
a solidão inexorável e natural do ser,
mesmo junto aos outros,
sob as estações do calendário, a chuva, ou o mesmo sol.
Com o tempo as possibilidades são finitas,
mensuráveis, quase palpáveis. Os objetos, as casas,
os corpos, as coisas têm contornos de onde não se passa.