As águas passam, passarão
Na cisterna à sombra,
Sob as pontes, as janelas,
Nas faces, nos braceletes todos.
Em tecnicolor, em plasma,
Plugues, tomadas, fios,
Toda saudade é vã e toda melancolia.
Mas passarão.
Meu canto, meu fonema,
Os amigos tidos, ocultos ou desvelados,
Apertos de mãos, abraços, despedidas,
Malas em estação rodoviária de chegadas,
Os obtusos ângulos, a visão
Torta, refratada, escondida por detrás
Dos óculos. A ardência dos olhos fatigados
E tantas outras frestas semiabertas,
À meia-luz,
Passam como passa tudo
Na grandeza do mundo de poeira humana
Ou asfalto, o mundo que amo simplesmente
E que tudo acolhe, e, por fim,
Encolhe, como casca de nós(z).