"Não há nada que possamos fazer
Nascemos para morrer, idiotas"
Geographer - Lover's Game
— Vai comer agora? — perguntei a Albertini assim que entramos.
As luzes da sala estavam apagadas.
O mais certo era que Mineiro estivesse por aí. E, afinal de contas, o que ele faria em casa em uma noite feito aquela?
— Não. Agora não — respondeu Albertini sacudindo o pacote que trouxemos da lanchonete.
Ele se animou tanto comendo lá que achei uma boa ideia comprar mais pra ele comer em casa depois que sentisse fome. Mas, só daquela vez... sei lá, não me parecia muito certo deixar que o moleque comesse porcaria o tempo todo.
Mas, enquanto estivesse ali, ele não teria esse problema. De todos os defeitos que Mineiro tinha, cozinhar não era um deles — para alívio meu. — Afinal, como ele vivera a maior parte da vida sozinho, cozinhar meio que se tornou obrigação.
— Então, guarda lá na geladeira pra não estragar — pedi.
E como é que eu vou fazer? Me perguntei enquanto o via seguir em direção a cozinha.
O ruído sobre os degraus me tirou das minhas reflexões.
Mineiro descia com um cigarro entre os lábios e o celular na mão.
— Foi aonde, caralho? Que eu tava te ligando há uma hora e nada de me responder — ele me disse.
Peguei meu celular no bolso.
— Foi mal. Tá no silencioso — constatei. — Nem me toquei.
— Tá. Foi onde?
— Fui levar o moleque pra comer — expliquei. Albertini veio da cozinha e pediu:
— Posso ver tv?
— Precisa nem pedir — entoou Mineiro com um gesto da mão. Para mim e com a voz mais baixa, ele disse: — vai ficar na responsa do moleque mesmo?
Coçando a cabeça e olhando Albertini sentado no sofá, eu disse:
— É... por enquanto, sim.
Depois de tirá-lo daquele modo da casa da mãe dele, não tinha muito o que fazer além disso.
— Eu vi a mãe dele hoje — comentou Mineiro. — Ela não sabe que ele tá aqui, mas parece que não se importa de qualquer jeito.
— Não quero saber dessa louca. A menos que ela vá dá problema por causa do moleque. Vai?
Mineiro olhou para Albertini e disse, fazendo bico:
— Não. Se duvidar, a vaca tá até aliviada de não ter o menino nas costas.
Eu realmente não queria falar sobre ela.
— Mas era sobre ele mesmo que eu queria falar com você — mudei de assunto. — Pensei que você nem tava aqui.
— O que você quer? — indagou ele, desconfiado.
— Dá uma olhada nele aí hoje — pedi.
Mineiro franziu a testa para mim e disse:
— Tá me tirando, moleque? Tá achando que eu sou babá, é?
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Linhas Estreitas (3ª Temporada)
Misterio / SuspensoFinalmente Gustavo pode se ver livre do tormento que os serviços na prefeitura lhe trouxeram. Especialmente agora que o principal empecilho que o impedia de largar essa vida já não existe mais... pelo menos, é o que ele acredita. Apresentado a uma...