Capítulo 12

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Aguardei por Flávia na recepção do hotel – um pequeno saguão empoeirado decorado com extremo mau gosto como todo o restante. Assim que ela entrou, a primeira coisa que notei foram as sandálias que usava, as quase deixavam seus pés quase todos à mostra.

Eu, que aguardava sentado em uma poltrona velha, fiquei imediatamente de pé e sorri. Ela, por sua vez, me lançou um olhar interrogativo.

- É tudo parte da fantasia – eu disse, segurando de leve sua mão.

Conduzi Flávia escadaria acima, trocando olhares com o garoto negro da portaria. O rapaz olhava a cena com curiosidade – certamente, Flávia havia sido a mulher mais bonita que já vira em sua vida.

- Isto é um buraco, Edu! – ela disse, em voz baixa. – Está me dando medo.

- Por quê? – perguntei, encarando-a. – Achei que ia gostar. Não te faz lembrar seu antigo caso com o segurança daquele hotel?

- Era diferente.

- Diferente como? – perguntei, enfiando a chave na porta com o número 7.

- Bem – ela levou o dedo indicador à boca, pensando – na verdade, no caso dele, era eu quem o tirava do mundo pobre em que ele vivia e o trazia para a realidade do meu mundo. Normalmente, eu pagava as despesas do motel, e não ficava barato.

Ela sorriu e eu retribuí. Fechei a porta atrás e nós, parando diante de Flávia, encarando-a diretamente nos olhos.

- Hoje, vamos fazer algo diferente – eu disse. – De algum modo, posso dizer é que é uma brincadeira psicanalítica.

Ela me lançou um olhar inquisidor. Aproximou-se da cama e tocou o lençol com a ponta dos dedos.

- Isto tem pulga? – perguntou.

- Não se preocupe, cuidei para arrumar um quarto bem limpo – eu disse.

Toquei seu braço branco com delicadeza, descendo a mão até que meus dedos entrelaçassem os dela.

- Hoje, Flávia, vou fazer uma experiência contigo. Mas não se preocupe, te fará bem. Juro – eu disse. – Hoje, você experimentará entrar no mundo da caça, deixando o papel de caçadora de lado.

- Isso me parece excitante – ela disse, colocando a mão dentro de minha calça.

- Prometo que será – falei, beijando seus lábios. – Irá adorar ser a presa, ao invés da predadora. Faremos que conta que somos fugitivos... estamos sendo perseguidos pela polícia... algo do gênero. Este hotel, ou esta espelunca, foi o único lugar que aceitou nos recolher. Consegue sentir o tesão que a adrenalina causa?

Nos tocávamos com fúria, enquanto nos livrávamos das roupas. Jogamos nossos corpos sobre a cama e, inicialmente, deixei Flávia conduzir o ato. Sobre mim, ela se contorcia como um animal, e transpirava como um também.

- O que foi? Algum problema? – ela me perguntou, extasiada.

Não respondi. Mas havia algo errado. Eu não conseguia chegar ao clímax. Perguntei-me o que estaria havendo? Minutos antes, só pensar no corpo nu de Flávia me fazia ter orgasmo. Porém, naquele momento eu estava com ela, e nada acontecia.

Soltando o corpo ao meu lado, Flávia caiu sobre o lençol, exausta. Virou o rosto, me encarando. Sua boca tinha o desenho de um sorriso.

- Acho que adorei sua fantasia, doutor – disse ela. – E você? Não teme mais perder a licença por transar com uma paciente?

O MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora