– Julia venha cá rápido, precisamos falar.– Oi Sr. Paulo.
– A dona Alessandra deseja falar você, não sei bem o que é, mas apenas reforçando o óbvio, os hóspedes não têm que ter contato com você, principalmente as hóspedes.
– Calma Sr. Paulo. Tudo bem, eu nem sei o que ela está fazendo aqui.
Apesar do Sr. Paulo se dizer um cara não preconceituoso, ele era meio paranoico achava que eu ia “pegar” todas as mulheres do prédio, mal sabia ele que eu não estava pegando nem resfriado. Apesar de eu pensar que ele era um cara bem tranquilo comigo, achava esse pensamento tão preconceituoso quanto qualquer outro.
– Veio fazer o que aqui garota? Já não foi suficiente lá em cima não. E vem cá, como chegou aqui embaixo tão rápido, veio voando.
– Nossa, engraçadona você. Existem mais de um elevador se você não sabe, e além do mais você deveria me agradecer por ter vindo aqui.
– Agradecer? Ah é, por quê? Você vai se matar, ou coisa assim Alessandra?
– Descobriu meu nome.
– Pois é, não gosto de sair por ai chamando os outros de garota sabe?
– Você deixou seu mp3 cair e eu vim te devolver só isso.
– Deixei?
– Se levasse menos tempo me criticando teria visto.
– Como se eu não tivesse um motivo para criticar você. Aliás, um não, tenho mais de um milhão.
– Bom seu mp3 está entregue, não sei quem ainda usa MP3, mas se você faz questão não posso criticar.
– Parece que criticar é algo que você faz muito bem, pena que ninguém perguntou. De qualquer forma, agradeço.
– Olha. Ela sabe agradecer.
– E você sabe ser generosa ao menos uma vez. Temos um milagre duplo.
– Diz isso por que não me conhece.
– Não, digo isso porque o pouco que conheci causou medo já está bom por aí.
– Você me atropelou, esperava que eu te desse um abraço?
– Você falou das minhas roupas, o que isso tem a ver?
– Isso foi bem depois, e eu estava nervosa.
– Então não acha que eu me visto mal?
– Não, só não gosto, mas não posso dizer que é ruim.
– Que bom.
– Eu tenho que ir. A novela já vai começar.
– Assiste novela? Quanta futilidade.
– Qual o problema? Eu não posso julgar sua aparência, mas você pode me achar fútil porque vejo novelas? Bem lógico não?
– Mais eu não disse que você era fútil, apenas não tenho tempo para isso.
– Parece que você está sempre dando um jeito de mostrar que é melhor que os outros.
– O quê? Como assim, mas nem disse nada.
– Nem precisa, e eu estava quase acreditando que você podia ser legal.
– E eu estava quase me importando.
– Poupe-me
– Nos poupe você, eu hein!
Alessandra saiu andando como se fosse a dona do mundo, nunca conheci alguém que eu achasse tão ridícula quando essa menina, e afinal o que você faz quando conhece alguém que não é para você? Bom você faz um papel de trouxa que desmata a Amazônia, ou fica sofrendo em silêncio ouvindo as músicas do Pablo. Ainda esperei ela olhar para trás e quem sabe voltar e falar algo que fosse diferente do que toda aquela grosseria, mas ela não voltou. Dizem por aí que se a pessoa olha para trás enquanto está indo embora é porque pode ser amor, mas também dizem que miojo fica pronto em três minutos, se você mora sozinho sabe que isso não é verdade.
O Fato é que fosse como for, a menina metida, arrogante e apesar de tudo linda não saía da minha cabeça. Depois do longo dia de trabalho fui para casa descansar e num dado momento da madrugada mais precisamente as duas da manhã acordei com ela na cabeça, dali já sabia que ia dar merda. Tudo bem, eu xinguei, mas se você estivesse no meu lugar, admita que diria um palavrão muito mais sinistro.