Angela, popularmente conhecida como Detetive Becker, girava em sua cadeira de rodinhas olhando para o teto da base policial em que estava. Parou mais uma vez e avaliou, cansativamente, cada um dos depoimentos prestados pelos jovens que estavam com a vítima no seu último dia de vida. Ela tentava ligar pontos ou, quem sabe, achar algo que deixou passar despercebido.
Becker se sentia inútil. Digo, como ela não conseguia resolver um simples assassinato quando já havia resolvido tantas outras coisas?
A detetive já esteve em diversos casos com seriais killers, com terroristas, com diplomatas, com mafiosos e sequestradores, e ela resolveu todos eles. Ela era muito boa no que fazia, e sabia disso, afinal foi justamente por sua eficiência que foi colocada naquele caso. As autoridades precisavam que o crime fosse resolvido de maneira rápida e discreta, por exigência da própria universidade. Então por que, diabos, era tão complicado para ela descobrir um assassino descuidado no meio de um bando de adolescentes?
Cansada de sentir pena de si mesma, a detetive se levantou e puxou o quadro de evidências para frente de sua mesa, onde se escorou e cruzou os braços. Ela olhou cada foto grudada e cada palavra escrita no quadro de vidro. Primeiro olhou a suposta cena do crime, onde o corpo havia sido achado pelos pescadores e não havia nenhuma marca de sapato no chão, depois observou os ângulos do cadáver de Roger e então parou na foto das coisas encontradas no apartamento dele.
Becker sabia que havia acontecido uma festa no dia em que o garoto morreu e, por isso, tinha tantas coisas de tantos desconhecidos em sua casa. Mas algo se acendeu dentro dela: uma ideia, um palpite de investigadora.
— Morgan! — chamou o delegado local, também responsável pelo caso, que apareceu em menos de cinco segundos na porta de sua sala — Preciso de uma viatura, irei fazer uma limpa por conta própria na casa da vítima — ela o informou, fazendo o homem de bigode assentir e pedir pelo carro no rádio preso em sua farda.
(...)
Então lá estava Angela, onde tudo tinha acontecido, com o oficial Morgan ao seu lado.
A mulher levantou a faixa amarela de restrição da polícia para poder entrar no apartamento. Ela prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e colocou luvas, pronta para trabalhar.
Começou investigando a sala. Revirou alguns copos vermelhos de festa enquanto Morgan olhava o carpete e tentava achar algum resquício de líquido, sem ser de bebida alcoólica. Depois ela foi para os quartos, reparou que as camas estavam desarrumadas e até que faltava lençol em uma delas. Nada de importante até então, pelo menos para ela. Nem mesmo as camisinhas gastas e as peças íntimas aleatórias jogadas no chão chamaram sua atenção.
— Como é que o assassino conseguiu levar o Roger até o rio para matá-lo? — ela se perguntou em voz alta, chamando atenção do policial em sua companhia.
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A Cinco Chaves
Mystery / ThrillerCuidado! Esta história não é sobre jovens inocentes. Astride Wilson, Apolo Phillips, Diana Baker, Isadora Campbell e Isaque Cooper tinham tudo para começarem a universidade de seus sonhos com o pé direito, mas tudo vai por água abaixo quando acabam...