Dia 5

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Fim de jogo! (por laertecjr)

Mais um dia, mais uma chance...

Estou parado aqui nessa rua do subúrbio da cidade há mais de duas horas, infelizmente não tenho o horário preciso, só tenho a data e o período...felizmente passam poucos carros aqui, então o mico de ficar levantando cada vez que um carro aparece no topo da rua só aconteceu umas 30 vezes até agora...fazer o que, é um preço pequeno a se pagar.

A rua é estreita, tem pouco espaço pra manobrar, é por isso que a merda de acidente aconteceu, não, não é por isso, é porque as pessoas são babacas e inconsequentes, e estão pouco se fodendo pros outros.

Está começando a escurecer, será que perdi o timing?

De repente um carro aponta com os faróis ligados no topo da rua e desce a milhão, é ele! Eu reconheceria essa merda de carro a quilômetros de distância.

400 metros...me levanto e ando calmamente até o meio da rua, sobretudo balançando, estou parecendo um pistoleiro do velho oeste, só falta o chapéu de cowboy...ou seja a cena está cada vez mais ridícula.

250 metros..Coloco minha mão por dentro e pego minha arma, uma colt 45 cromada, a coisa que mais amo no mundo. Engatilho, miro, atiro e erro. Treinei a vida inteira pra errar, puta incompetência...

"Respira filho da puta e faz direito"

100 metros, o babaca acelera, e se abaixa. Hora de mudar a tática, atiro nos pneus do lado direito, o carro derrapa e bate de frente com o furgão branco do meu lado, acabou com o carro. Eu sorrio, finalmente alguma coisa deu certo nessa porra de vida.

Caminho calmamente e dou a volta no carro, Mustang 67, mesmo arrebentado, é um carrão...a porta está aberta, o babaca tentou sair mas ficou preso pelo cinto de segurança...achei que fosse mais esperto.

Sirenes, interessante, disso eu não lembrava. Eu sorrio, puxo o babaca pra fora do carro e arrasto ele pro meio da rua a tempo dos policiais assistirem o show.

O cara é durão, a cara tá arrebentada, com certeza quebrou algumas costelas e a perna, mas ainda tentou fugir. Seria cômico se não fosse trágico.

Dois carros de polícia param e descem 3 policiais, se protegem atrás das portas e apontam suas armas pra mim, porra pra mim?

- Eu sou o mocinho aqui! - eu grito. Claro que isso não muda nada, afinal eu estou com o pé no peito do cara, apontando uma colt pra cabeça dele, quem acharia que eu fosse o herói da cena.

Os policiais gritam alguma coisa que eu não entendo e nem me interessa...tá na hora eu dar atenção pra quem merece.

- Oi babaca, você ainda não me conhece, mas você arruinou a minha vida, aliás a nossa vida com essa bosta desse carro.

Ele arregala os olhos sem entender nada, eu abaixo minha cabeça para que ele enxergue melhor e ele me reconhece, a cicatriz no meu nariz entrega tudo, ninguém tem duas cicatrizes iguais no mundo, pelo menos não na mesma época. Achei que não era possível mas ele fica ainda mais surpreso.

- Isso aí otário, eu sou você, bom sou o que você se tornou depois de matar as crianças que estão brincando no outro quarteirão. Você é tão babaca que ia matar 3 crianças e fugir...e daí pra frente nossa vida foi uma merda, eu pensei em me matar, mas na boa...é mais legal matar você e salvar as crianças.

- Eu não fiz nada! - ele choraminga

- Não fez porque eu não deixei.

Sinto meu ombro queimar e cambaleio, o tiro é certeiro mas, felizmente os outros tiros erram e o babaca não se mexe. Eu atiro de volta, errando de propósito e eles se escondem.

Antologia 1 - JunhoOnde histórias criam vida. Descubra agora