— A Juíza Annabeth Jones — um oficial da justiça anunciou, fazendo com que todas as pessoas presentes ficassem de pé.
Uma mulher negra trajando a toga preta padrão entrou no tribunal e sentou no seu devido lugar.
— Podem se sentar — ela disse, pondo seu óculos de grau, e todos a obedeceram — Daremos início ao julgamento da acusada de homicídio do estudante Roger James — ela comunicou ao júri — Pois então, a réu se declara inocente ou culpada? — a juíza dirigiu o seu olhar, assim como todo mundo, à garota que estava sendo julgada.
Astride, que se levantou ao lado do seu defensor público, olhou para trás para os seus amigos sentados na terceira fileira de bancos atrás de si, que compareceram ao tribunal somente por ela. Todos estavam vestidos com roupas pretas, pareciam até terem saído de um funeral. A cacheada, por outro lado, trajava um macacão laranja que era duas vezes maior do que o seu número e tinha seus pulsos algemados.
— Culpada — a menina declarou, fazendo os pais de Roger, que estavam sentados na mesa ao lado, comemorarem com o advogado de acusação.
— Culpada? Então não entendo o que estamos fazendo aqui — a juíza confessou com a testa franzida.
— A minha cliente está certa de sua decisão, Excelência. Contudo, eu gostaria de fazer um apelo — o defensor se pronunciou.
Era um homem também negro. Seu cabelo era curto e, seus olhos, escuros. Era baixo e estava dentro de um terno barato.
— Um apelo? Que tipo de apelo há para uma assassina? Essa garota matou o meu filho! — a mãe de Roger se levantou, irritada, e apontou para Astride que mantinha uma expressão neutra.
— Ordem! Advogado, por favor, contenha sua cliente! — a juíza mandou, impaciente.
— Perdoe-a, Vossa Excelência, o julgamento mexe muito com os sentimentos de revolta e perda por parte da minha cliente — o advogado justificou os atos da mulher loira que estava bastante inquieta em sua cadeira ao lado do marido.
O advogado dos James, por outro lado, era um homem branco. O cabelo castanho alinhado perfeitamente com gel e os seus olhos eram escuros. Tinha um sorriso galanteador e era bastante alto, o que chamava ainda mais atenção para o seu terno caro.
— O júri é todo seu, defensor. — a juíza deixou com que ele falasse.
E o homem fez o seu papel, defendeu Astride.
— Caros senhores e senhoras — ele saiu andando pelo tribunal — Eis ali a minha cliente, uma garota negra de apenas dezoito anos que não teve uma vida fácil. Que morou desde que nasceu em um bairro pobre e violento, onde viu o seu próprio pai ser assassinado quando ainda era uma criança! — ele começou a narrar a vida da Astride como se fosse uma tragédia de Shakespeare — Uma garota que precisou começar a trabalhar muito cedo, ainda no ensino médio, porque sua mãe - vítima de um câncer - estava em cima de uma cama de hospital, impossibilitada de botar comida na mesa da própria casa. — ele fez uma pausa dramática — Estudante de uma escola pública, não tão boa assim, a minha cliente conseguiu ingressar em uma das melhores universidades do país, com uma bolsa de estudos que lhe permitia estudar sem a preocupação de ter que pagar uma fortuna! — ele apontou para a menina — Então, em um certo dia, decidiu ir a uma festa de calouros para esquecer os inúmeros problemas que ainda existiam dentro de sua casa. Bebeu alguma coisa, conversou com algumas pessoas e escutou um pedido de socorro. — o homem olhou diretamente para o júri — O que vocês fariam ao se depararem com uma adolescente bêbada sendo assediada por um garoto sóbrio que sabia o que estava fazendo e não tinha intenção alguma de parar, mesmo com todos os pedidos? O que vocês fariam ao se depararem com uma cena que estava se encaminhando para um estupro? — o homem foi interrompido.
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A Cinco Chaves
Mystery / ThrillerCuidado! Esta história não é sobre jovens inocentes. Astride Wilson, Apolo Phillips, Diana Baker, Isadora Campbell e Isaque Cooper tinham tudo para começarem a universidade de seus sonhos com o pé direito, mas tudo vai por água abaixo quando acabam...