Meu Sopro De Liberdade

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– Nossa você acordou graças a Deus.
– Alessandra
Fui interrompida por ela. Como sempre.

– Seu Paulo tomei um grande susto quando ela desmaiou.

– Desmaiei? – Perguntei entrando na sala ainda confusa.

– Sim, você não deve se lembrar, mas trouxe o que pedi e começou a dizer que não estava bem, então caiu no meu sofá daí te fiz uma massagem para tentar aliviar e quando vi você já estava dormindo.

– Massagem? – Perguntei indignada.

– Bom isso não importa dona Alessandra eu peço desculpas pelo ocorrido com a minha funcionária. Isso não vai acontecer novamente.

– Não? Que pena.

– Perdão senhora Alessandra, o que disse?

– Ah nada, eu pensei alto, não foi problema nenhum isso acontece de passar mal. Deveria ir ver o médico Juca.

– Julia, meu nome é Julia.

– Isso, nossa eu não costumo lembrar bem o nome das empregadas.

– Ah entendi. – Disse eu sem entender patavinas.

Seu Paulo saiu me arrastando de forma que se eu tivesse mesmo passado mal estaria morta. Eu não sabia bem como, mas ela conseguiu enganar ele direitinho. Eu nunca conseguia enganar o Seu Paulo, ele sempre percebia que eu estava mentindo, mas ela além de linda era bem esperta.

– Como você me passa mal dentro da casa de uma cliente?

– Eu não sei a gente não escolhe essas coisas.

– Como foi que aconteceu?

– Então ela tirou minha roupa e depois…

Eu estava em transe então parecia falar qualquer coisa que viesse na mente, e só aquilo me vinha em mente naquele momento.

– O que disse?

– Disse que ela me ajudou a afrouxar a roupa por que estava apertada. Eu não conseguia respirar sabe?

– Entendi, então ela te ajudou e você caiu no sofá dela?

– Não me lembro Seu Paulo.

– Olha veja bem não quero saber de você dentro da casa das clientes faça a entrega na porta e venha embora.

– Sim senhor, peço desculpas pelo que houve.

– Olha, eu te dei esse emprego porque não tenho preconceito com você, mas aqui no condomínio.

– Já sei Seu Paulo, já sei o que vai dizer.

– Ótimo então espero que não volte a acontecer.

No fundo eu sabia que ia acontecer novamente, mas com certeza faria o possível para que não fosse ali na casa dela. Eu estava amando Alessandra e torcia para que ela realmente também estivesse sentindo pelo menos metade do mesmo, naquele dia trabalhei como se nada pudesse me aborrecer, fiz todo o trabalho e no fim do dia nem estava cansada. Seu Paulo saiu mais cedo e pediu para que eu fechasse a loja, no fim do expediente eu estava fechando tudo quando escutei uma voz suave atrás de mim.

– Oi. Parece sozinha, precisa de companhia?

– Alessandra? O que faz aqui?

– Eu moro aqui.

– Nem sabia.

– Como está?

– Bem, e você?

– Seu chefe falou muito?

– Não muito, estou pronta para outra.

– Quer sair comigo hoje à noite?

– Acho que preciso pensar nisso. Sim – Ela sorriu

–  Quem sabe um barzinho?

– Tenho que ir em casa trocar de roupa, não tenho nada aqui.

– Ah não!

– Que foi?

– Você não vai em casa colocar aquelas suas camisa de lenhador.

– Olha aqui, para você que não sabe, estão super na moda.

– Aonde? Na história da chapeuzinho vermelho?

-Certo, entendi a ironia, e quer que eu vá vestida como?

-Que tal se eu produzisse você?

-Oh! Jesus.

-Eu sei o que faço.

-Eu sei

-Toma banho lá em casa e te arrumo umas roupas.

– As suas?

– Não faça perguntas, anda logo fecha a loja e vai lá.

– Está bem.

Pensem em uma pessoa revoltada daquelas que jamais deixaria alguém pensam que pode mudar seu estilo. Pensaram? Essa pessoa sempre fui eu, mas com ela era diferente, eu deixaria ela mudar qualquer coisa em mim. Não por imposição, ou qualquer sentimento abusivo, mas sim porque mesmo com aquele jeito dela, eu conseguia me sentir tão livre como jamais senti-me antes. Alessandra era meu sopro de liberdade.

Pode ser amorOnde histórias criam vida. Descubra agora