Brilho Fugidio

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Como me encontrarás,

vestido em que traje?


Querereis me ver belo,

feio? O que isso significa?


Meus membros sãos rotos a palmilharem

um vazio de coisas,

minhas pernas estão soltas

a andarem por uma rua à noite

eterna sem sentido.


Eu serei ainda,

ou uma outra coisa que pensa

através de meus nervos?


Sinto-os já se enfraquecerem,

sinto a neblina se cerrar

e sou eu apenas sensações que

me restaram

sem formular conceito ao que é

é ilógico: viver.


Serei uma espécie de espantalho,

um bizarro homem com seu guarda-chuva

que caminha na rua isolada

na chuva

e cujo clamor, e cujo chamado neste verão

ninguém atende.


Serei eu uma coisa a mais,

um bicho de chifres ou listras,

devolvido à minha natural inconsciência

e animalidade,

às coisas efêmeras de que é feito

todo esse cenário --- a vida?


Uma placa despenca e não responde

ao grito último que lanço

de dentro de minha própria extinção

e de minha solidão de ser.

Comungo enfim, por trás das telas

prostituídas de plasma

com todos os bastardos, órfãos homens.

Improvável AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora